centenas de vezes, e enquanto eu estava dando um discurso bem ensaiado, eu quis
dizer cada palavra. Eu pensei em Scott, Marcie, milhares de nephilins que eu nunca
conheci, mas ainda me importava porque eu sabia que eles eram bons homens e
mulheres que não mereciam ser escravizados por anjos caídos todo ano. Eles mereciam
uma luta justa. E eu ia fazer o meu melhor para dar a eles uma.
Eu estava errada antes – vergonhosamente errada. Eu tinha evitado lutar pelos
nephilins por medo dos arcanjos. Ainda mais condenável, eu tinha usado a guerra
como desculpa para tomar mais devilcraft. Todo esse tempo eu tinha estado mais
preocupada comigo mesma do que com as pessoas que eu tinha sido encarregada de
liderar. Isso terminava agora. Hank tinha confiado a mim seu cargo, mas eu não estava
fazendo isso por ele. Eu estava fazendo isso porque era a coisa moral a se fazer.
- “Eu acho que Nora tem um ponto forte,” Lisa Martin falou. “Não há nada mais sem
inspiração do que a liderança se propagar. Talvez o Mão Negra estava certo sobre ela.”
Deu de ombros. “Talvez tenha cometido um erro. Vamos resolver o problema com
nossas próprias mãos e acabar com isso de uma vez por todas. Então nós podemos ir
para a guerra contra nossos inimigos, unidos atrás de um líder forte.”
Eu dei a ela um aceno de apreciação. Se eu tinha ela do meu lado, os outros
teriam que entrar na fila.
- “Eu concordo,” um nephil falou do outro lado da sala.
- “Eu também.”
Mais ratificações zubiam através da sala de jantar.
- “Todos a favor, só para saber,” disse Lisa.
Um por um, mãos disparam. Patch prendeu seus olhos com os meus, então
levantou seu braço. Eu sabia que matava ele por ter que fazer isso, mas nós estávamos
sem alternativas. Se Dante me tirasse do poder, eu morreria. Minha única chance era
lutar, e tentar o meu melhor para ganhar.
- “Nós temos uma maioria,” Lisa disse. “O duelo será realizado ao nascer do sol de
amanhã, segunda-feira. Eu vou mandar a informação com o local, assim que for
determinado.”
- “Dois dias,” Patch imediatamente interveio, falando na voz de Scott. “Nora nunca
disparou um revólver antes. Ela vai precisar de tempo para treinar.”
Eu também precisava dar tempo a Pepper de retornar do Céu com sua adaga
encantada, esperançosamente fazendo do duelo uma questão discutível.
Lisa sacudiu a cabeça. “Muito tempo. Anjos caídos podem vir até nós qualquer
dia agora. Nós não temos ideia por que eles tem esperado, mas nossa sorte não pode
durar.”
- “E eu nunca disse nada sobre revolveres,” Dante falou, olhando para mim e Patch
astutamente como se tentasse adivinhar o que íamos fazer. Ele observou meu rosto
para qualquer indicio de emoção. “Eu prefiro espadas.”
- “É um pedido de Dante,” Lisa expos. “O duelo não foi ideia dele. Ele tem o direito de
escolher a arma. Está decidido por espadas, então?”
- “Mais elegante,” Dante explicou, espremendo cada última gota de aprovação dos
seus colegas nephilins.
Eu endureci, resistindo à vontade de enviar para Patch um pedido de ajuda.
- “Nora nunca tocou numa espada na vida dela,” Patch argumentou, de novo falando
através da voz de Scott. Não será uma luta justa se ela não puder treinar. Dê a ela até
terça de manhã.”
Ninguém se apressou para apoiar o pedido de Patch. O desinteresse na sala era
tão espesso, que eu poderia ter estendido a mão e apertá-lo. Meu treinamento era a
menor das suas preocupações. De fato, quanto mais cedo Dante estivesse no poder, a
atitude indiferente deles disse, melhor.
- “Você está tomando para si mesmo treiná-la Scott?” Lisa perguntou a Patch.
- “Ao contrário de alguns de vocês, eu não me esqueci que ela ainda é nossa líder,”
Patch respondeu num tom frio.
Lisa inclinou a cabeça como se quisesse dizer, Muito bem. “Então está decidido.
Duas manhãs a partir de agora. Até lá, desejo o melhor a vocês dois.”
Eu não andava. Com o duelo para rolar adiante, e minha parte nesse plano
perigoso mantida, me deixei sair. Eu sabia que Patch teria que ficar um pouco mais,
para avaliar a reação da sala e possivelmente ouvir por acaso informações vitais, mas
eu me vi desejando que ele se apressasse.
Essa não era uma noite que eu queria estar sozinha.
CAPÍTULO
33
SABENDO QUE PATCH ESTARIA OCUPADO ATÉ O ÚLTIMO NEPHILIM DEIXAR A ANTIGA
CASA DOS MILLAR, eu dirigi até a casa da Vee. Eu estava usando minha jaqueta jeans
com dispositivo de rastreamento e sabia que Patch seria capaz de me encontrar de eu
precisasse dele. Ao mesmo tempo, havia uma coisa que eu precisava tirar do meu
peito.
Eu não poderia mais fazer isso por conta própria. Eu tinha tentado manter Vee
segura, mas eu precisava da minha melhor amiga.
Eu tinha que contar tudo a ela.
Imaginando que a porta da frente não era o melhor modo de chegar até Vee
essa hora da noite, eu escolhi meu caminho cuidadosamente através de seu quintal,
pulei a cerca de arame, e bati na janela do quarto dela.
Um momento depois as cortinas foram lançadas de lado e o rosto dela
apareceu atrás do vidro. Mesmo que a hora estivesse perto da meia noite, ela não tinha
colocado o pijama. Ela levantou a janela alguns centímetros. “Cara, você escolheu uma
hora ruim para aparecer. Eu achei que você fosse Scott. Ele está a caminho a qualquer
momento.”
Quando eu falei, minha voz soou rouca e trêmula. “Nós precisamos conversar.”
Vee não ficou parada. “Eu vou ligar para Scott e cancelar.” Ela abriu a janela
completamente para me convidar para entrar. “Me diga o que está se passando na sua
cabeça, babe.”
Para o crédito dela, Vee não gritou, soluçou histericamente, ou fugiu do quarto
no momento em que eu terminei de contar a ela os segredos fantásticos que eu tinha
mantido para mim mesma nos últimos seis meses. Ela tinha vacilado uma vez quando
eu tinha explicado que nephilins eram as proles de humanos e anjos caídos, mas por
outro lado, a expressão dela tinha ficado livre de horror e descrença. Ela ouviu
atentamente enquanto eu descrevia duas raças guerreiras de imortais, o papel de Hank
Millar em tudo, e como ele tinha depositado sua bagagem no meu colo. Ela até mesmo
conseguiu sorrir levemente enquanto eu tirei os disfarces sobre as identidades
verdadeiras de Patch e Scott.
Quando eu terminei, ela meramente levantou a cabeça, me examinando. Depois
de um momento, ela disse, “Bem, isso explica muito.”
Era minha vez de pestanejar. “Sério? É tudo que você tem a dizer? Você não
está, eu não sei... atordoada? Confusa? Desorientada? Histérica?”
Vee bateu em seu queixo contemplativamente. “Eu sabia que Patch era de
algum modo muito hard core para ser humano.”
Eu estava começando a me perguntar se ela já tinha me ouvido dizer que eu
não era humana. “E sobre mim? Você está completamente tranquila com a ideia não
apenas de eu ser uma nephilim, mas que eu supostamente devo estar liderando todos
os outros nephilins por aí” – eu empurrei meu dedo na janela – “numa guerra contra
anjos caídos. Anjos caídos, Vee. Como na Bíblia. O Céu tem banido malfeitores.”
- “Na verdade, eu acho que é bem incrível.”
Eu franzi minha sobrancelha. “Eu não acredito que você está sendo tão calma sobre
isso. Eu esperava algum tipo de reação. Eu esperava uma explosão. Baseada em
experiências passadas, eu esperava agitação de braços e uma dose saudável de
palavrões, no mínimo. Eu poderia muito bem contar isso para uma parede de tijolos.”
- “Babe, você está me fazendo soar como uma diva.”
Isso trouxe uma sutileza aos meus lábios. “Você quem disse, não eu.”
- “Eu só acho que é realmente estranho que você disse que a maneira mais fácil de
identificar um nephilim é por sua altura, e você, minha amiga, não é
extraordinariamente alta,” disse Vee. “Agora eu, por exemplo. Eu sou alta.”
- “Estou tenho altura média porque Hank – “
- “Entendi. Você já explicou a parte sobre fazer o juramento para se tornar nephilim
enquanto você era humana, daí o físico na média, mas ainda é meio que uma porcaria,
certo? Quero dizer, se o Voto de Transição tivesse feito você alta? E se tivesse feito
você tão alta quanto eu?”
Eu não sabia onde Vee estava indo com isso, mas eu senti que ela estava
perdendo o foco. Isso não era sobre quão alta eu era. Isso era sobre abrir a mente dela
para um mundo imortal que não deveria supostamente existir – e eu tinha acabado de
estourar a bolha pouco segura em que ela estava vivendo.
- “O seu corpo se cura rapidamente agora que você é uma nephilim?” Vee continuou.
“Porque se você não consegue essa recuperação, você realmente está enganada.”
Eu endureci. “Vee, eu não te contei sobre nossas capacidades de cura acelerada.”
- “Huh. Eu acho que você não contou.”
- “Como você poderia saber, então?” Eu encarei Vee, revendo cada palavra da nossa
conversa. Eu definitivamente não tinha contado pra ela. Meu cérebro pareceu lutar para
frente em câmera lenta. E então, assim, o entendimento chegou para mim muito rápido
para digeri-lo. Eu cobri minha boca com minha mão. “Você ... ?”
Vee sorriu. “Eu te disse que eu estava guardando segredos de você.”
- “Mas – não pode ser – não é – “
- “Possível? É, isso foi o que eu pensei da primeira vez também. Eu achei que eu estava
passando por algum tipo de segundo lance da menstruação. Essas duas últimas
semanas que se passaram eu tenho estado cansada e com cólica e totalmente
chateada com o mundo. Então, na semana passada, eu cortei meu dedo enquanto
cortava uma maçã. Se curou tão rápido que eu quase pensei que eu tinha imaginado
estar ver sangue. Coisas mais estranhas aconteceram depois disso. Na educação física,
eu servi (bati) a bola de vôlei tão forte que atingiu a parede dos fundos do lado oposto
da quadra. Durante os pesos, eu não tinha problema em levantar o que os caras mais
volumosos da classe estavam levantando. Eu escondi, claro, porque eu não queria
chamar atenção para mim até eu descobrir o que estava acontecendo com o meu
corpo. Confie em mim, Nora. Eu sou cem por cento nephilim. Scott entendeu isso
imediatamente. Ele tem me ensinado as cordas (?) e me ajudando a lidar com a ideia
de que 17 anos atrás, minha mãe fez o ato com um anjo caído. Ajudou saber que Scott
passou por uma mudança física similar e compreensão sobre seus próprios pais.
Nenhum de nós pode acreditar que levou tanto tempo para você descobrir isso.” Ela
socou meu ombro.
Eu senti meu maxilar pendurado estupidamente. “Você. Você é – realmente uma
nephilim.” Como eu não pude ter visto isso? Eu devia ter detectado isso em um
instante – eu poderia com qualquer outro nephil, ou anjo caído para esse efeito. Era
porque Vee era mesmo minha melhor amiga no mundo, e tinha sido por tanto tempo,
que eu não podia vê-la de outra forma?
- “O que Scott tem te contado sobre a guerra?” eu perguntei por fim.
- “Era uma das razões que ele estava vindo hoje a noite, para me trazer a par da
situação. Parece que você está num grande problema, Senhora Abelha Rainha. Líder do
exército do Mão Negra?” Vee soltou um assobio apreciativo. “Maldição, garota.
Certifique-se de manter seu resumo.”
CAPÍTULO
34
EU USAVA APENAS TÊNIS, SHORTS E UMA REGATA QUANDO ENCONTREI PATCH cedo na
manhã seguinte num pedaço rochoso do litoral. Era segunda, o prazo de Pepper.
Também era um dia de escola. Mas eu não podia me preocupar com nenhuma dessas
coisas agora. Treino primeiro, estresse mais tarde.
Eu envolvi minhas mãos em bandagens, prevendo que a versão de treinamento
de Patch colocaria vergonha na de Dante. Meu cabelo estava puxado para trás em uma
apertada trança francesa, e meu estômago estava vazio exceto por um copo de água.
Eu não tinha ingerido devilcraft desde sexta, e isso mostrava. Eu tinha uma dor de
cabeça do tamanho de Nebrasca na cabeça, e minha visão entrava e saía de foco
quando eu virava minha cabeça muito bruscamente. Uma fome irregular arranhava
dentro de mim. A dor era tão feroz, que eu não podia recuperar meu fôlego.
Mantendo minha promessa para Patch, eu tinha tomado o antídoto diretamente
após confessar meu vício, mas aparentemente a medicação demorou um pouco para
seguir seu curso. Provavelmente não ajudou eu ter bombeado grandes quantidades de
devilcraft a minha dieta semana passada.
Patch usava um jeans escuro e uma camisa que combinava e abraçava sua
forma. Ele descansou suas mãos nos meus ombros, me encarando. “Pronta?”
Apesar do clima sombrio, eu sorri e estalei meus dedos. “Pronta para lutar com
meu namorado deslumbrante? Oh, eu diria que eu estou pronta para isso.”
Divertimento suavizou seus olhos.
- “Vou tentar controlar onde colocar minhas mãos, mas no calor das coisas, quem sabe
o que pode acontecer?” eu adicionei.
Patch sorriu. “Parece promissor.”
- “Tudo bem, treinador. Vamos fazer isso.”
Com a minha palavra, a expressão de Patch se tornou focada e metódica. “Você
não tem sido treinada na esgrima, e eu estou apostando que Dante teve mais do que
de sua parcela justa de prática ao longo dos anos. Ele é tão velho quanto Napoleão, e
provavelmente saiu do ventre de sua mãe acenando com uma espada de couraça. Sua
melhor opção é tirar a espada dele no início e mover rapidamente para um combate
corpo a corpo.”
- “Como eu vou fazer isso?”
Patch pegou dois pedaços de pau perto dos seus pés que ele tinha cortado
aproximadamente do comprimento de uma espada padrão. Ele arremessou um pelo ar,
e eu peguei. “Puxe sua espada antes de você começar a lutar. Leva mais tempo para
sacar a espada do que para ser atingido.”
Eu fingi tirar a minha espada de uma bainha invisível no meu quadril, e a
segurei pronta.
- “Mantenha os pés ligeiramente afastados em todos os momentos,” Patch instruiu,
envolvendo-me em um lento e relaxado esquivo. Você não quer perder seu equilíbrio e
jornada. Nunca deixe seus pés juntos, e sempre mantenha a lâmina próxima do seu
corpo. Quanto mais você se inclinar ou esticar, mais fácil será para Dante te bater.”
Nós trabalhamos o jogo de pernas e equilíbrio por vários minutos, o choque
brusco de nossas espadas improvisadas soando acima da maré baixa.
- “Mantenha o olhar atento nos movimentos de Dante,” Patch disse. “Ele vai se instalar
em um padrão de imediato, e você vai começar a aprender quando ele se lançar para
um ataque. Quando ele fizer, lance um ataque preventivo.”
- “Certo. Vai precisar de uma dramatização para isso aí.”
Patch escorregou seu pé para frente rapidamente, balançando sua espada sobre
a minha tão violentamente, que o bastão vibrou em minhas mãos. Antes que eu
pudesse me recuperar, ele fez um segundo golpe rápido, enviando a espada para fora
de meu controle.
Peguei minha espada, limpei meu rosto, e disse, “Eu não sou forte o suficiente.
Eu não acho que um dia eu serei capaz de fazer isso com Dante.”
- “Você vai, uma vez que você tiver enfraquecido ele. O duelo está programado para
acontecer amanhã ao nascer do sol. Seguindo a tradição, será em um lugar aberto,
algum lugar remoto. Você vai forçar Dante numa posição onde o sol nascente esteja
nos olhos dele. Mesmo se ele tentar reverter suas posições, ele é alto o bastante que
irá sombrear os raios solares da sua visão. Use a altura dele para sua vantagem. Ele
mais alto do que você, e isso irá expor as pernas dele. Um ataque duro mesmo no
joelho vai desequilibrar ele. Assim que ele perder sua posição, ataque.”
Desta vez eu refiz o movimento anterior de Patch, forçando-o a perder o
equilíbrio com um golpe em seu joelho, seguida por uma rápida sucessão de ataques e
socos. Eu não tirei a espada dele, mas eu enfiei a ponta da minha própria espada
contra sua barriga exposta. Se eu pudesse fazer isso com Dante, este seria o ponto
decisivo do duelo.
- “Muito bom,” Patch disse. “O duelo inteiro provavelmente irá levar menos do que
trinta segundos. Cada movimento conta. Seja cautelosa e equilibrada. Não deixei Dante
incitá-la a cometer um erro imprudente. Esquivar e contornar vão ser suas maiores
defesas, especialmente numa clareira aberta. Você terá bastante espaço para evitar a
espada dele, deslizando para fora de seu caminho rapidamente.”
- “Dante sabe que ele é, tipo, um zilhão de vezes melhor do que eu.” Eu arqueei minhas
sobrancelhas. “Alguma palavra sábia de aconselhamento para lidar com a falta total e
absoluta de confiança?”
- “Deixe o medo ser sua estratégia. Finja estar mais apavorada do que você realmente
está para acalmar Dante numa falsa sensação de superioridade. Arrogância pode ser
mortal.” Os cantos da boca dele subiram. “Mas você não me ouviu dizer isso.”
Baixei a simulação da espada sobre meus ombros como um taco de beisebol.
“Então, basicamente, o plano é tirar a espada dele, desferir um golpe fatal, e reivindicar
minha posição de direito como líder dos Nephilins.”
Um aceno. “Doce e simples. Outras dez horas disso, e você será uma profissional.”
- “Se nós iremos fazer isso por dez horas, eu vou precisar de um pequeno incentivo
para ficar motivada.”
Patch enganchou seu cotovelo no meu pescoço e me arrastou para um beijo.
“Toda vez que você tirar minha espada, eu te devo um beijo. Como isso soa?”
Mordi o lábio para não rir. “Isso soa muito obsceno.”
Patch balançou as sobrancelhas. “Olha a mente de quem foi pra sarjeta. Dois
beijos por retirada. Alguma objeção?”
Eu me revesti de um rosto inocente. “Absolutamente nenhuma.”
Patch e eu não paramos de duelar até o por do sol. Nós destruímos cinco
conjuntos de espada, e paramos apenas para almoçar e para eu receber meus beijos
premiados – alguns dos quais duraram tempo suficiente para chamar a atenção de
vagabundos e uns poucos corredores. Tenho certeza de que nós parecíamos insanos,
correndo sobre rochas escarpadas, enquanto balançávamos espadas de madeira um
para o outro com força suficiente para deixar hematomas e, muito provavelmente,
alguns casos de hemorragia interna. Felizmente, minha cura acelerada cicatrizou o pior
dos meus ferimentos e não interferiu com nosso treinamento.
Ao anoitecer, nós dois estávamos cobertos de suor e eu estava completamente
cansada. Em apenas doze horas, eu duelaria com Dante pra valer. Sem espadas
improvisadas, de preferência lâminas de aço afiado o suficiente para cortar um
membro. O pensamento era sóbrio o bastante para fazer minha pele formigar.
- “Bom, você conseguiu,” eu felicitei Patch. “Eu estou tão treinada como eu jamais
estarei – uma magra, média máquina lutadora de espada. Eu devia ter feito de você
meu personal trainer desde o primeiro dia.”
Um sorriso malandro veio à tona, lento e perverso. “Ninguém é páreo para Patch.”
(obs: em inglês fica um jogo de palavras que rimam: No match for Patch.
Sacaram? hehehehehehhe)
- “Mmm,” eu concordei, olhando para ele timidamente.
- “Por que você não volta para minha casa para tomar um banho, e eu vou pegar algo
pra viagem no Borderline?” Patch sugeriu à medida que nos arrastávamos até a
barragem rochosa em direção ao estacionamento.
Ele disse isso casual o bastante, mas as palavras chamaram meus olhos
diretamente aos dele. Patch tinha trabalhado como ajudante de garçom no Borderline
da primeira vez que nos encontramos. Eu não podia passar dirigindo pelo restaurante
agora e não pensar nele. Eu fiquei comovida de que ele se lembrava, e por saber que o
restaurante mantinha lembranças especiais para ele também. Eu me forcei colocar todo
meu pensamento no duelo de amanhã, e a pequena chance de sucesso de Pepper, fora
da minha mente; essa noite eu queria desfrutar da companhia de Patch sem me
preocupar com o que seria de mim – de nós – se eu tivesse que duelar e Dante
ganhasse.
- “Posso colocar um pedido de tacos?” eu perguntei suavemente, lembrando da
primeira vez que Patch tinha me ensinado a fazê-los.
- “Você leu minha mente, Anjo.”
Eu me deixei no condomínio de Patch. No banheiro, eu tirei minhas roupas fora
e desembaracei minha trança. O banheiro de Patch era magnifico. Profundos azulejos
azuis e toalhas pretas. Uma banheira independente que caberiam facilmente duas
pessoas. Sabão em barra que cheirava a baunilha e canela.
Eu entrei no chuveiro, deixando a água bater ao longo da minha pele. Eu pensei
em Patch de pé neste mesmo chuveiro, braços apoiados contra a parede enquanto a
água derramava sobre seus ombros. Eu pensei nas pérolas de água agarradas na pele
dele. Pensei nele usando as mesmas toalhas que eu estava prestes a envolver em torno
do meu próprio corpo. Eu pensei na cama dele, a poucos metros. De como os lençóis
segurariam seu cheiro.
Uma sombra deslizou pelo espelho do banheiro.
A porta do banheiro estava encostada, a luz vinda do quarto. Prendi minha
respiração, esperando por outra sombra, esperando a hora de dizer que eu tinha
imaginado ter visto uma. Essa era a casa de Patch. Ninguém sabia disso. Nem Dante,
nem Pepper. Eu tinha sido cuidadosa – ninguém tinha me seguido essa noite.
Outra nuvem negra pairava sobre o espelho. O ar estalava com uma energia
sobrenatural.
Eu desliguei a água e amarrei a toalha em volta do meu corpo. Eu procurei por
uma arma: eu tinha a escolha de um rolo de papel higiênico ou um vidro de sabonete
para mãos.
Eu cantarolei baixinho sob minha respiração. Não havia razão para deixar o
intruso saber que eu estava com eles.
O intruso se aproximou da porta do banheiro; seu poder sobressaltou meus
sentidos com eletricidade, os pelos dos meus braços de pé alertas como bandeiras
duras. Eu continuei a cantarolar. Pelo canto do olho, eu vi a maçaneta da porta se virar,
eu estava cheia de esperar.
Eu empurrei meu pé descalço contra a porta com um grunhido de esforço. Ela
se separou, quebrando as dobradiças enquanto voava para fora, derrubando quem
estava atrás dela. Eu avancei pela entrada, mostrei meus punhos, pronta para atacar.
O homem no chão se enrolou como uma bola para proteger seu corpo. “Não,”
ele resmungou. “Não me machuque!”
Lentamente, eu baixei os punhos. Eu inclinei a cabeça para o lado para ver
melhor.
- “Blakely?”
CAPÍTULO
35
-“OQUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?” eu demandei, me enrolando na toalha de
banho para me manter coberta. “Como você encontrou esse lugar?”
Arma. Eu precisava de uma. Meus olhos escanearam o meticuloso quarto de Patch.
Blakely podia parecer comprometido agora, mas ele tinha estado manipulando devilcraft por
meses. Eu não confia que ele não tivesse alguma coisa afiada e perigosa – e azulada –
escondida debaixo de sua capa de chuva.
- “Eu preciso da sua ajuda,” ele disse, levantando suas palmas enquanto engatinhava sobre
seus pés.
- “Não se mexa,” eu retruquei. “De joelhos. Mantenha suas mãos onde eu possa vê-las.”
- “Dante tentou me matar.”
- “Você é imortal, Blakely. Você também é companheiro de equipe de Dante.”
- “Não mais. Agora que eu desenvolvi protótipos de devilcraft o suficiente, ele me quer morto.
Ele quer controle exclusivo do devilcraft. Ele usou uma espada que eu aprimorei
especificamente para matar você, e tentou usar contra mim. Eu quase não escapei.”
- “Dante mandou você fazer uma espada que poderia me matar?”
- “Para o duelo.”
Eu não sabia ainda qual era a finalidade do jogo de Blakely, mas eu não esqueci de
Dante usar métodos proibidos – e letais – para ganhar o duelo. “É tão boa quanto você diz?
Isso vai me matar?”
Blakely me olhou diretamente nos olhos. “Sim.”
Eu tentei processar essa informação calmamente. Eu precisava encontrar um modo de
desclassificar Dante de usar essa espada. Mas uma coisa de cada vez. “Mais.”
- “Eu suspeito que Dante está trabalhando para anjos caídos.”
Eu não pisquei um olho. “O que faz você dizer isso?”
- “Todos esses meses, ele nunca me permitiu fazer uma arma que mataria anjos caídos.
Preferencialmente, eu tenho desenvolvido uma série de protótipos que foram supostamente
destinadas a matar você. Se elas podem matar você, elas podem matar qualquer nephil. Uma
vez que os anjos caídos são o inimigo, por que eu tenho estado desenvolvendo armas que
machucam nephilins?”
Eu lembrei da minha conversa com Dante no Rollerland, mais de uma semana atrás.
“Dante me disse que com tempo suficiente, você seria capaz de desenvolver um protótipo
forte o bastante para matar um anjo caído.”
- “Eu não saberia. Ele nunca tinha me dado a chance.”
Numa jogada arriscada, eu decidi confessar tudo para Blakely. Eu ainda não confiava
nele, mas se eu desse um pouco (de confiança), ele poderia também. E agora, eu precisava
saber tudo que ele sabia. “Você está certo. Dante está trabalhando para os anjos caídos. Eu sei
que isto é um fato.”
Por um momento, ele fechou seus olhos, levando a dura verdade. “Eu nunca confiei
em Dante, não do início. Trazer ele a bordo foi ideia do seu pai. Eu não poderia convencer
Hank a não fazer isso então, mas eu posso vingar seu nome agora. Se Dante é um traidor, eu
devo isso ao seu pai, destruí-lo.”
Se por nada mais, eu tinha que dar ao Hank crédito por inspirar lealdade.
Eu disse, “Fale-me mais sobre essa super bebida de devilcraft. Uma vez que Dante está
trabalhando para os anjos caídos, por que ele teria que desenvolver algo que ajude nossa
raça?”
- “Ele nunca distribuiu a bebida para outros nephilins como ele me disse que iria. Isso apenas o
fortalecia. E agora ele tem todos os protótipos. O antídoto, também.” Blakely apertou entre
seus olhos. “Tudo em que eu trabalhei – ele roubou.”
Meu cabelo úmido agarrou na minha pele, e água gelada escorria pelas minhas costas.
Arrepios se destacaram em minha carne, tanto do frio quanto das palavras de Blakely. “Patch
estará aqui a qualquer minuto. Como você foi aparentemente inteligente o bastante para
encontrar a casa dele, eu acho que você está procurando por ele.”
- “Eu quero acabar com Dante.” Sua voz vibrou com convicção.
- “Você quer dizer que quer que Patch acabe com ele para você.” O que havia com malfeitores
que tentavam contratar meu namorado como um mercenário? Claro, ele trabalhou como um
em uma vida passada, mas isso estava começando a ficar ridículo – e irritante. O que
aconteceu com cuidar dos próprios problemas? “O que faz você pensar que ele fará isso?”
- “Eu quero que Dante passe o resto da sua vida no tormento. Isolado do mundo, torturado
por romper um ponto. Patch é o único em quem eu confio para fazer isso. Preço não é um
problema.”
- “Patch não precisa de dinheiro – “ eu parei, segurando o pensamento. Uma ideia
simplesmente veio até mim, e ela era tão desonesta quanto manipuladora. Eu não queria levar
vantagem de Blakely, mas então de novo, ele dificilmente tinha sido gracioso para mim no
passado. Eu lembrei a mim mesma que quando a situação ficou crítica, ele havia dirigido uma
faca aprimorada com devilcraft dentro de mim, me introduzindo num vício tóxico. “Patch não
precisa do seu dinheiro, mas ele precisa do seu depoimento. Se você concordar em confessar
com crimes de Dante no duelo de amanhã na frente de Lisa Martin e outros Nephilins
influentes, Patch matará Dante para você.” Só porque Patch já tinha prometido para Pepper
matar Dante não significa que nós não poderíamos tirar vantagem das circunstâncias e da
nossa posição para ganhar algo de Blakely também. A expressão “dois coelhos com uma
cajadada só” não tinha vindo do nada, no fim das contas.
- “Dante não pode ser morto. Aprisionado eternamente, sim, mas não morto. Nenhum dos
protótipos funciona contra ele. Ele é imune porque o corpo dele – “
- “Esse é um trabalho que Patch pode lidar,” eu disparei de volta sucintamente. “Se você quer
Dante morto, considere feito. Você tem seus contatos, Patch tem os dele.”
Blakely me estudou com o olhar contemplativo, perspicaz. “Ele conhece um arcanjo?”
ele adivinhou por fim.
- “Você não ouviu isso de mim. Mais uma coisa, Blakely. Isso é importante. Você mantem
influência suficiente sobre Lisa Martin e outros Nephilins poderosos para volta-los contra
Dante? Porque se não, cairemos ambos amanhã.”
Ele apenas debateu por um minuto. “Dante encantou seu pai, Lisa Martin, e muitos
outros Nephilins desde o começo, mas ele não tem a história com eles que eu tenho. Se eu
chama-lo de traidor, eles escutarão.” Blakely alcançou seu bolso e me ofereceu um pequeno
cartão. “Eu preciso recuperar alguns itens importantes antes de eu me realocar para meu
esconderijo. Esse é meu novo endereço. Dê-me um ponto de partida, e então traga Patch. Nós
resolveremos os detalhes essa noite.”
Patch chegou minutes depois que Blakely saiu. As primeiras palavras que saíram da
minha boca foram, “Você nunca vai acreditar em quem parou por aqui.” Com esse gancho
cativante, eu lancei minha história, retransmitindo para Patch cada palavra da minha conversa
com Blakely.
- “O que você acha disso?” Patch perguntou quando eu terminei.
- “Eu acho que Blakely é nossa última esperança.”
- “Você confia nele?”
- “Não. Mas o inimigo do seu inimigo...”
- “Você fez ele jurar que irá depor amanhã?”
Meu coração afundou. Eu não tinha pensado nisso. Foi um erro involuntário, mas isso
me fez imaginar se eu um dia seria uma líder digna. Eu sabia que Patch não esperava perfeição
de mim, mas eu queria impressioná-lo da mesma forma. Uma voz estúpida na minha cabeça
perguntou se Dabria teria cometido o mesmo erro. Duvido. “Quando nós encontrarmos com
ele essa noite, será a primeira coisa de que vou cuidar.”
- “Faz sentido que Dante queira controlar devilcraft exclusivamente,” Patch refletiu. “E se
Dante achou que Blakely suspeitava dele trabalhar para anjos caídos, ele o mataria para
manter seu segredo a salvo.”
Eu disse, “Você acha que Dante me contou sobre devilcraft aquele dia no Rollerland porque ele
antecipou que eu contaria a você, e você iria atrás de Blakely? Eu sempre tenho me
perguntado por que ele me contou. Olhando para trás, quase parece que ele tinha uma
estratégia: você arrebatar Blakely e enterrá-lo à luz do dia, deixando Dante sozinho para
controlar o devilcraft.”
- “Que era exatamente o que eu tinha planejado. Até Marcie prejudicar esses planos.”
- “Dante tem me prejudicando desde o começo,” eu percebi.
- “Não mais. Nós temos o depoimento de Blakely.”
- “Isso significa que nós vamos encontrar ele?”
Patch tinha colocado suas chaves da moto no balcão da cozinha não havia cinco
minutos, e ele as alcançou novamente. “Nenhum momento monótono, Anjo.”
O endereço que Blakely tinha me dado nos levou para uma loja de tijolos vermelhos
caseira em um bairro mais antigo. Duas janelas sombreadas ladeavam a porta da frente. A
propriedade extensa parecia engolir todo o pequeno chalé.
Patch dirigiu em volta do quarteirão duas vezes, olhos aguçados, então estacionou na
rua fora do alcance dos postes. Ele deu três batidas contínuas na porta da frente. Uma luz
acesa atrás da janela da sala de estar, mas não havia outros sinais de que alguém estava em
casa.
- “Fique aqui,” Patch me disse. “Eu vou dar a volta por trás.”
Eu esperei na varanda, olhando atrás de mim para a rua. Estava muito frio para os
vizinhos estarem fora caminhando com o cachorro, e nenhum carro passou.
A fechadura da porta da frente caiu, e Patch abriu a porta de dentro. “A porta de trás
estava bem aberta. Tenho um mau pressentimento,” ele disse.
Eu entrei, fechando a porta atrás de mim. “Blakely?” eu chamei suavemente. A casa
era pequena o bastante para fazer levantar minha voz desnecessariamente.
- “Ele não está neste primeiro piso,” Patch disse. “Mas há escadas que levam para um porão.”
Nós descemos as escadas que no fim tinham uma sala iluminada. Eu respirei fundo
enquanto meus olhos se focavam numa trilha de líquido vermelho manchada no carpete.
Marcas de mãos vermelhas pintavam a parede e levavam para a mesma direção – um quarto
escuro em frente. Nas sombras granuladas, eu pude apenas fazer o contorno de uma cama – e
o corpo de Blakely dobrado ao lado dela.
O braço de Patch imediatamente disparou, me bloqueando. “Vá lá pra cima,” ele
ordenou.
Sem pensar, eu abaixei o braço de Patch e corri para Blakely. “Ele está ferido!”
O branco dos olhos de Blakely crepitava um azul etéreo. Sangue escorria de sua boca,
gorgolejando enquanto ele tentava falar sem sucesso.
- “Dante fez isso?” Patch perguntou a ele, seguindo diretamente atrás de mim.
Eu me agachei, checando os sinais vitais de Blakely. Seu batimento cardíaco zumbia
fraco e irregular. Lágrimas ardiam em meus olhos. Eu não sabia se eu estava chorando por
Blakely, ou pelo que sua morte significaria para mim, mas eu suspeitava, egoistamente, que
era a segunda opção.
Blakely tossiu sangue, sua voz gasta. “Dante sabe – das penas dos anjos caídos.”
Eu dei na mão de Patch um aperto entorpecente. ‘ Como Dante pode saber sobre as
penas? Pepper não teria contado a ele. E nós somos os únicos outros dois que sabemos. ’
‘ Se Dante sabe sobre as penas, ele vai tentar interceptar Pepper no seu caminho de
volta pra Terra, ’ Patch respondeu tensamente. ‘Nós não podemos deixa-lo pegar as penas. ’
- “Lisa Martin – aqui – logo,” Blakely disse numa voz rouca, cada palavra um esforço.
- “Onde é o laboratório?” eu perguntei a Blakely? “Como nós podemos destruir o suprimento
de devilcraft de Dante?”
Ele balançou sua cabeça de forma rígida, como se eu tivesse feito a pergunta errada.
“A espada dele – ele – não sabe. Menti. Mata – ele também,” ele engasgou com a voz rouca,
mais sangue caindo sobre seus lábios. O sangue tinha virado de vermelho para um azul
ardente.
- “Okay, eu entendo,” eu disse, acariciando seu ombro para consolá-lo. “A espada que ele vai
duelar amanhã vai matar ele também, só que ele não sabe disso. Isso é bom, Blakely. Agora
me diga onde é o laboratório.”
- “Tentei – contar – você,” ele resmungou.
Eu balancei os ombros de Blakely. “Você não me contou. Onde é o laboratório?” Eu não
acreditava que destruir o laboratório mudaria o resultado do duelo de amanhã – Dante teria
muito devilcraft em seu sistema quando nós lutássemos, mas não importa o que acontecesse
comigo, se Patch pudesse destruir o laboratório, o devilcreaft desapareceria de uma vez por
todas. Eu me sentia pessoalmente responsável por colocar os poderes do inferno de volta,
bem, no inferno.
‘Nós temos que ir Anjo, ’ Patch falou nos meus pensamentos. ‘Lisa não pode nos ver aqui. Não
vai parecer bom. ’
Eu sacudi Blakely mais forte. “Onde é o laboratório?”
Suas mãos que pareciam torrões relaxaram. Seus olhos, vidrados num tom arrepiante
de azul, olharam distraidamente para mim.
- “Não podemos desperdiçar mais tempo aqui,” Patch me disse. “Temos que assumir que
Dante vai atrás de Pepper e das penas.”
Sequei meus olhos com as palmas das minhas mãos. “Nós vamos apenas deixar Blakely
aqui?”
O som de um carro parando soou na rua. “Lisa,” Patch disse. Ele abriu a janela do
quarto, me colocou na janela, e saltou bem ao meu lado. “Quaisquer últimas homenagens aos
mortos devem ser ditas agora.”
Lançando um olhar triste em torno de Blakely, eu simplesmente disse, “Boa sorte na
próxima vida.”
Eu tinha o pressentimento que ele precisava disso.
Nós saímos em disparada pelas ruas amadeiradas na motocicleta de Patch. A lua nova
de Cheshvan tinha começado a quase duas semanas atrás, e agora pairava como uma
sobrecarga como uma alta esfera fantasmagórica, que olhos atentos, arregalados não
poderiam escapar. Eu tremia e me aconcheguei contra Patch. Ele disparou nas curvas estreitas
tão rápido que galhos de árvores começaram a se confundir em flashes de dedos esqueléticos
que estendiam a mão para me pegar numa armadilha.
Já que gritar em cima do barulho do vento era impraticável, recorri à fala mental.
‘ Quem poderia ter contado a Dante sobre as penas? ’ eu perguntei a Patch.
‘ Pepper não arriscaria. ’
‘ Nem nós. ’
‘ Se Dante sabe, podemos assumir que os anjos caídos sabem também. Eles vão fazer tudo o
que eles podem para nos impedir de conseguir essas penas, Anjo. Nenhuma ação será
descartada. ’
Sua advertência veio bem clara: Nós não estávamos seguros.
‘ Nós temos que avisar a Pepper, ’ eu disse.
‘ Se nós ligarmos para ele, os arcanjos interceptarão, nós nunca vamos conseguir as penas. ’
Eu olhei a hora no meu celular. Onze. ‘ Nós demos a ele até meia noite. Ele está quase
sem tempo. ’
‘ Se ele não ligar logo, Anjo, nós teremos que presumir o pior e chegar a um novo plano. ’
Sua mão subiu na minha coxa, apertando-a. Eu sabia que estávamos compartilhando o
mesmo pensamento. Nós tínhamos esgotado todos os planos. O tempo acabou. Ou nós temos
as penas...
Ou a raça Nephilim perderia mais do que a guerra. Eles estariam na escravidão dos
anjos caídos pela eternidade.
CAPÍTULO
36
UM TOQUE SEM SOM TOCAVA NO MEU BOLSO. Patch imediatamente guiou a
motocicleta para o acostamento, e eu atendi a ligação com uma prece em meu
coração.
- “Eu tenho as p-p-penas,” Pepper disse, sua voz alta e trêmula.
Eu expirei em alívio e bati na mão de Patch (high five), enrolando meus dedos
entre os dele, prendendo nossas mãos juntas. Nós tínhamos as penas. Nós tínhamos a
adaga. O duelo de amanhã de manhã não era mais necessário – oponentes mortos não
empunhavam espadas, encantadas ou de outro modo.
- “Bom trabalho, Pepper,” eu disse, “Você está quase acabando. Nós precisamos que
você entregue as penas e a adaga, e então você pode deixar isso pra trás. Patch vai
matar Dante assim que ele receber a adaga. Mas você precisa saber que Dante está
atrás das penas também.” Não houve tempo para trazer isso a ele gentilmente. “Ele as
quer tanto quanto nós. Ele está procurando você, então não deixe sua guarda baixa. E
não deixe ele obter as penas, ou a adaga.”
Pepper fungou. “Eu estou com m-m-medo. Como você sabe que Dante não vai me
encontrar? E se os arcanjos notarem que as penas estão faltando.” Seu volume subiu
para um grito. “E se eles descobrirem que fui eu?”
- “Acalme-se. Tudo vai ficar bem. Nós vamos fazer a transferência no Parque de
Diversões do Delphic. Nós podemos encontrar você em cerca de quarenta e cinco
minutos – “
- “Isso é quase uma hora! Eu não posso ficar com as penas tanto tempo! Eu tenho que
despejá-las. Esse era o acordo. Você nunca disse nada sobre ser babá delas. E eu?
Dante está atrás de mim. Se você quer que eu segure essas penas, eu quero que Patch
vá atrás de Dante e se certifique de que ele não vai me ameaçar.”
- “Eu expliquei isso,” eu disse impacientemente. “Patch vai matar Dante assim que nós
tivermos a adaga.”
- “Muito benefício me fará se Dante me encontrar primeiro! Eu observo Patch por aí,
nesse minuto, indo atrás de Dante. De fato, eu não te dar a adaga até eu ter a prova de
que Patch tem Dante!”
Eu empurrei o telefone para longe para salvar meus tímpanos dos gritos
histéricos de Pepper. “Ele está quebrando,” eu disse a Patch preocupantemente.
Patch pegou o telefone de mim. “Ouça, Pepper. Leve as penas e a adaga para o Paque
de Diversões do Delphic. Eu terei dois anjos caídos que encontrarão você nos portões.
Eles vão garantir que você chegue de forma segura dentro do meu estúdio. Só não
diga a eles o que você está carregando.”
A resposta de Pepper chiou estalada pelo telefone.
Patch disse, “Coloque as penas no meu estúdio. Então fique parada até chegarmos lá.”
Um gemido alto.
- “Você não vai deixar as penas desprotegidas,” Patch argumentou, cada palavra
respirada com intenções assassinas. “Você vai sentar no meu sofá e garantir que elas
ainda estejam lá quando nós chegarmos.”
Mais grasnados frenéticos.
- “Pare de choramingar. Eu vou perseguir Dante agora, se é isso que você quer, em
seguida vir buscar a adaga, que você vai ficar até que eu encontre você no estúdio. Vá
para o Delphic e faça exatamente como eu te disse. Mais uma coisa. Pare de chorar.
Você está dando a arcanjos de todos os lugares uma má reputação.”
Patch desligou e passou o telefone de volta pra mim. “Mantenha os dedos cruzados
para que isso funcione.”
- “Você acha que Pepper vai ficar com as penas?”
Ele arrastou as mãos pelo rosto, um som escapando de sua garganta que
parecia uma meia risada áspera, meio um gemido. “Nós vamos ter que nos dividir,
Anjo. Se caçarmos Dante juntos, corremos o risco de deixar as penas desprotegidas.”
- “Vá procurar Dante. Eu cuido de Pepper e das penas.”
Patch me estudou. “Eu sei que você vai. Mas eu ainda não gosto da ideia de deixar você
sozinha.”
- “Eu vou ficar bem. Eu vou vigiar as penas, e vou ligar pra Lisa Martin imediatamente.
Eu digo a ela o que eu tenho, e ela me ajudará a executar nosso plano. Nós vamos
terminar a guerra e libertar os Nephilins.” Eu apertei a mão de Patch
tranquilizadoramente. “É isso. O fim está próximo.”
Patch esfregou o queixo, claramente infeliz, pensando profundamente. “Para minha
própria paz de espírito, leve Scott com você.”
Um sorriso irônico se arrastou pela minha boca. “Você confia em Scott?”
- “Eu confio em você,” ele respondeu numa voz rouca que me fez sentir quente e
instável por dentro.
Patch me apoiou em uma árvore e me beijou, com força.
Eu recuperei meu fôlego. “Meninos de todos os lugares, tomem nota: Isso foi um
beijo.”
Patch não sorriu. Seus olhos escureceram com alguma coisa que eu não poderia
nomear, mas isso colocou um peso no meu estômago. Seu maxilar travou, os músculos
ao longo do braço enrijeceram bem visivelmente. “Nós vamos estar juntos no fim
disso.” Uma nuvem de inquietação passou sobre sua expressão.
- “Se eu tenho alguma coisa a dizer sobre isso, é sim.”
- “O que quer que aconteça essa noite, eu te amo.”
- “Não fale desse jeito, Patch,” eu sussurrei, a emoção pegando minha voz. “Você está
me assustando. Nós vamos ficar juntos. Você vai achar Dante, então me encontrar no
estúdio, onde nós vamos acabar com essa guerra juntos. Não há nada mais simples.”
Ele me beijou de novo, delicadamente sobre cada pálpebra, então em cada
bochecha, e por último, um selinho suave em meus lábios. “Eu nunca serei o mesmo,”
ele disse em um tom grave. “Você tem me transformado.”
Eu cruzei meus braços em volta do pescoço dele e apertei meu corpo firme para
ele. Eu me agarrei a ele, tentando expulsar o frio que bateu em meus ossos. “Beije-me
de um modo que eu nunca vou esquecer.” Eu chamei os olhos dele para os meus.
“Beije-me de uma forma que vai ficar comigo até eu ver você de novo.” Porque nós
vamos nos ver em breve.
Os olhos de Patch passaram em mim com calor em silêncio. Meu reflexo rodou
neles, cabelos ruivos e lábios em chamas. Eu era conectada a ele por uma força que eu
não podia controlar, um fio minúsculo que amarrava minha alma à dele. Com a lua em
suas costas, as sombras pintadas as cavidades leves sobre seus olhos e maçãs do rosto,
fazendo-o parecer incrivelmente bonito e igualmente diabólico.
Suas mãos seguraram meu rosto, segurando-me imóvel antes dele. O vento
emaranhava meu cabelo em torno de seus pulsos, entrelaçando-nos juntos. Seus
polegares se moviam pela minha bochecha em uma carícia lenta e íntima. Apesar do
frio, uma queimadura constante enrolava dentro de mim, vulnerável ao seu toque. Seus
dedos traçaram mais baixo, mais baixo, deixando uma dor quente, deliciosa. Eu fechei
meus olhos, minhas articulações derretendo. Ele me iluminou como uma chama, leve e
quente queimando a uma profundidade que eu nunca tinha compreendido.
Seu polegar acariciou meu lábio, uma macia, e sedutora provocação. Eu dei um
suspiro de prazer acentuado.
‘Beijar você agora?’ ele perguntou.
Eu não podia falar; um aceno murcho foi minha resposta.
Sua boca, quente e ousada, encontrou a minha. Todo o jogo o havia deixado, e
ele me beijou com seu próprio fogo negro, profundo e possessivo, consumindo meu
corpo, minha alma, e colocando a perder todas as noções passadas do que significava
ser beijada.
CAPÍTULO
37
EU OUVI A BARRACUDA DE SCOTT RONCAR NA ESTRADA NA MINHA DIREÇÃO
antes que os faróis brilhassem na escuridão. Eu sinalizei para baixo e me lancei no
banco do carona.
- “Obrigada por vir.”
Ele manobrou o carro no sentido inverso e se foi da mesma forma que se aproximou.
“Você manteve sua ligação breve. Me diga o que eu preciso saber.”
Eu expliquei a situação tão rapidamente, ainda de forma abrangente, quanto
possível. Quando eu terminei, Scott deixou sair um assobio de surpresa. “Pepper tem a
pena de cada anjo caído, da eternidade?”
- “Surreal, certo? Ele deveria nos encontrar no estúdio de Patch. É melhor ele não ter
deixado as penas desprotegidas,” eu murmurei principalmente para mim.
- “Eu posso te levar seguramente até embaixo do Delphic. Os portões do parque estão
fechados, então vamos entrar em túneis usando os elevadores de carga. Depois disso,
nós vamos ter que usar meu mapa. Eu nunca tinha estado na casa do Patch.”
Os “túneis” se referiam à rede subterrânea complicada, passagens labirínticas
que operavam como ruas e bairros debaixo do Delphic. Eu não tinha ideia de que eles
existiam até eu conhecer Patch. Eles serviam como residência principal para anjos
caídos vivendo em Maine, e até recentemente, Patch tinha vivido entre eles.
Scott conduziu a Barracuda abaixo numa estrada de acesso pequeno da entrada
principal do parque. A estrada abria para uma doca de carregamento de caminhões
com rampas, e um armazém. Nós entramos no armazém pela porta lateral, cruzamos
um local aberto empilhado de uma parede à outra com caixas, e por fim alcançamos os
elevadores de carga. Uma vez dentro, Scott ignorou os botões normais indicando os
primeiro, segundo, e terceiro andares, e apertou um pequeno botão amarelo
despercebido na parte inferior do painel. Eu sabia que existiam entradas para os túneis
por todo o Delphic, mas esta era minha primeira vez usando esta em particular.
O elevador, que era quase tão grande quanto meu quarto, ressoou para baixo, e
mais baixo, finalmente moendo até parar. A pesada porta de aço subiu, e Scott e eu
saímos em uma doca de carregamento. O chão e as paredes estavam sujos, e a única
luz vinha de uma única lâmpada balançando como um pêndulo acima.
- “Qual caminho?” eu perguntei, olhando o túnel à frente.
Eu estava grata por ter Scott como guia atraveś do submundo do Parque de
Diversões do Delphic. Estava imediatamente evidente que ele percorria os túneis
regularmente; ele guiou num ritmo apressado, varrendo os corredores úmidos, como
se estivessem estado há muito tempo na memória. Nós fizemos referência ao mapa,
usando para fazer nosso caminho debaixo do Arcanjo, a mais nova montanha russa do
Delphic. De lá, eu assumi, olhando para baixo dos corredores aleatoriamente, até que
finalmente chegamos ao que eu reconheci como a entrada dos antigos alojamentos de
Patch.
A porta estava trancada por dentro.
Eu bati nela. “Pepper, é Nora Grey. Abra.” Eu dei a ele alguns momentos, então
tentei novamente. “Se você não está abrindo porque sente mais alguém, é Scott. Ele
não vai bater em você. Agora abra a porta.”
- “Ele está sozinho?” Scott perguntou quietamente.
Eu assenti. “Deveria estar.”
- “Eu não sinto ninguém,” Scott disse ceticamente, dobrando sua orelha em direção à
porta.
- “Anda logo, Pepper,” eu chamei.
Ainda nenhuma resposta.
- “Nós vamos ter que arrombar a porta,” eu disse a Scott. “Quando contar até três. Um,
dois – três.”
Em uníssono, Scott e eu aterrissamos chutes fortes à porta.
- “De novo,” eu resmunguei.
Continuamos a dirigir nossas solas na madeira, golpeando-a até que ela se
estilhaçou e a porta bateu para dentro. Eu atravessei o hall de entrada até a sala de
estar, procurando por Pepper.
O sofá tinha sido esfaqueado múltiplas vezes, enchendo de vômito cada incisão.
Molduras que antes tinham decorado as paredes agora estavam quebradas no chão. A
mesa de vidro foi derrubada de lado, com uma rachadura sinistra no centro. Roupas do
guarda-roupa de Patch tinham sido arrastadas e jogadas como confete. Eu não sabia se
isso era evidência de uma luta recente, ou se foi deixado por uma partida apressada de
Patch quase duas semanas atrás, quando Pepper havia contratado capangas para
destruir o lugar.
- “Você pode ligar para Pepper?” Scott sugeriu. “Você tem o número dele?”
Eu soquei o número de Pepper em meu telefone, mas ele não atendeu. “Onde ele
está?” eu exigi iradamente para ninguém em particular. Tudo estava andando com a
parte dele do acordo. Eu precisava daquelas penas, e precisava delas agora. “E que
cheiro é esse?” eu perguntei, franzindo o nariz.
Eu caminhei para os fundos da sala de estar. Com certeza, eu detectei um
cheiro nocivo, picante flutuando no ar. Um cheiro apodrecido. Um cheiro quase como
piche quente, mas não completamente.
Alguma coisa estava queimando.
Eu corri de cômodo a cômodo tentando encontrar as penas. Elas não estavam
aqui. Eu abri a porta do antigo quarto de Patch e foi imediatamente dominado pelo
cheiro de queimado de material orgânico.
Sem parar para pensar, eu corri para a parede oposta do quarto – aquela que
abria para mostrar uma passagem secreta. No momento em que eu abri a porta para
correr, uma tempestade de fumaça preta rolou para dentro do quarto. O mau cheiro,
gorduroso e carbonizado era insuportável.
Selando minha boca e nariz com a gola da minha camisa, eu chamei Scott, “Eu
vou entrar.”
Ele atravessou a porta atrás de mim, batendo a fumaça com a mão.
Eu tinha estado lá embaixo na passagem uma vez antes, quando Patch tinha
momentaneamente detido Hank Millar antes de eu mata-lo, e tentei lembrar-me do
caminho. Caindo de joelhos para evitar o pior da fumaça, eu rastejei rapidamente,
tossindo e engasgando cada vez que eu respirava. Finalmente minhas mãos atingiram
uma porta. Eu apalpei a argola de puxar e a empurrei. A porta se abriu lentamente,
enviando uma nova onda de fumaça para o corredor.
A luz do fogo ardente brilhou através da fumaça, chamas saltando e dançando
como um show de mágica requintado: ouro e bronze derretidos e grandes plumas
laranja envolvidas em uma fumaça negra. Um crepitar horrível e estalando soou em
meus ouvidos como chamas que devoravam um monte maciço de combustível. Scott
visava os meus ombros protetoramente, forçando seu corpo na frente do meu como
um escudo. O calor do fogo grelhava nossos rostos.
Só levei um momento para gritar em terror.
CAPÍTULO
38
EU DISPAREI SOBRE OS MEUS PÉS PRIMEIRO. ALHEIA AO CALOR, eu passei pelo fogo
enquanto as faíscas choviam como fogos de artifício. Eu agarrei o monte imponente de
penas, gritando em pânico. Apenas duas das penas de Patch dos seus dias como
arcanjo sobraram. Uma pena nós tínhamos para segurança. A outra tinha sido levada e
cuidadosamente guardada pelos os arcanjos quando eles tinham banido Patch do Céu.
A pena estava em algum lugar na pilha diante de mim.
A pena de Patch podia estar em qualquer lugar. Talvez já queimada. Haviam
tantas. E mesmo um maior número de manchas cinza flutuando como pedaços
chamuscados de papel em volta da fogueira.
- “Scott! Me ajude a encontrar a pena de Patch!” Pensar. Eu tinha que pensar. Pena do
Patch. Eu tinha visto antes. “É preta, toda preta,” eu soltei. “Comece procurando – eu
vou buscar cobertores para abafar o fogo!”
Eu corri de volta para o estúdio de Patch, a fumaça formando uma tela em
meus olhos. De repente eu cheguei bruscamente, detectando outro corpo no túnel,
logo a frente. Eu pisquei contra a fumaça remoendo meus olhos.
- “É tarde demais,” Marcie disse. Seu rosto estava inchado de tanto chorar, e a ponta do
nariz dela brilhava vermelho. “Você não pode extinguir o fogo.”
- “O que você fez?” eu gritei para ela.
- “Eu sou a herdeira legítima do meu pai. Eu deveria estar liderando os nephilins.”
- “Herdeira legítima? Você está se escutando? Você quer esse emprego? Eu não – o seu
pai obrigou isso a mim!”
O lábio dela vacilou. “Ele me amava mais. Ele teria me escolhido. Você roubou isso de
mim.”
Eu disse, “Eu não quero esse trabalho, Marcie. Quem colocou essas ideias na sua
cabeça?”
Lágrimas caíram do rosto dela, e sua respiração tornou-se irregular. “Foi ideia da minha
mãe eu morar com você – ela e os amigos Nephilins dela queriam que eu mantivesse
o olho em você. Eu concordei em fazer isso porque eu pensei que você sabia algo
sobre a morte do meu pai que você não estava me contando. Se eu me aproximasse de
você, eu pensei que talvez –“ Pela primeira vez, eu percebi a adaga perolada nas mãos
dela. Ela brilhava num branco brilhante, como se os raios mais puros de sol estivessem
presos sob a superfície. Essa só poderia ser a adaga encantada de Pepper. O imbecil
não tinha sido cuidadoso o bastante, e tinha permitido que Marcie o seguisse até aqui.
Ele tinha despejado as penas e a adaga e trancado, deixando-as cair na posse de
Marcie.
Eu estendi a mão para ela. “Marcie – “
- “Não toque em mim!” ela gritou. “Dante me disse que você matou meu pai. Como
você pôde fazer isso? Como você pôde! Eu tinha certeza que foi Patch, mas todo o
tempo foi você!” ela gritou histericamente.
Apesar do calor, um arrepio de medo subiu até minha espinha.
- “Eu – posso explicar.” Mas eu não achava que eu poderia. A expressão de Marcie,
selvagem e exausta deu a entender que ela estava girando em choque. Eu duvidava
que ela se importaria em como que o pai dela tinha forçado minha mão quando ele
tinha tentado enviar Patch ao inferno. “Me dê a adaga.”
- “Fique longe de mim!” ela raspou para fora do alcance. “Dante e eu vamos contar
para todos. O que os Nephilins vão fazer com você quando eles souberem que você
assassinou o Mão Negra?”
Eu estudei-a cuidadosamente. Dante deve ter apenas sabido que eu tinha
matado Hank. Caso contrário, ele teria dito aos Nephilins há muito tempo atrás. Patch
não tinha desistido do meu segredo, o que deixava Pepper. De alguma forma, Dante
tinha chegado a ele.
- “Dante estava certo,” Marcie cuspiu, uma raiva fria borbulhando em sua voz. “Você
roubou o título de mim. Era para ser meu. E agora eu fiz o que você não podia – eu
libertei os Nephilins. Quando esse fogo terminar, cada anjo caído na Terra será
acorrentado no inferno.”
- “Dante está trabalhando para os anjos caídos,” eu disse, a frustração aguçando meu
tom.
- “Não,” Marcie disse. “Você está.”
Ela bateu a lâmina de Pepper para mim, e eu pulei para trás, tropeçando. A
fumaça me pressionava, obscurecendo completamente minha visão.
- “Dante sabe que você queimou as penas?” eu gritei para Marcie, mas ela não deu
nenhuma resposta. Ela tinha ido.
Dante tinha mudado sua estratégia? Depois de uma colheita inesperada de
cada pena de anjos caídos, e, portanto, a vitória infalível para os Nephilins, ele tinha
decidido tomar partido de sua raça no fim das contas?
Não havia tempo para debater isso. Eu já tinha desperdiçado muito tempo
precioso. Eu tinha que ajudar Scott a encontrar a pena de Patch. Correndo de volta
para a câmera ardente, tossi e amordacei meu caminho para a entrada.
- “Todas estão ficando pretas por causa das cinzas,” Scott gritou para mim por cima do
ombro. “Todas elas parecem iguais.” Suas bochechas brilhavam vermelhas com o calor.
Brasas giraram em torno dele, ameaçando incendiar seu cabelo, que ficou preto de
fuligem. “Nós temos que sair daqui. Se ficarmos mais tempo, nós seremos pegos pelo
fogo.”
Eu corri para ele agachada, tentando evitar o calor, que explodiu
incessantemente. “Primeiro, nós encontramos a pena de Patch.” Joguei as pilhas de
penas queimando atrás de mim. Scott estava certo. A fuligem gordurosa preta
manchava cada pena. Eu fiz um som alto de desespero. “Se nós não acharmos, ele será
enviado para o inferno!”
Eu espalhava punhados de penas, rezando para que eu soubesse que a dele
estivesse à vista. Rezando para que ela já não estivesse queimada. Eu não deixaria
meus pensamentos e voltarem para o pior. Ignorando a fumaça que arranhava meus
olhos e pulmões, eu peneirei as penas com mais urgência. Eu não poderia perder
Patch. Eu não perderia Patch. Não assim. Não no meu turno.
Meus olhos lacrimejaram, lágrimas transbordando. Eu não podia ver claramente.
O ar estava muito quente para respirar. A pele do meu rosto parecia derreter, e meu
couro cabeludo parecia que estava pegando fogo. Eu mergulhei minhas mãos no
monte de penas, desesperada para encontrar uma pena preta sólida.
- “Eu não vou deixar você queimar,” Scott o barulho pisou fora do barulho crepitante
das chamas. Ele rolou para trás sobre seus joelhos, me arrastando com ele. Eu arranhei
impiedosamente suas mãos. ‘Não sem a pena de Patch. ’
O fogo clamava em meus ouvidos, e minha concentração estava murcha, sem
oxigênio suficiente. Limpei a palma da minha mão em meus olhos, só para esfregar
mais fuligem. Tateei as penas, os meus braços sentido como se estivessem ligados a
um peso de cinquenta quilos. Minha visão alternou. Mas me recusei a passar até que eu
tivesse a pena do Patch.
- “Patch,” eu murmurei, assim como uma brasa caiu na manga da minha camisa,
inflamando o tecido. Antes que eu pudesse levantar a mão para abafá-la, a chama
disparou para o meu cotovelo. O calor incendiou minha pele, tão brilhante e
angustiante, que eu gritei e me encolhi de lado. Foi então que eu vi que meu jeans
também estava em chamas.
Scott berrou ordens atrás de mim. Algo sobre deixar a câmara. Ele queria fechar
a porta e prender o fogo dentro.
Eu não poderia deixa-lo fazer isso. Eu tinha que salvar a pena de Patch.
Eu perdi meu sendo de direção, tropeçando para frente cegamente. Chamas
brilhantes eclipsavam minha visão.
A voz de Scott, tão urgente, se dissolvia no nada.
Mesmo antes de eu abrir meus olhos, eu sabia que eu estava em um carro em
movimento. Eu senti a pancada irregular dos pneus saltando sobre os buracos, e um
motor rugiu em meus ouvidos. Sentei-me preguiçosamente contra a porta do carro,
minha cabeça apoiada na janela. Havia duas mãos desconhecidas no meu colo, e me
assustou quando elas se moveram ao meu comando. Virei-as lentamente no ar,
olhando para o papel preto estranho enrolado fora delas.
Carne enegrecida.
Uma mão apertou meu braço em consolação.
- “Tudo bem,” Scott disse do banco do motorista de sua Barracuda.”Vai curar.”
Eu balancei a cabeça, dizendo que ele tinha entendido mal. Lambi meus lábios
ressecados. “Nós temos que voltar. Vire o carro. Nós temos que salvar Patch.”
Scott não disse nada, apenas me lançou um olhar de soslaio de incerteza.
Não.
Era mentira. Um medo profundo e inimaginável me engoliu. Minha garganta
estava espessa, escorregadia e quente. Isso era mentira.
- “Eu sei que você se importava com ele,” Scott disse quietamente.
Eu o amo! Eu sempre vou amá-lo! Eu prometi a ele que nós estaríamos juntos!
Eu gritei dentro da minha cabeça, porque as palavras eram muito irregulares para
saírem. Elas arranhavam como unhas na minha garganta.
Eu voltei minha atenção para fora da janela. Eu encarei a noite, o borrão das
árvores e campos e cercas, em um momento, passaram para o seguinte. As palavras na
minha garganta se enrolaram num grito, todos os cantos vivos e a dor gelada. O grito
ficou pendurado lá, inchado e machucando enquanto meu mundo se desvendava e
deslizava para fora de órbita.
Uma pilha de metal retorcido bloqueou a estrada à frente.
Scott desviou para passar por isso, diminuindo enquanto nós passávamos. Eu
não esperei o carro parar; eu me joguei para fora, correndo. A motocicleta de Patch.
Espancada e golpeada. Eu olhei boquiaberta para ela, piscando repetidamente,
tentando ver uma imagem diferente. O metal demolido, torcido sobre si mesmo,
parecia que o motorista correu em alta velocidade e então pulou através de um buraco
no vento.
Eu aterrei minhas mãos nos meus olhos, esperando limpar a imagem horrível.
Eu procurei na estrada, pensando que ele deve ter batido. No impacto, seu corpo deve
ter sido arremessado à distância. Eu corri mais longo, um pouco mais longe,
procurando a vala, os matos, às sombras ao longo das árvores. Ele poderia estar logo à
frente. Eu chamei o nome dele. Eu andava de um lado à outro na estrada, minhas mãos
tremendo enquanto eu arava meu cabelo.
Eu não ouvi que Scott veio atrás de mim. Eu dificilmente senti seus braços em
volta dos meus ombros. O sofrimento e a angústia me sacudiram, uma presença viva,
tão real e assustadora. Encheram-me de tal frio, que doía para respirar.
- “Sinto muito,” ele disse roucamente.
- “Não me diga que ele se foi,” eu retruquei. “Ele bateu a moto dele e continuou
andando. Ele disse que me encontraria no estúdio. Ele não quebraria sua promessa.” Eu
disse as palavras porque eu precisava ouvi-las.
- “Você está tremendo. Deixa eu te levar de volta pra minha casa, sua casa, a casa dele
– onde você quiser.”
- “Não,” eu gritei. “Nós vamos voltar para o estúdio. Ele está lá. Você vai ver.” Eu saí de
seu abraço, mas me senti insegura. Minhas pernas arrastavam um passo entorpecido
após o outro. Um pensamento selvagem, imperdoável me pegou. E se Patch tivesse
ido?
Meus pés se voltaram para a motocicleta.
- “Patch!” eu chorei, caindo de joelhos. Eu estiquei meu corpo sobre sua moto, soluços
estranhos, poderosos rompendo do fundo do meu peito. Eu estava escorregando,
resvalando na mentira.
Patch.
Eu pensei no nome dele, esperando, esperando. Eu soluçava seu nome, me
ouvindo fazer barulhos incontroláveis de angústia e desespero.
As lágrimas rolaram pelo meu rosto. Meu coração estava por um fio. A
esperança que eu agarrava sem restrições, estava à deriva fora de alcance. Senti minha
alma quebrar, peças irreparáveis de mim voando para fora.
A pouca luz que foi deixada dentro de mim se apagou.
CAPÍTULO
39
EU ME ENTREGUEI AO SONO. SONHOS ERAM O ÚNICO LUGAR ONDE EU PODERIA
ALCANÇAR PATCH. Segurar-me numa memória fantasma era melhor do que viver sem
ele. Enrolada em sua cama, cercado por um cheiro que era claramente dele, eu chamei
sua memória para me assombrar.
Eu nunca devia ter confiado em Pepper para pegar as penas. Eu deveria saber
que ele estragaria tudo. Eu não deveria ter subestimado Dante. Eu sabia que Patch
absolveria minha culpa de uma só vez, mas eu me sentia responsável pelo que
aconteceu com ele. Se eu apenas tivesse chegado no estúdio dez minutos mais cedo.
Se eu apenas se tivesse impedido Marcie de acender o fósforo...
- “Acorde, Nora.”
Vee se inclinou sobre mim, sua voz apressada e carregada. “Você tem que se
aprontar para o duelo. Scott me contou tudo. Um dos mensageiros de Lisa Martin veio
enquanto você estava adormecida. O duelo é ao nascer do sol no cemitério. Você tem
que ir chutar a bunda de Dante para Júpiter. Ele tirou Patch de você, e agora ele quer
seu sangue. Eu vou dizer a você o que eu acho sobre isso. Inferno, não. Não se tem
nada a dizer sobre isso.”
Duelo? A ideia parecia quase cômica. Dante não precisava de um confronto de
espadas comigo para roubar meu título; ele tinha munição mais do que suficiente para
explodir minha credibilidade e reputação. Cada anjo caído tinha sido acorrentado no
inferno. Os Nephilins tinham ganhado a guerra. Dante e Marcie levariam o crédito,
explicando como eles tinham intimidado um arcanjo em dar a eles as penas, e como
eles apreciavam cada momento de vê-las queimar.
O pensamento de Patch aprisionado no inferno cortou uma nova onda de dor
através de mim. Eu não sabia como eu poderia segurar minhas emoções na verificação
de como os Nephilins festejaram intensamente sobre seu triunfo. Eles nunca saberiam
que até o último momento, Dante tinha estado ajudando os anjos caídos. Nephilins o
levariam ao poder. Eu sabia ainda o que isso significava para mim. Se o exército fosse
abolido, importaria que eu tinha perdido o controle em lidera-lo? Em retrospectiva,
meu juramento tinha sido muito vago. Eu não tinha planejado isso.
Mas eu tinha que assumir que Dante tinha planos para mim. Como eu, ele sabia
que no momento em que eu falhasse em liderar o exército, minha vida estava acabada.
Mas em nome de cobrir seus rastros, ele provavelmente me prenderia pelo assassinato
do Mão Negra. Antes do dia sair, ou eu seria executada por traição, ou na melhor das
hipóteses, aprisionada.
Eu estava apostando em execução.
- “Está quase amanhecendo. Levante,” Vee disse. “Você não vai deixar Dante se safar
dessa.”
Eu abracei o travesseiro de Patch comigo, respirando no persistente cheiro dele
antes que se fosse para sempre. Eu memorizei os contornos da cama dele e marca de
seu corpo aninhada nela. Eu fechei meus olhos e imaginei que ele estava lá. Ao meu
lado. Me tocando. Eu imaginei seus olhos negros suavizando enquanto acariciava a
minha bochecha, suas mãos quentes e firmes e reais.
- “Nora,” Vee avisou.
Eu a ignorei escolhendo ficar com Patch. O colchão afundou quando ele chegou
mais perto. Ele sorriu e rolou as mãos por debaixo de mim, me rolando para cima dele.
Você está gelada, Anjo. Deixe-me te aquecer.
Eu pensei que tivesse perdido você, Patch.
Eu estou bem aqui. Eu prometi que nós estaríamos juntos, não prometi?
Mas sua pena –
Shhh, ele acalmou. Seu dedo selou meus lábios. Eu quero ficar com você, Anjo. Fique
aqui comigo. Esqueça Dante e o duelo. Eu não vou deixar ele te machucar. Eu vou te
manter a salvo.
Lágrimas queimaram meus olhos. Me leve embora. Como você prometeu. Me leve para
longe, só nós dois.
- “Patch odiaria te ver assim,” Vee censurou, claramente tentando apelar para a minha
consciência.
Eu puxei as cobertas até formar uma cobertura secreta em cima de Patch e de
mim, e ri em seu ouvido. Ela não sabe que você está aqui.
Nosso truque secreto, ele concordou.
Eu não vou deixar você, Patch.
Eu não permitirei que você deixe. Em um movimento rápido, ele inverteu nossas
posições, prendendo-me ao colchão. Ele se inclinou sobre mim. Tente escapar agora.
Eu olhei para o vislumbre azul gelado que parecia se esconder sob a superfície
dos seus olhos. Eu pisquei para limpar minha visão, mas quando meus olhos entraram
em foco, eu estava muito consciente do azul crepitante que cercava sua íris.
Engolindo, eu disse, Preciso de um copo de água.
Eu vou pegar para você, Patch insistiu. Não se mexa. Fique na cama.
Vai ser por apenas um segundo, eu argumentei, tentando me mexer por debaixo dele.
Patch apreendeu meus pulsos. Você disse que não me deixaria.
Eu vou apenas pegar um bebida, eu hesitei.
Eu não vou deixar você ir, Nora. As palavras soaram como um rosnado. Suas feições se
contorceram, torcendo e mudando, até que eu vi flashes de outro homem. A pele
morena de Dante, queixo fendido, e aqueles olhos encapuzados que uma vez eu
realmente acreditei que fossem bonitos apareceram diante de mim. Eu rolei para
longe, mas não foi rápido o suficiente. Os dedos de Dante cavaram dolorosamente
meus ombros, me empurrando de volta para baixo dele. Sua respiração estava quente
na minha bochecha.
Está acabado. Desista. Eu venci.
- “Se afaste de mim,” eu chiei.
Seu toque se dissolveu, seu rosto pairou brevemente sobre o meu como uma
neblina azul antes que desaparecesse.
Água fria como o gelo atingiu meu rosto, e eu fiquei travada na posição vertical
com um suspiro. O sonho destruído; Vee ficou a um braço de distância, segurando um
jarro vazio.
- “Hora de ir,” ela disse, agarrando o jarro como se preparasse para usá-lo como uma
arma de defesa se fosse preciso.
- “Eu não quero,” eu resmunguei, muito infeliz para ficar com raiva sobre a água. Minha
garganta se apertou e eu temia que iria chorar. Eu só queria uma coisa, e ele tinha ido.
Patch não ia voltar. Nada que eu fizesse poderia mudar isso. As que eu tinha achado
pelas quais valiam a pena lutar, as coisas que queimavam e se assolavam dentro de
mim, até mesmo vencer Dante e destruir o devilcraft, tinham perdido o ardor sem ele.
- “E Patch?” Vee exigiu. “Você já desistiu de si mesma, mas você desistiu dele,
também?”
- “Patch se foi,” eu pressionei meus dedos nos meus olhos até que eu enterrasse a
vontade de chorar.
- “Se foi, não morto.”
- “Eu não posso fazer isso sem Patch,” eu disse, minha respiração presa.
- “Então encontre uma maneira de tê-lo de volta.”
- “Ele está no inferno,” eu retruquei.
- “Melhor do que no túmulo.”
Eu tirei meus joelhos e inclinei minha cabeça contra eles. “Eu matei Hank Millar, Vee.
Patch e eu fizemos isso juntos. Dante sabe, e ele vai me prender no duelo. Ele vai me
executar por traição.” Minha mente evocou um retrato muito real. Dante faria da minha
humilhação tão pública quanto possível. Conforme seus guardas me arrastassem do
duelo, eu cuspiria e o chamaria de uma infinidade de nomes infames. Para a execução,
como ele iria acabar com a minha vida –
Ele usaria sua espada. Aquela que Blakely aprimorou para me matar.
- “É por isso que eu não posso ir ao duelo,” eu terminei.
O silêncio de Vee se esticou. “É a palavra dele contra a sua,” ela disse por fim.
- “É isso com que estou preocupada.”
- “Você ainda é líder dos nephilins. Você tem alguma credibilidade nas ruas. Se ele
tentar te prender, o desafie.” A convicção brilhou em seus olhos. “Lute com ele até o
fim. Você pode facilitar pra ele, ou você pode desenterrar seus calcanhares e fazê-lo
trabalhar para isso.”
Eu funguei, limpando o nariz com a parte de trás da minha mão. “Eu estou com medo
Vee. Com tanto medo.”
- “Eu sei, babe. Mas eu também sei se alguém pode fazer isso, é você. Não diga isso
com frequência, e talvez eu nunca tenha te contado isso, mas quando eu crescer, eu
quero ser como você. Agora pela última vez, saia da cama antes que eu molhe você de
novo. Você vai ao cemitério. E você vai dar a Dante a luta da vida dele.”
O pior das minhas queimaduras tinham se curado, mas eu me senti drenada e
enfraquecida mesmo assim. Eu não tinha sido uma Nephil tempo o bastante para
conhecer os mecanismos por trás da minha cura rápida, mas eu imaginei que eu tinha
gastado involuntariamente muita energia no processo. Eu não conferi o espelho antes
de deixar a casa de Patch, mas eu tinha uma ideia muito boa do quão extremamente
infeliz e oprimida eu parecia. Uma olhada em mim, e Dante chamaria sua própria
vitória.
Conforme Vee e eu nos removíamos para o estacionamento de paralelepípedo com
vista para o cemitério, eu revisei meu plano. Depois que Dante anunciasse que ele
tinha banido os anjos caídos para o inferno e ganhado a guerra, ele iria me acusar de
assassinar Hank e se autoproclamar como meu substituto. Nesse ponto, eu não
passagem e abandoria meu título. Vee estava certa; eu lutaria. Contra todas as
expectativas, eu lutaria. Dante lideraria os nephilins sob o meu cadáver – literalmente.
A mão de Vee se fechou na minha. “Vá assegurar seu título. Nós descobriremos o resto
mais tarde.”
Eu engoli um riso incrédulo. Mais tarde. Eu não me importava com o que aconteceria
depois disso. Eu senti um desapego frio em relação ao meu futuro. Eu não queria
pensar em uma hora a partir de agora. Eu não queria pensar sobre amanhã. A cada
momento que passa, minha vida se virava mais longe do caminho que Patch e eu
tínhamos caminhado juntos. Eu não queria avançar. Eu queria voltar. Onde eu pudesse
estar com Patch de novo.
- “Scott e eu vamos estar lá, no meio da multidão,” Vee declarou firmemente. “Apenas...
seja cuidadosa, Nora.”
Lágrimas brotaram nos meus olhos. Essas seriam as palavras de Patch. Eu
precisava dele aqui agora, me garantindo que eu podia fazer isso.
O céu ainda estava escuro, uma luz branca lavava a paisagem fantasmagórica.
Uma geada pesada fez a grama triturar debaixo dos meus pés enquanto eu caminhava
lentamente na descida do cemitério, dando a Vee uma vantagem inicial. As lápides
pareciam flutuar na névoa, cruzes de pedra branca e obeliscos esbeltos. Um anjo com
asas lascadas estendeu dois braços quebrados para mim. Um soluço irregular se
prendeu na minha garganta. Fechei os olhos, evocando fortes e belas feições de Patch.
Doeu imaginá-lo, sabendo que eu nunca mais o veria novamente. Não se atreva a
chorar agora, eu me repreendi. Eu afastei o olhar, com medo de que eu não iria passar
por isso se eu permitisse qualquer outra emoção a não ser uma determinação gélida
no meu coração.
Centenas de nephilins se reuniram no cemitério a seguir. A dimensão de seus
números pegou meu passo. Uma vez que nephilins paravam de envelhecer no dia em
que juravam fidelidade, a maioria era jovem, dentro de dez anos a mais do que eu, mas
eu vi um punhado de homens e mulheres idosos agrupados entre eles. Seus rostos
brilhavam de expectativa. Crianças se esquivavam em círculos ao redor das pernas de
seus pais, antes de serem presos pelos ombros e ainda lutarem. Crianças. Como se o
evento dessa manhã fosse um entretenimento familiar: um circo ou um jogo de bola.
Conforme me aproximei, notei que doze nephilins usavam mantos pretos até os
tornozelos, com capuzes elaborados. Eles tinham que ser os mesmo nephilins
poderosos que eu tinha encontrado na manhã seguinte após a morte de Hank. Como
líder dos nephilins, eu devia ter sabido o que os mantos significavam. Lisa Martin e os
outros deveriam ter me dito. Mas eles nunca tinham me acolhido no círculo deles. Eles
nunca me quiseram em primeiro lugar. Eu tinha certeza de que as vestes significavam
posição e poder, mas eu não tinha descoberto isso por minha conta.
Um dos nephilins empurrou o capuz para trás. Lisa Martin a própria. Sua
expressão era solene, seus olhos tensos com antecipação. Ela entregou-me uma veste
preta, como se fosse mais uma questão de obrigação do que um sinal de aceitação. O
manto era mais pesado do que esperava, feito de veludo grosso que era escorregadio
nas minhas mãos. “Você viu Dante?” ela me perguntou num tom suave.
Eu coloquei os mantos sobre os ombros mas não respondi.
Meus olhos caíram em Scott e Vee, e meu peito se afrouxou. Eu dei minha
primeira respiração profunda desde que deixei o condomínio de Patch. Então eu vi que
eles estavam de mãos dadas, uma estranha solidão tomou conta de mim. Minha
própria mão vazia formigou com a brisa. Eu trabalhei no meu punho para mantê-lo
firme. Patch não estava vindo. Nunca mais ele passaria seus dedos pelos meus, e um
suave gemido saiu da minha garganta com a percepção.
Nascer do sol.
Uma baixa de ouro iluminou o horizonte cinza. Em poucos minutos, os raios de
luz se infiltrariam através das árvores e queimariam o nevoeiro. Dante viria, e os
nephilins saberiam da vitória deles. O medo do juramento de fidelidade e o temor do
Cheshvan se tornariam contos escritos na história. Eles se alegrariam, torcendo
loucamente e saudando Dante como seu salvador. Eles iriam leva-lo em seus ombros e
cantar seu nome. E então, quando ele tiver sua aprovação unânime, ele me chamaria
para fora da multidão...
Lisa caminhou para o centro da reunião. Ela amplificou sua voz para dizer, “Eu
tenho certeza de que Dante chegará logo. Ele sabe que o duelo está estritamente
definido para o nascer do sol. Não é do feitio dele se atrasar, mas nesse caso, vamos
ter que adiar um pouco – “
Seu comentário foi interrompido pelo que parecia uma ondulação por todo o
terreno. Ele vibrou através das solas dos meus pés, cada vez mais forte. Um mal estar
instantâneo se apertou como um punho no meu estômago. Alguém estava vindo. Não
apenas alguém, mas vários alguéns.
- “Anjos caídos,” uma nephil sussurrou, o medo enroscando sua voz.
Ela estava certa. O poder perceptível deles, mesmo à distância, fizeram todas as
terminações nervosas do meu corpo formigar. Meus cabelos ficaram de pé, duros com
aversão. Imaginei que seus números poderiam ser centenas. Mas como? Marcie tinha
queimado as penas deles – eu tinha visto ela.
- “Como eles nos encontraram?” outro nephil perguntou, o pavor sacudindo sua voz
familiar. Olhei para o lado bruscamente, vendo a boca de Susanna Millar enrugar sob
as dobras de sua capa.
- “Então, eles vieram por fim,” Lisa sibilou, uma sede por sangue brilhando em seus
olhos. “Rápido! Escondam suas crianças e peguem suas armas. Nós iremos contra eles,
com ou sem Dante. A batalha final termina aqui.”
Seu comando se espalhou através da multidão, seguido por chamadas de
ordem. Os nephilins cambalearam e se acotovelaram em filas desorganizadas,
apressados. Alguns tinham facas, mas aqueles que não tinham pegaram pedras,
garrafas quebradas e quaisquer outros resíduos que podiam encontrar para se
armarem. Corri para Vee e Scott. Sem perder o fôlego, eu dirigi minhas primeiras
palavras para Scott.
- “Tire Vee daqui. Vá para algum lugar seguro. Eu vou encontrar vocês dois quando
isso tiver acabado.”
- “Você está louca se você acha que nós vamos partir sem você,” Vee declarou
firmemente. “Dia a ela, Scott. Pegue-a e a leve para fora daqui se você tiver que fazer
isso.”
- “Como os anjos caídos estão aqui?” Scott me perguntou, procurando meu rosto para
uma explicação. “Nós tínhamos visto as penas queimar juntos.”
- “Eu não sei. Mas eu pretendo descobrir.”
- “Você acha que Patch está lá fora. É disso que se trata, não é?” Vee disse, olhando na
direção do distante estrondo que fazia o chão abaixo de nós tremer.
Eu encontrei os olhos dela. “Scott e eu vimos as penas queimar. Ou nós fomos
enganados, ou alguém abriu os portões do inferno. O instinto me diz que a segunda
opção é a melhor aposta. Se os anjos caídos estão escapando do inferno, eu tenho que
ter certeza que Patch saia. E então eu tenho que fechar os portões antes que seja tarde
demais. Se eu não acabar com isso agora, não haverá outra chance. Esse é o último dia
que anjos caídos podem possuir corpos de nephilins, mas eu não acho que isso
significa alguma coisa para os anjos caídos.” Eu pensei no devilcraft. No seu poder. “Eu
acredito que eles têm meios de nos escravizar indefinidamente – isso se, eles não nos
matarem primeiro.”
Vee acenou lentamente, diferindo o peso total das minhas palavras. “Então nós
vamos ajudar você. Nós estamos nessa juntos. Essa luta é tanto de Scott e minha
quanto sua.”
- “Vee – “ eu comecei advertindo.
- “Se essa é realmente a luta de minha vida, você sabe que eu vou estar lá. Quer você
queira ou não. Eu não dispensei as últimas rosquinhas para chegar aqui a tempo,
apenas para dar meia volta e ir embora,” Vee me disse, mas havia algo quase afetuoso
no modo que ela disse isso. Ela quis dizer cada palavra. Nós estávamos nessa juntas.
Eu estava muito emocionada para falar. “Tudo bem,” eu disse por fim. “Vamos
fechar as portas do inferno de uma vez por todas.”
CAPÍTULO
40
O SOL ARQUEOU-SE ACIMA NO HORIZONTE, ILUMINANDO TODAS AS
SILHUETAS APARENTEMENTE SEM FIM de anjos caídos carregados pelo terreno do
cemitério. No começo, na luz inclinada, suas sombras emitiam um azul incandescente,
como o estrondo de uma grande onda do mar em direção à praia. Um homem – um
nephil – corria na frente no exército empunhando uma espada azul brilhante. Uma
espada criada para me matar. Mesmo à distância, os olhos de Dante pareciam
atravessar todas as direções, me procurando.
Eu me perguntei como os portões do inferno tinham sido abertos, mas agora
eu tinha minha resposta. Uma aureola azul escura pairando acima dos anjos caídos me
disse que Dante tinha empregado o devilcraft.
Mas por que ele tinha permitido que Marcie queimasse as penas, apenas para
libertar os anjos caídos – eu não sabia.
- “Eu preciso pregar Dante sozinha,” eu disse a Scott e Vee. “Ele está me procurando,
também. Se você puder, leve-o para o estacionamento cemitério acima.”
- “Você não tem uma arma,” Scott disse.
Eu apontei à frente, para o exército surgindo. Cada anjo caído carregava uma
espada que parecia que pareciam disparar das mãos deles como uma chama azul
brilhante. “Não, mas eles têm. Eu só tenho que convencer um deles a fazer uma
doação.”
- “Eles estão se espalhando,” Scott disse. “Eles vão matar cada nephil nesse cemitério, e
então invadir Colwater.”
Eu agarrei as mãos dele, e então as de Vee. Por um momento, nós formamos
um círculo inquebrável, e ele me deu força. Eu estaria sozinha quando eu encarasse
Dante, mas Vee e Scott não estariam longe – eu me lembraria disso. “O que quer que
aconteça, eu nunca vou esquecer nossa amizade.”
Scott arrastou minha mão contra o seu peito, segurando-me fervorosamente, e
então beijou minha testa carinhosamente. Vee jogou seus braços ao meu redor, me
abraçando tempo suficiente que eu temi que eu pudesse derramar mais lágrimas do
que já tinha.
Me afastando, eu corri.
O terreno do cemitério oferecia muitos lugares para se esconder, eu subi
rapidamente pelos ramos de uma árvore verde que crescia fora da colina, levando até
o estacionamento. De lá, eu tinha uma visão ampla, assistindo enquanto homens e
mulheres Nephilins desarmados, em desvantagem de vinte para um, carregavam-se
para a parede de anjos caídos. Numa questão de segundos, os anjos caídos desceriam
sobre eles como uma nuvem, cortando-os como se eles não fossem nada mais do que
ervas daninhas.
Na parte inferior da colina, Susanna Millar estava presa em uma luta com um
anjo caído que tinha cabelo loiro pálido na altura dos ombros enquanto as duas
mulheres se debatiam pelo controle. Susanna arremessou uma faca escondida nas
dobras de seu manto e lançou-a no peito de Dabria. Com um grunhido alto de raiva,
Dabria segurou a espada com as duas mãos, derrapando sobre a grama molhada como
se ela tivesse balançado em retaliação. A luta delas levou-as para trás de um labirinto
de lápides e fora de vista.
Mais longe, Scott e Vee lutavam de costas um para o outro, usando galhos de
árvores para se defender de quatro anjos caídos que os tinham cercado. Apesar da
vantagem numérica deles, os anjos caídos recuaram de Scott, cujas enormes força e
altura deram-lhe vantagem. Ele os derrubou com o galho de árvore, e então o usou
como um martelo para surrá-los absurdamente.
Eu procurei por Marcie no cemitério. Se ela estava lá, eu não podia vê-la. Não
era um palpite acreditar que ela tinha deliberadamente evitado a batalha e escolhido
segurança sobre a honra. Sangue pintava a grama do cemitério. Nephilins e anjos
caídos igualmente escorregaram sobre ele – parte do sangue era vermelho puro, muito
dele manchado de azul com devilcraft.
Lisa Martin e seus amigos com mantos correndo ao longo do perímetro do
cemitério, fumaça negra ondulando nas tochas que carregavam. Em um ritmo
apressado, eles se moveram de uma árvore e arbusto para o outro, acendendo-os em
fogo. Chamas eclodiram, consumindo a folhagem e estreitando o campo de batalha,
formando uma barreira em volta dos anjos caídos. A fumaça, obscura e espessa, se
esticava através do cemitério como uma sombra ao anoitecer. Lisa não poderia
queimar os anjos caídos até a morte, mas ela tinha dado aos nephilins uma cobertura
extra.
Um anjo caído emergiu da fumaça, marchando até a colina, olhos alerta. Eu
tinha que acreditar que ele me sentia. Sua espada irradiava um fogo azul, mas o modo
que ele a segurava escondia seu rosto. Todavia, eu podia ver claramente que ele era
desajeitado, um adversário mais fácil para mim.
Ele se arrastou em direção à árvore, olhando para os espaços escuros se
aninhando entre os galhos com cautela. Em cinco segundos, ele estaria diretamente
abaixo de mim.
Quatro, três, dois –
Eu caí da árvore. Eu bati nele por trás, o peso do meu impacto empurrando-o
para frente. Sua espada voou de sua mão antes que eu pudesse roubá-la. Rolamos
vários metros, mas eu tinha a vantagem da surpresa. Ficando ereta rapidamente, eu
estava sobre suas costas, dando vários golpes esmagando as cicatrizes de suas asas
antes que ele enfiasse seu pé para trás, varrendo minhas pernas debaixo de mim. Rolei
para longe, faltando a perfuração de uma faca que ele tinha extraído de sua bota.
- “Rixon?” eu disse, chocada por reconhecer o rosto pálido e características
beligerantes do ex melhor amigo de Patch olhando para mim. Patch tinha acorrentado
pessoalmente Rixon no inferno depois dele ter tentado me sacrificar para conseguir um
corpo humano.
- “Você,” ele disse.
Nós nos encaramos, joelhos dobrados, prontos para saltar. “Onde está Patch?” eu ousei
perguntar.
Seus olhos redondos se agarraram aos meus, estreitos e frios. “Esse nome não significa
nada para mim. O lance é que aquele homem está morto para mim.”
Como ele não se impulsionou para mim com a faca, eu arrisquei fazer outra
pergunta. “Por que os anjos caídos estão deixando Dante lidera-los?”
- “Ele nos forçou a fazer um juramento de lealdade a ele,” ele disse, seus olhos se
estreitando em fendas duplas. “Era isso, ou ficar no inferno. Não ficaram muitos.”
Patch não ficaria para trás. Não se havia uma maneira de voltar pra mim. Ele
havia feito o juramento para Dante, tanto quanto ele preferia arrancar o pescoço dos
nephils, e então repetir o procedimento em cada centímetro quadrado de seu corpo.
- “Eu vou atrás de Dante,” eu disse a Rixon.
Ele riu, um chiado entre os dentes. “Eu ganho um prêmio por cada corpo de
nephil que eu arrastar para Dante. Eu falhei em matar você antes, e você sabe que eu
farei isso corretamente.”
Ao mesmo tempo, nós mergulhamos para a espada dele, a muitos metros de
distância. Rixon a alcançou primeiro, rolando agilmente sobre seus joelhos, cortando
transversalmente a espada em mim. Eu me abaixei, empurrando-me em sua barriga
antes que ele pudesse se balançar novamente. Eu o bati contra o chão em suas
cicatrizes de asa. Aproveitando-me da sua breve imobilidade, desarmei-o; eu arranquei
a espada da sua mão esquerda e a faca da direita.
Então eu chutei seu corpo e mergulhei a faca profundamente em suas cicatrizes
de asa. “Você matou meu pai,” eu disse a ele. “Eu não me esqueci.”
Eu me apressei ladeira acima em direção ao estacionamento, olhando para trás
pra ver se eu não estava sendo seguida. Eu tinha uma espada, mas eu precisava de uma
melhor. Relembrando meu treinamento com Patch, eu repassei cada manobra de
extração de espada que tínhamos praticado juntos. Quando Dante me encontrasse no
estacionamento, eu roubaria sua espada. E o mataria com ela.
Quando eu contornei a colina, Dante estava esperando. Ele me observou,
deslizando o dedo preguiçosamente para frente e pra trás sobre a ponta de sua
espada.
- “Bela espada,” eu disse. “Ouvi dizer que você a havia feito especialmente para mim.”
Seu lábio inferior se enrolou ligeiramente. “Apenas o melhor para você.”
- “Você matou Blakely. Um modo bem frio de agradecer por todos os protótipos que
ele desenvolveu para você.”
- “E você matou Hank. Sua própria carne e sangue. É um pouco como o sujo falando do
mal lavado, não é?” ele brincou. “Eu passei meses me infiltrando na sociedade de
sangue secreta de Hank para ganhar sua confiança. Eu tenho que te dizer, eu brindei à
minha sorte no dia em que ele morreu. Teria sido muito mais difícil destrona-lo do que
você.”
Eu dei de ombros. “Estou acostumada a ser subestimada.”
- “Eu treinei você. Eu sei exatamente do que você é capaz.”
- “Por que você libertou os anjos caídos?” eu perguntei sem rodeios, já que ele parecia
propício a compartilhar segredos. “Você os tinha no inferno. Você poderia ter
desertado e liderado os nephilins. Eles nunca teriam sabido a verdade sobre sua
mudança de lealdade.”
Dante sorriu, seus dentes afiados e brancos. Ele parecia mais animal do que
homem, uma besta, morena selvagem. “Eu tenho superado ambas as raças,” ele disse
numa viz tão prática que era difícil achar que ele não acreditava verdadeiramente nisso.
“Eu vou dar aos nephilins que sobreviverem ao ataque do meu exército essa manhã
uma escolha parecida a que eu dei aos anjos caídos: jurar lealdade a mim ou morrer.
Um governante. Indivisível. Com poder e juízo acima de tudo. Você não queria ter
pensado nisso primeiro?”
Eu segurei a espada de Rixon próxima ao meu corpo, deslocando sobre o peito
dos pés. “Oh, há muitas coisas que eu estou desejando agora, mas essa não é uma
delas. Por que os anjos caídos não possuíram os Nephilins no Cheshvan? Eu acho que
você sabe, mas não leve isso como um elogio.”
- “Eu mandei que eles não o fizessem. Até que eu matei Blakely, eu não queria ele
superando minhas ordens e distribuindo a super bebida de devilcraft aos Nephilins. Ele
teria, se os anjos caídos tinham vindo contra os Nephilins.” Novamente, falou tão
praticamente. Tão superior. Ele não temia nada.
- “Onde está Patch?”
- “No inferno. Eu me certifiquei de que seu rosto nunca passasse pelos portões. Ele vai
ficar no inferno. E só quando eu achar que ele está brutalmente abusado e com algo o
atormentando, que ele vai obter um visitante.”
Eu corri para ele, balançando minha espada letalmente em sua cabeça. Ele viha
de seu lado, contrariando com vários golpes explosivos de sua autoria. Com cada
bloqueio defensivo, minha espada vibrava até meus ombros. Eu cerrei os dentes para
combater a dor. Ele era muito forte; eu não poderia me defender de seus poderosos
golpes para sempre. Eu tinha que encontrar uma maneira de tirar sua espada e perfurar
seu coração.
- “Quando foi a última vez que você tomou devilcraft?” Dante perguntou, usando sua
espada como um facão para me cortar.
- “Estou parei com devilcraft.” Eu boqueei seus ataques, mas se eu não parasse de jogar
na defensiva logo, ele me colocaria em cima do muro. Agressivamente, corri para
apunhalar sua coxa. Ele fugiu, dirigindo minha espada no ar e quase me
desequilibrando.
Quanto mais você se esticar ou se inclinar, mais fácil será para Dante te vencer. O aviso
de Patch soou na minha cabeça tão claramente quanto ele tinha dito ontem. Eu acenei
para mim mesma. É isso, Patch. Continue falando comigo.
- “Isso mostra,” Dante disse, “Eu esperava que você tomasse bastante do protótipo
venenoso que eu te dei para apodrecer seu cérebro.”
Então esse tinha sido seu plano inicial: me deixar viciada em devilcraft e deixa-
lo me matar silenciosamente. “Onde você está armazenando o resto dos protótipos?”
- “O eu possa aproveitar o poder deles sempre que eu quiser.” Ele retornou
orgulhosamente.
- “Eu espero que você tenha escondido bem, porque se há uma coisa que eu vou fazer,
antes de morrer, é destruir seu laboratório.”
- “O novo laboratório é dentro de mim. Os protótipos estão aqui, Nora, reproduzindo
mais e mais. Eu sou devilcraft. Você tem ideia como é sentir ser o homem mais
poderoso do planeta?”
Eu me abaixei a tempo de perder um golpe no meu pescoço. Acelerando meus
passos e mergulhando minha espada para frente, eu apontei para seu estômago, mas
ele dançou de lado novamente, e a lâmina beliscou a carne acima do meu quadril ao
invés. Líquido azul escorria do ferimento, florescendo em sua camisa branca.
Com um rosnado gutural, Dante voou para mim. Eu corri, pulando o muro de
pedra que cerca o estacionamento.
Orvalho frisava a grama, e meu equilíbrio vacilou, eu escorreguei e deslizei
colina abaixo. Na hora certa eu me agarrei atrás uma lápide; a espada de Dante
espetou a grama onde eu tinha aterrissado. Ele me perseguiu através das lápides,
balançando sua espada em cada oportunidade, o aço soando como se retinisse contra
mármore e pedra.
Eu corri para trás da primeira árvore que eu vi, a colocando entre nós. Ela estava
pegando fogo, estalando e crepitando enquanto as chamas a devoravam. Ignorando o
calor explodindo no meu rosto, eu fingi sair, mas Dante não estava no clima para
joguinhos. Ele perseguiu ao redor da árvore, segurando sua espada acima da cabeça
enquanto ele tentava me partir ao meio, da cabeça aos pés. Eu fugi novamente,
ouvindo Patch na minha cabeça.
Use a altura dele em sua vantagem. Exponha as pernas dele. Um ataque duro no
joelho, então roube a espada dele.
Eu me abaixei atrás do mausoléu, me apertando contra a parede. No momento
em que Dante entrou no meu campo de visão, eu saí do meu esconderijo, dirigindo
minha espada para a carne de sua coxa. Sangue azul aguado jorrou da ferida. Ele tem
consumido tanto devilcraft, que suas veias literalmente fluíam com isso.
Antes que eu pudesse recolher minha espada, Dante virou para mim. Eu tirei
sua espada, mas fazendo isso, tive que deixar a minha própria enterrada na perna dele.
O vazio em minhas mãos de repente pareceu muito real, e eu engoli o pânico.
- “Esqueceu algo,” Dante zombou, cerrando os dentes quando ele puxou a lâmina de
sua perna. Ele arremessou minha espada no teto do mausoléu.
Corri para longe, sabendo que sua perna ferida iria atrasá-lo até que se curasse.
Eu não tinha ido longe antes do calor agonizante rasgar meu ombro esquerdo e se
espalhar pelo meu braço. Eu tropecei de joelhos com um grito. Olhei para trás, sendo
apenas capaz de ver a adaga branca - perolada de Pepper profundamente alojada no
meu ombro. Marcie deve ter dado a Dante noite passada. Ele mancou por trás de mim.
O branco dos olhos dele crepitavam azuis com o devilcraft. Suor azul apareceu
em sua sobrancelha. Devilcraft brilhava na ferida dele. Os protótipos que tinham sido
roubados de Blakely estavam dentro dele. Ele tinha consumido todos, e de algum
modo tinha transformado seu corpo numa máquina de devilcraft. Um plano brilhante,
exceto por um pequeno detalhe. Se eu pudesse mata-lo, todos os protótipos da Terra
iriam com ele.
Se eu pudesse mata-lo.
- “Seu amigo arcanjo gordo confessou encantar aquela adaga especificamente para me
matar,” ele disse, “Ele falhou, e Patch também.” Seus lábios se curvaram num sorriso
desagradável.
Eu arranquei uma lápide de mármore da terra e atirei-a nele, mas ele a jogou
longe como se eu tivesse jogado uma bola de baseball.
Eu recuei, confiando no meu braço bom para recuar. Muito lento.
Eu tentei me apressar ao truque mental. ‘Largue a espada e congele!’ eu gritei
no subconsciente de Dante.
A dor de estilhaçou por toda a minha bochecha. A parte sem corte que sua
espada tinha me atacou com tanta força, que eu senti gosto de sangue.
- “Você se atreve a usar truque mental em mim?” Antes que eu pudesse recuar, ele
levantou pela nuca do meu pescoço e atirou-me violentamente contra uma árvore. O
impacto lançou uma névoa sobre a minha visão e roubou meu fôlego. Tentei me
equilibrar de joelhos, mas o chão balançava.
- “Deixa ela ir.”
A voz de Scott. O que ele estava fazendo aqui? Meu receio confuso durou
apenas um momento. Eu vi uma espada nas mãos dele, e uma ansiedade enorme
disparou por cada canto do meu corpo.
- “Scott,” eu avisei. “Saia daqui agora.”
Suas mãos firmes fecharam o punho. “Eu jurei pro seu pai que protegeria você,” ele
disse, nunca abaixando seu olhar avaliando Dante.
Dante inclinou a cabeça para trás, rindo, “Um juramento para um homem morto?
Como isso funciona?”
- “Se você tocar na Nora de novo, você está tão bom quanto morto. Esse é meu
juramento para você.”
- “Afaste-se, Scott,” Dante latiu. “Isso não é sobre você.”
- “É aí que você está errado.”
Scott investiu em Dante, os dois lutando em um borrão de movimentos rápidos.
Scott relaxou os ombros, confiando em sua compilação poderosa e graça atlética para
compensar a experiência de Dante e a habilidade de devilcraft aprimorada. Scott
realizou uma ofensiva, enquanto Dante contornou ligeiramente para o lado. Uma
arcada brutal da espada de Scott cortou a metade inferior do braço esquerdo de
Dante. Scott espetou o membro e o segurou.
Dante amaldiçoou, negligentemente investindo sua espada para Scott com o
braço utilizável. A colisão de suas lâminas quebrou o ar da manhã, parecendo me
ensurdecer. Dante forçou Scott de volta na direção de uma cruz de pedra imponente, e
eu gritei meu aviso em fala mental.
‘Lápide logo atrás!’
Scott pulou para o lado, facilmente evitando a queda enquanto
simultaneamente bloqueava um ataque. Os poros de Dante vazavam um suor azul, se
ele precebeu, ele não demonstrou. Ele balançou os cabelos úmidos dos olhos e
continuou a cortar, e cortar, com o braço bom visivelmente se cansando. Seus traços
contorcidos se tornaram desesperados. Eu vi minha chance de circular por detrás dele,
prendendo-o entre Scott e eu, onde um de nós poderia acabar com ele.
Um choro gemido me parou no meu caminho. Virei apenas enquanto Scott
escorregava na grama molhada, caindo sobre um joelho. Suas pernas desajeitadas,
enquanto tentava recuperar sua posição. Ele rolou para longe seguramente da espada
mergulhada de Dante, mas ele não teve tempo para ficar de pé antes que Dante
atacasse de novo, desta vez dirigindo a espada profundamente no peito de Scott.
As mãos de Scott se enrolaram fracamente em torno da espada de Dante,
empalada em seu coração, tentando sem sucesso desalojá-la. Devilcraft azul ardente
bombeava da espada para o seu corpo, sua pele escurecia para um azul medonho. Ele
resmungou fracamente meu nome. Nora?
Eu gritei. Paralisada pelo choque e pela dor, eu assisti enquanto Dante
terminava seu ataque com uma torção da lâmina, cortando o coração de Scott.
Eu desloquei minha atenção total para Dante, tremendo com um ódio que eu
nunca tinha conhecido antes. Uma onda de ódio violento percorreu em mim. Veneno
encheu minhas veias. Minhas mãos se fecharam em punhos de pedra, e uma voz de
fúria e vingança gritava na minha cabeça.
Preenchida por uma profunda e permanente raiva, eu chamei minha forma
interior. Não sem entusiasmo ou apressada, ou com falta de confiança. Chamei cada
gota de coragem e determinação que eu possuía e liberei em cima dele. Eu não
deixaria ele ganhar. Não desse jeito. Não com devilcraft. Não matando Scott.
Com toda a força da minha convicção mental, eu invadi a mente dele retalhei os
impulsos disparando para e do cérebro dele. Tão rapidamente, eu conectava um
comando irreversível: ‘Largue a espada. Largue a espada, seu cara inútil, astuto,
doentio. ’
Eu ouvi um tintilar de aço no mármore.
Eu preguei os olhos em Dante. Sua expressão confusa olhava para o espaço
distante, como se estivesse procurando algo perdido.
- “Irônico, não é, que foi você quem apontou minha maior força?” eu disse, cada
palavra pingando de repúdio.
Eu tinha jurado que eu nunca usaria devilcraft de novo, mas essa era uma
circunstância onde eu alegremente me contornaria as regras. Se eu matasse Dante,
devilcraft iria também.
A tentação de roubar devilcraft para mim cintilou na minha mente, mas eu
joguei a ideia pra longe. Eu era mais forte do que Hank, mais forte do que Dante. Mais
forte, até mesmo, do que o devilcraft. Eu o mandaria de voltar para o inferno por Scott,
que tinha dado sua vida para me salvar. Eu tinha pegado a espada de Dante quando as
pernas dele se contraíram, tirando-a das minhas mãos.
Dante catapultou-se para cima de mim, com as mãos apertando meu pescoço.
Eu passei minhas unhas em seus olhos. Eu arranhei o rosto dele.
Eu abri minha boca. Sem ar.
Seu olhar frio brilhava com triunfo.
Meu maxilar abria e fechava inutilmente. O rosto impiedoso de Dante ficou
granulado, como uma imagem de TV antiga. Por cima do ombro, um anjo de pedra me
observava com interesse.
Eu queria rir. Eu queria chorar. Então era isso o que significava morrer. Ceder.
Eu não queria ceder.
Dante beliscou minhas vias respiratórias com o joelho, se alongando de lado
para pegar a espada. A ponta centrada sobre meu coração.
‘O possua, ’ o anjo de pedra parecia calmamente me comandar. ‘O possua e o mate. ’
‘Patch?’ Eu me perguntei quase sonhadoramente.
Apegando-me na força de vir a acreditar que Path estava perto, tomando conta
de mim, parei de resistir a Dante. Baixei meus dedos o arranhando e relaxei as pernas.
Eu sucumbi a ele, mesmo que ele sentisse uma coisa covardemente concedente. Eu
concentrei meus pensamentos flutuando em direção a ele.
Uma frieza externa ondulava sobre o meu corpo.
Eu pisquei, encarando o mundo através dos olhos de Dante. Eu olhei para baixo. A
espada dele estava em minhas mãos. Em algum lugar enterrado dentro de mim, eu
sabia que Dante estava rangendo os dentes, pronunciando arrepiantes ruídos
sanguinários, uivando como um animal miserável.
Eu virei a espada para me enfrentar. Apontei-a para meu coração. E então eu fiz
uma coisa surpreendente.
Eu caí na lâmina.
CAPÍTULO
41
O CORPO DE DANTE EXPULSOU O MEU TÃO RÁPIDO QUE PARECIA QUE EU TINHA SIDO
ARREMESSADA, de um carro em movimento. Minhas mãos arrancaram a grama, procurando
por algo sólido em um mundo que girava, derrubando e virando. À medida que a tontura
desaparecia, eu procurei por Dante. Eu senti o cheiro dele antes de vê-lo.
Sua pele tinha se aprofundado na cor do machucado, e seu corpo começou a inchar.
Seu cadáver removendo seus fluídos, o seu sangue de devilcraft penetrando na terra como
algo vivo, algo que se enfiou longe da luz do sol. A carne caiu por terra, se deteriorando em pó.
Depois de apenas alguns segundos, tudo o que restava de Dante eram ossos secos sugados.
Ele estava morto. Devilcraft se foi.
Lentamente eu me coloquei sobre os meus pés. Meus jeans estavam rasgados e
manchados, raias de grama esfregada por todo meu joelho. Eu lambia a rachadura da minha
boca, sentindo o gosto de sangue e suor. Eu andei até Scott, cada passo pesado, lágrimas
quentes no meu rosto, minhas mãos inutilmente pairando sobre o seu corpo rapidamente se
decompondo. Fechei os olhos, forçando-me a lembrar de seu sorriso torto. Não com os olhos
vagos. Na minha mente, eu coloquei de volta seu sorriso provocante. Não os sons
borbulhantes e ofegantes que ele tinha feito antes de morrer. Lembrei-me do seu calor em
toques acidentais e socos brincalhões, sabendo que seu corpo estava apodrecendo mesmo
quando eu me agarrei à memória.
- “Obrigada,” eu botei pra fora, dizendo a mim mesma que em algum lugar por perto, ele ainda
podia ouvir minha voz. “Você salvou minha vida. Adeus, Scott. Eu nunca vou esquecer você,
esse é meu juramento para você. Nunca,” eu prometi.
A neblina pairando sobre o cemitério queimava dourada e cinza enquanto os raios de
sol passavam por ele. Ignorando o fogo agarrando meu ombro enquanto eu tirava a adaga de
Pepper, cambaleei para fora do aglomerado de lápides do cemitério em aberto.
Pedaços estranhos espalhados na grama, e enquanto eu chegava mais perto, eu vi o
que realmente eram: cadáveres. Anjos caídos, do que eu podia dizer do que tinha sobrado
deles. Assim como Dante, suas carnes caíram em segundos. Fluído azul saía de suas carcaças e
eram imediatamente sugados pela terra.
- “Você conseguiu.”
Virei-me, institivamente endurecendo ao aperto da adaga. Detetive Basso enfiou as
mãos nos seus bolsos, um pequeno sorriso sombrio aparecendo em sua boca. O cachorro
preto que tinha salvado minha vida há poucos dias atrás sentou vagarosamente nos seus
tornozelos. Os olhos amarelos selvagens do cachorro olharam para mim contemplativamente.
Basso se curvou, esfregando o pelo sarnento entre as orelhas.
- “Ele é um bom cachorro,” Basso disse. “Depois que eu me for, ele vai precisar de uma boa
casa.”
Eu dei um passo para trás cautelosa. “O que está acontecendo aqui?”
- “Você conseguiu,” ele repetiu. “O devilcraft está erradicado.”
- “Me diga que eu estou sonhando.”
- “Eu sou um arcanjo.” Os cantos da sua boca se curvaram, quase, mas não completamente,
timidamente.
- “Eu não sei o que eu deveria dizer.”
- “Eu tenho estado na Terra há meses, trabalhando disfarçado. Nós suspeitávamos que
Chauncey Langeais e Hank Millar estavam invocando devilcraft, e era meu trabalho manter o
olho em Hank, suas relações, e sua família – inclusive você.”
Basso. Arcanjo. Trabalhando disfarçado. Eu balancei minha cabeça. “Eu ainda não
tenho certeza do que está acontecendo aqui.”
- “Você fez o que eu tenho estado tentando fazer. Livrar-se do devilcraft.”
Eu digeri isso em silêncio. Depois do que eu tinha visto nessas semanas passadas,
precisava de muito para me surpreender. Mas isso certamente tinha. Bom saber que eu não
estava totalmente exausta ainda.
- “Os anjos caídos se foram. Não vai durar para sempre, mas vamos aproveitar enquanto
podemos, certo?” ele resmungou. “Eu estou fechando esse caso e indo para casa. Parabéns.”
Meu cérebro dificilmente o ouvia. Anjos caídos se foram. Se foram. A palavra bocejava
dentro de mim como um buraco sem fim.
- “Bom trabalho, Nora. Oh, você deve gostar de saber que nós temos Pepper sob custódia e
nós estamos lidando com ele. Ele afirma que você o colocou para roubar as penas, mas eu vou
fingir que eu não ouvi. Uma última coisa. Considere isso uma espécie de agradecimento: dê
um bom e limpo corte no meio da marca no seu pulso,” ele disse, serrando seu próprio pulso
com o lado da mão em demonstração.
- “O quê?”
Um sorriso sábio. “Pelo menos uma vez, apenas confie em mim.”
E ele tinha ido.
Eu inclinei minhas costas contra a árvore, tentando desacelerar o mundo tempo
suficiente para fazer sentido. Dante, morto. Devilcraft, demolido. A guerra, inexistente. Meu
juramento, cumprido. E Scott. Oh, Scott. Como eu contaria para Vee? Como eu poderia ajuda-
la a passar pela perda, o sofrimento, o desespero? Na estrada, como eu a encorajaria a seguir
em frente, quando eu não tinha tais planos para mim? Tentar substituir Patch – mesmo
tentando encontrar a felicidade, embora pequena, com outro alguém – seria uma mentira. Eu
era Nephilim agora, abençoada em viver para sempre, amaldiçoada por ter que fazê-lo sem o
Patch.
Passos sussurravam à frente, cortando a grama, um som familiar. Eu endureci, pronta
para atacar, quando um silhueta escura surgiu através do nevoeiro. Os olhos da figura
passavam pelo chão, claramente procurando por algo. Ele se agachou em cada corpo,
inspecionando com um fervor apressado, então chutou para o lado com uma maldição
impaciente.
- “Patch?”
Debruçado sobre um corpo em decomposição, ele congelou. Sua cabeça se levantou, e
seus olhos se estreitaram, como se incrédulo do que ele tinha ouvido. Seu olhar se prendeu
com o meu, algo indecifrável mudou em seus olhos negros. Alívio? Conforto? Libertação.
Eu corri em um frenesi que nos últimos diversos pés que nos separavam eu me joguei
em seus braços, enterrando meus dedos em sua camisa, enterrando meu rosto em seu
pescoço. “Deixe que isso seja real. Deixe que esse seja você. Não me deixe. Nunca me deixe.”
Eu comecei a chorar livremente. “Eu lutei com Dante. Eu o matei. Mas eu não pude salvar
Scott. Ele está morto. Devilcraft se foi, mas eu falhei com Scott.”
Patch murmurou sons suaves em meu ouvido, mas suas mãos balançavam onde elas
me seguravam. Ele me guiou para sentar em um banco de pedra, mas ele nunca me soltou,
segurando-me como se estivesse com medo de que eu escorresse entre seus dedos como
areia. Seus olhos, cansados e vermelhos, me disseram que ele tinha estado chorando.
Continue falando, eu disse para mim mesma. Continue sonhando. Qualquer coisa para
manter Patch aqui.
- “Eu vi Rixon.”
- “Ele está morto,” Patch disse bruscamente. “Assim como o resto deles. Dante nos liberou do
inferno, mas não antes de levar nossos juramentos de lealdade e injetar em nós um protótipo
de devilcraft. Era o único modo de sair. Nós deixamos o inferno com isso nadando em nossas
veias. Quando você destruiu o devilcraft, cada anjo caído sendo sustentado por ele morreu.”
Eu não podia estar sonhando. Eu devia estar, mas ao mesmo tempo, era tão real. Seu
toque, tão familiar, fazia meu coração bater e meu sangue derreter – eu não poderia fabricar
uma resposta tão enérgica para ele em um sonho.
- “Como você sobreviveu?”
- “Eu não fiz o juramento à Dante, eu não deixei ele injetar devilcraft em mim. Eu possuí Rixon
tem po o bastante apenas para escapar do inferno. Eu não confiava em Dante ou no devilcraft.
Eu confiava em você para acabar com ambos.”
- “Oh, Patch,” eu disse, minha voz tremendo. “Você tinha ido. Eu vi sua moto. Você nunca
voltou. Eu pensei – “ Meu coração rodopiou, uma profunda dor se expandindo para preencher
meu peito. ”Quando eu não salvei sua pena – “ A perda e devastação penetraram dentro de
mim como um frio de inverno, implacável e entorpecente. Eu me aconcheguei mais perto de
Patch, temendo que ele pudesse desaparecer pelas minhas mãos. Subi no seu colo, chorando
em seu peito.
Patch me embalou em seus braços, balançando-me. ‘ Anjo, ‘ ele murmurou na minha
mente. ‘Eu estou bem aqui. ’ ‘ Nós estamos juntos. ’ ‘Está acabado, e nós temos um ao outro. ’
Um ao outro. Juntos. Ele tinha voltado pra mim; tudo que importava estava bem aqui.
Patch estava bem aqui.
Secando meus olhos com minhas mangas. Eu empurrei meus joelhos e montei em seus
quadris. Eu penteava meus dedos pelo cabelo escuro dele, prendendo seus cachos entre eles e
trazendo-o para perto.
- “Eu quero estar com você,” eu disse. “Eu preciso de você perto, Patch. Eu preciso de você por
completo.”
Eu o beijei, frenética e ousada, minha boca vigorosamente esmagando a dele. Eu
pressionei mais profundamente, me afogando em seu gosto. Suas mãos apertaram minhas
costas, me puxando para mais perto. Eu moldei a palma das minhas mãos dos seus ombros,
para os braços, as coxas, sentindo seus músculos trabalharem, de modo tão real, forte e vivo.
Sua boca contra a minha, uma brilhante pressão necessitada.
- “Eu quero acordar com você a cada manhã e dormir ao seu lado toda noite,” Patch me disse
gravemente. “Eu quero cuidar de você, acariciar você e amar você de um jeito que nenhum
outro homem jamais poderia. Eu quero mimar você – cada beijo, cada toque, cada
pensamento, todos eles pertencem à você. Eu vou fazer você feliz. Todos os dias, eu vou fazer
você feliz.” O antigo, quase primitivo anel que ele mantinha entre os dedos foi pega pela luz do
sol, brilhando prata. “Eu encontrei esse anel pouco depois de ser banido do Céu. Eu fiquei com
ele para me lembrar de quão interminável minha sentença era, de quão eternal uma pequena
escolha pode ser. Eu fiquei com ele por muito tempo. Eu quero que você fique com ele. Você
acabou com meu sofrimento. Você tem me dado uma nova eternidade. Seja minha garota,
Nora. Seja meu tudo.”
Mordi o lábio, agarrando um sorriso que ameaçou dividir meu rosto. Eu verifiquei o
chão para me certificar de que eu não estava flutuando. “Patch?”
Ele raspou a borda áspera do anel fino em sua mão, levantando um rastro fino de
sangue. “Eu juro a você, Nora Grey, nesse dia, de agora em diante e para sempre, de me doar a
você. Eu sou seu. Meu amor, meu corpo, minha alma – eu coloco em sua posse e proteção.”
Ele estendeu o anel, uma oferta única, uma promessa.
- “Patch,” eu sussurrei.
- “Se eu falhar, minha própria infelicidade e arrependimento serão o meu castigo eterno.” Seus
olhos se prenderam nos meus, uma sinceridade clara despojada em seu olhar. ‘ Mas eu não vou
falhar, Anjo. Eu não vou falhar com você. ’
Eu aceitei o anel, prestes a cortar o canto da minha palma como Patch tinha feito.
Então eu me lembrei da advertência enigmática de Basso. Deslizando o anel mais acima, eu
rasguei a marcação como um lápis que eu tinha no meu pulso, com que eu tinha nascido –
marca da minha herança Nephilim. Sangue vermelho brilhante manchava a minha pele. Eu
encaixei minha incisão firmemente contra a mão de Patch, sentindo uma sensação de
agulhadas e alfinetadas acolhedora, onde nosso sangue se misturava.
- “Eu juro a você, Patch, pegar o seu amor e cuidar dele. E em troca, eu te dou meu corpo e
meu coração – tudo que eu possuo, eu te dou. Eu sou sua. Total e completamente. Me ame.
Me proteja. Me satisfaça. E eu prometo fazer o mesmo.”
Ele empurrou o anel no meu dedo.
Patch estremeceu inesperadamente, como se uma tensão poderosa tivesse percorrido
todo o seu corpo. “Minha mão,” ele disse, baixo, “Minha mão está – “
Seus olhos se encontraram com os meus. Uma queimadura lenta de confusão encheu
sua expressão. “Minha mão está formigando onde você misturou o nosso sangue.”
- “Você sentiu,” eu disse, assustada demais para acreditar que pudesse ser verdade. Com
medo de criar esperanças. Medo de que o truque iria desaparecer, e seu corpo mais uma vez
se desligar ao meu.
Não. Esse era o presente de Basso para mim.
Patch, um anjo caído, podia sentir. Todos os meus beijos, cada toque. Meu calor, a
profundidade da minha resposta a ele.
Ele fez um som que estava preso entre uma risada e um gemido. O espanto iluminou
seus olhos. “Eu sinto você.” Suas mãos percorriam meus braços, apressadamente explorando
minha pele, pegando meu rosto. Ele me beijou, com força. Ele estremeceu de prazer.
Patch me pegou em seus braços, e eu gritei de alegria. “Vamos sair daqui,” ele
murmurou, seus olhos brilhando de desejo.
Eu passei meus braços em volta do seu pescoço e aninhei minha cabeça na curva do
seu ombro. Seu corpo era uma segurança sólida, um contraponto quente. E agora ele podia
me sentir também. Uma onda de expectativa queimava sob minha pele.
Era isso. Juntos. Para sempre. Conforme deixamos tudo pra trás, o sol aquecia a minha
volta, iluminando o caminho diante de nós.
Eu não tinha um melhor pressentimento.
EPÍLOGO
Três anos depois...
HODDER VALLEY, LANCASHIRE, INGLATERRA.
- “Okay, você ganhou,” eu soprei, empurrando minha cadeira e olhando Vee com
admiração enquanto ela entrava na sacristia da igreja, carregando a bainha do seu
vestido de seda que ia até do chão de estanho. A luz da janela de vitral parecia definir
o tecido inflamando com uma brilhante cor metálica. “Eu sei que eu te disse para ficar
com o branco tradicional, mas eu estava errada. Vee, você está belíssima.”
Ela girou, mostrando as botas de combate que eu não via desde o ensino
médio. “Algo antigo,” Vee disse.
Eu mordi o lábio. “Eu acho que vou chorar.”
- “Você é que vai pegar meu buquê, certo? E então me devolver quando ninguém
estiver olhando para que eu possa tê-lo profissionalmente seco e emoldurado – e
então você pode zombar de mim o resto da minha vida por ser tão trabalhoso?”
- “Eu sou Nephilim. Eu terei essas flores nas minhas mãos antes que os cérebros dos
seus outros amigos tenham registrado que você as jogou.”
Vee deu um suspiro de felicidade. “Babe, estou tão feliz que você veio.”
- “Precisaria de muito mais do que cinco mil quilômetros para me impedir de vir ao
casamento da minha melhor amiga.” Eu sorri sugestivamente. “Onde vocês vão passar
a lua de mel?”
- “Gavin não vai dizer. Esse é o grande segredo dele. Ele tem tudo planejado. Eu disse a
ele que eu só tinha um pedido: um hotel com rosquinhas no menu de serviço de
quarto. Nós ficaremos dez dias. Quando nós voltarmos, nós dois vamos começar a
procurar empregos.”
- “Você já pensou em voltar?”
- “Para Coldwater? Diabos, não. A Inglaterra combina bem comigo. Esses britânicos
amam meu sotaque. A primeira vez que Gavin me chamou para sair foi por apenas
para me ouvir falar. Para sorte dele, é uma das melhores coisas que eu faço.” Todas as
provocações deixaram seus olhos. “Muitas lembranças se voltar para casa. Não posso
passar pela rua sem pensar que vi o Scott no meio da multidão. Você acha que existe
vida após a morte? Você acha que ele está feliz?”
Minha garganta ficou instável, ferida demais para falar. Não havia um dia desde
a morte de Scott que não tivesse separado um pequeno e tranquilo momento para
mandar gratidão por seu sacrifício.
- “Ele deveria estar aqui. Eu queria pra caramba que ele estivesse,” Vee disse,
inclinando a cabeça e lascando suas unhas recém-pintadas.
- “Eu também.” Eu apertei as mãos dela.
- “Sua mãe me disse que Marcie morreu dois meses atrás.”
- “Ela viveu mais do que qualquer um esperava.”
- “Uma maçã podre até o fim?”
- “Minha mãe foi ao funeral dela. Cinco pessoas no total, incluindo a mãe de Marcie.”
Vee deu de ombros, antipática. “Um carma, viva e bem...”
A porta de carvalho arqueada através da porta se abriu, e minha mãe colocou a
cabeça pra dentro. Ela tinha voado para cá há uma semana para ser a co-planejadora
do casamento do lado da mãe de Vee, e eu acho que ela estava secretamente
deleitando-se com o papel. Ela finalmente aceitou que Patch e eu – uma cogitação que
ela tinha se acostumado gradualmente com o passar dos anos – tínhamos jurado
nossos votos debaixo do Céu, selado com sangue, e nunca iríamos fazer essa coisa de
enorme casamento branco, e essa era a chance dela. A ironia disso tudo. Quem iria
imaginar que Vee seguiria um caminho mais tradicional do que eu?
Minha mãe sorriu para nós. “Sequem esses olhos, minhas queridas, está quase
na hora.”
Eu mexi no coque frouxo de Vee, provocando mais alguns fios soltos para
emoldurar seu rosto, e coloquei flores perfumadas jasmins-de-madagascar na coroa.
Depois que eu terminei, Vee lançou os braços ao redor de mim, balançando-me para
frente e para trás num abraço animado, quando ambas ouvimos um rasgo na costura.
- “Malditos sejam,” Vee disse, girando em volta para examinar o rasgado da costura do
vestido. “Eu pedi um tamanho menor planejando perder cinco quilos para o
casamento. Eu não me chamaria de gorda, mas eu poderia perder um pouco de massa
Nephilim. O problema foi, que nunca houve escassez de bolinhos no meu armário.”
Eu não pude evitar, eu explodi em um ataque de risos.
- “Estou vendo. Eu vou ter que caminhar na frente de todas essas pessoas com minhas
calcinhas balançando no ar, e você nem liga,” Vee disse, mas ela, também, estava rindo.
Ela pegou um band-aid de sua bolsa e bateu sobre o tecido rasgado.
Rimos tanto que ficamos com o rosto vermelho, com falta de ar.
A porta se abriu pela segunda vez. “Seus lugares! Se apressem!” minha mãe
disse, me conduzindo para fora. Uma música de órgão ecoava da capela. Eu me arrastei
para o fundo da fila de damas de honra, onde todas usavam idênticos vestidos sereia
de tafetá amarelo, e aceitei meu buquê de lírios brancos do irmão de Vee, Mike. Vee
tomou seu lugar ao meu lado e respirou fundo.
- “Pronta?” eu perguntei.
Ela piscou. “E disposta.”
Assistentes parados em ambos os lados das portas maciças entalhadas,
abriram-nas. De braços dados, Vee e eu caminhamos para dentro da capela.
Depois do casamento, nós tiramos fotos do lado de fora. O sol brilhante da
tarde derramava luz sobre pastos verdes com ovelhas pitorescas pastando à distância.
Por tudo isso, Vee brilhava, parecendo mais serena e radiante do que eu jamais tinha
visto. Gavin segurou sua mão, acariciou sua bochecha, sussurrou em seu ouvido. Vee
não me disse que ele era humano, mas eu soube imediatamente. Uma vez que Vee não
tinha jurado fidelidade, eles poderiam envelhecer juntos. Eu não sabia como seu
envelhecimento, ou o meu aliás, iria funcionar, já que até agora era inédito para um
Nephil viver indefinidamente sem ser forçado a jurar fidelidade. De qualquer modo, ela
era imortal. Algum dia Gavin iria morrer, sem saber que sua esposa não o seguiria para
o outro mundo. Eu não mantive a omissão de Vee contra ela; eu a admirava por
conquistar um tempo de memórias felizes. Eu não conhecia Gavin antes de hoje, mas
sua adoração e amor por ela era óbvio, e realmente, o que mais eu poderia pedir?
A recepção, também, foi ao ar livre, debaixo de uma grande tenda branca. Com
os flashes das câmeras ainda aparecendo por trás dos meus olhos, eu caminhei para o
bar e pedi água com gás. Casais estavam dançando ao som da orquestra ao vivo, mas
eu quase não os notei. Meu foco se voltou isoladamente em Patch.
Ele estava impecável para o casamento, vestindo um smoking preto sob medida
e seu melhor sorriso depravado. O smoking emoldurou seu porte atlético, e o sorriso
colocava uma dose de adrenalina no meu coração. Ele me viu, também, seus olhos
negros aquecendo com carinho e desejo. Um rubor de expectativa queimava sob
minha pele. Eu estava separada dele a maior parte do dia, e agora eu o queria. Muito.
Patch fez seu caminho, bebendo um copo de vinho. Seu smoking pendurado no
ombro, o cabelo enrolando por causa da humidade. “Tem uma pousada no final da rua.
Um celeiro atrás daquelas árvores ali, se você estiver se sentindo saidinha,” ele disse,
claramente não tendo dúvidas quanto à direção dos meus pensamentos.
- “Você acabou de dizer ‘saidinha’?”
As mãos de Patch caíram nos meus quadris, me puxando para perto. “É. Precisa
de uma demonstração?” Ele me beijou uma vez. Então novamente, fazendo alguns
movimentos criativos com sua língua. “Eu te amo.”
- “Palavras que eu nunca vou me cansar de ouvir.”
Ele tirou meus cachos em volta do meu rosto. “Eu nunca imaginei minha vida
tão completa. Eu nunca achei que eu teria tudo o que eu quero. Você é tudo para mim,
Anjo.”
Suas palavras preencheram todo o meu coração. Eu o amava de uma maneira
que eu nunca seria capaz de expressar em palavras. Ele era parte de mim. E eu era
parte dele. Unidos pelo resto da eternidade. Eu me inclinei e o beijei. “Talvez eu aceite
sua oferta. Uma pousada singular no campo, você disse?”
‘Cadillac está estacionado na frente, ou eu tenho uma moto nos fundos, ’ Patch falou
nos meus pensamentos. ‘Saída tradicional ou fuga?’
Eu, pessoalmente, tinha tido bastante tradição por um dia. ‘Fuga. ’
Patch me pegou em seus braços, e eu gritei de alegria quando ele me carregou
para a parte de trás da igreja. Nós viramos em sua moto e disparamos até a estrada,
voando sobre as colinas verdes em direção à pousada.
Dentro do nosso quarto acolhedor e privado, eu alcancei e puxei sua gravata de
seda, desfazendo o nó. “Você se veste para impressionar,” eu disse com aprovação.
- “Não, Anjo.” Ele se inclinou, seus dentes suavemente passando pela minha orelha. “Eu
tiro a roupa para impressionar.”