Ugh.

- Não é só matemática, Marcie. Também preciso pensar. Sobre o que

aconteceu a noite, e como prevenir para que não aconteça outra vez. Não vou

jurar fidelidade. – Disse com determinação. – E não quero que mais nephilins

façam isso também.

Marcie fez um som de exasperação.

- Você é igual ao meu pai. Só por uma vez, deixe de ser tão...

- Nephil? – Sugeri. – Um fenômeno anormal e um acidente da natureza?

Focada?

Marcie apertou suas mãos tão fortes, que ficaram vermelhas de sangue.

Por fim levantou o queixo. Desafio e orgulho brilharam em seus olhos.

- Sim. Um mutante, um monstro, um fenômeno. Como eu.

Levantei minhas sobrancelhas..

- Então, isso é tudo? Finalmente vai aceitar o que você é?

Um tímido sorriso apareceu no seu rosto.

- Bom, sim.

- Eu gosto mais dessa versão de você. – Eu disse.

- Gosto mais dessa versão de você. – Marcie se levantou, pegando sua

bolsa da mesa. – Temos um chamado para ir a compras ou o que?

Não tinham passado duas horas depois que o sinal tinha tocado, e

Marcie já tinha gastado quase 400 dólares em um casaco de lã, uns jeans e

alguns acessórios. Eu não tinha gastado 400 nem com todo o meu guarda

roupas em um ano. Eu imaginei o que teria acontecido comigo se eu tivesse

crescido na casa de Hank; não pensaria duas vezes antes de gastar todo o meu

cartão de crédito durante uma tarde. Na verdade, eu gostaria de ter um cartão

de crédito.

Macie dirigia, já que ela já tinha reclamado duas vezes que não queria ser

vista no meu carro, e eu não a culpava, essa tinha sido uma mensagem clara. Ela

tinha dinheiro e eu não. Hank tinha me deixado o seu maldito exército e para

ela a sua herança. Dizer que era injusto, não era o suficiente.

- Podemos fazer uma parada rápida? – Perguntei a Marcie. – Está um

pouco longe do caminho, mas preciso pegar uma coisa na casa do meu amigo,

Dante. – Me senti tonta diante da ideia de ver as fotos de Patch e Dabria, mas

queria acabar com isso de uma vez. Não tinha paciência para esperar até que

Dante me entregasse. Já que não tinha como saber se ele já tinha feito, então

resolvi ser proativa.

- Dante? Conheço ele?

- Não. Ele não vai pra escola. Pega a próxima a direito. Ele mora perto de

Casco Bay. – Disse a ela.

A ironia desse momento não podia passar despercebida. Durante o

verão, acusei Patch de se envolver com Marcie. Agora, alguns meses depois, eu

estava no banco do passageiro do carro dela, indo investigar a mesma história..

só que com uma garota diferente.

Pressionei a unha da mão entre os meus olhos. Talvez devesse deixar

passar. Talvez isso dissesse muito sobre as minhas inseguranças e simplesmente

deveria confiar em Patch incondicionalmente. O ponto era, eu confiava nele.

E então, lá estava Dabria.

Até por que, se Patch fosse inocente, e eu esperava com todas as minhas

forças que ele fosse, não tinha nada de mal em ver as fotos.

Marcie seguiu minhas instruções até a casa de Dante e imediatamente

fez um som de apreciação quando viu a arquitetura.

- Esse Dante, amigo seu, tem estilo. – Disse ela, varrendo com os olhos a

excelência da casa estilo Rainha Anne, localizado atrás de um gramado.

- Os amigos dele deixaram tudo que tinham pra ele. – Disse. – Não se

preocupe em sair, simplesmente vou correr até a porta e pegar o que preciso.

- De jeito nenhum, tenho que ver o interior. – Disse ela saindo, antes que

eu pudesse detê-la. – Dante tem namorada? – Colocou seus óculos de sol em

cima da cabeça, admirando descaradamente, a riqueza dele.

Sim, eu pensei. E obviamente estava fazendo um trabalho incrível para

manter a farsa. Incluindo minha meia irmã, que dormia no mesmo corredor que

eu, não sabia nada sobre o meu novo ‘namorado’.

Subimos no alpendre e tocamos a campainha. Esperamos e tocamos

outra vez. Colocando as mãos em volta dos meus olhos, olhei pela janela a sala

escura. Que sorte a minha, passar quando ele não estava em casa.

- Yuhu! Meninas, estão procurando o jovem que mora aí?

Marcie e eu viramos para encontra uma senhora de pé na calçada. Tinha

colocado umas pantufas rosadas, rolinhos rosados no cabelo e um pequeno

cachorro preto ao extremo de uma coleira.

- Estamos procurando Dante. – Eu disse. – A senhora é vizinha dele?

- Me mudei com a minha filha e o marido dela no começo do verão. Na

rua de baixo. – Ela disse, sinalizando a rua atrás dela. – Meu marido, John,

faleceu. Que Deus o tenha, e agora está em um asilo, ou fica na casa do meu

filho. Ele nunca abaixa o assento do vaso. – Nos informou.

<< Do que ela está falando? >> Perguntou Marcie nos meus

pensamentos. << E, ooooi, esse cachorro precisa de um banho. Posso sentir

o cheiro dele daqui. >>

Coloquei um sorriso agradável no rosto, e desci os degraus da varanda.

- Sou Nora Grey. Sou amiga do rapaz que vive aqui, Dante Materazzi.

- Materazzi? Sabia! Sabia que ele era italiano! Um nome como esse grita

italiano. Eles estão invadindo nossas costas. – Disse a mulher. – Quando nos

dermos conta, vou compartilhar o meu jardim com o próprio Mussolini. – Como

para confirmar o que ela estava dizendo, o cachorro deu um grunhido de

consentimento.

Marcie e eu nos olhamos, e ela deixou seus olhos só na parte branca. Eu

disse a mulher: - A senhora viu Dante hoje?

- Hoje? Por que veria ele hoje? Acabo de te dizer que ele se mudou. Faz

dois dias. Foi no meio da noite, só como um italiano faria. Dissimulado e astuto

como um mafioso siciliano. Com más intenções, tô dizendo pra vocês.

- Deve estar equivocada. Dante ainda mora aqui. – Eu disse tentando

manter um tom cordial.

- Ah, esse rapaz está nas últimas. Sempre isolado e tão pouco amigável.

Desde o dia em que chegou. Nem sequer disse um oi. Um rapaz como ele, em

um bairro como esse bom e respeitável, não é nada bom. Só durou um mês, e

não posso dizer que estou triste por vê-lo partir. Deveria haver leis contra os

inquilinos neste bairro, que tiram o piso do valor das casas como eles fazem.

- Dante não está alugando. Ele é o dono. Os amigos dele deixaram de

herança.

- Foi isso que ele te disse? – Ela sacudiu a cabeça, me olhando com seus

olhos azuis aguçados, como se eu fosse a pessoa mais estúpida do mundo. –

Meu genro é o dono dessa casa. Tem estado na família dele por anos. Ele só iria

alugar durante o verão, antes que a economia entrasse em colapso. Antes,

quando se podia fazer dinheiro com o turismo. Agora temos que aluga-la para

italianos mafiosos.

- Deve estar equivocada... – Comecei a dizer pela segunda vez.

- Revise os registros do condado! Eles não mentem. Não posso dizer o

mesmo dos sombrios italianos.

O cachorro corria em círculos em volta das pernas da mulher, atando ela

com a coleira. De vez em quando parava e dava a Marcie um grunhido gutural

de advertência. Depois voltava a correr em círculos. A mulher se desatou

sozinha e caminhou rua a baixo.

Fiquei olhando para ela. Dante era o dono da casa, não estava alugando.

Uma sensação esquisita de apossou do meu peito. Se Dante tivesse ido,

como ia conseguir mais devilcraft? Quase não tinha sobrado nada. Só me

restava o suficiente para um dia. Dois se eu dividisse ao meio.

- Bom, acho que alguém está mentindo. – Disse Marcie. – Acho que é ela.

Nunca confio nos velhos, principalmente nos mal humorados.

Quase não a escutei. Tratei de ligar para o celular de Dante, rezando para

que ele respondesse, mas não obtive resposta. Nem sequer o correio de voz

dele.

Ajudei a Marcie a levar suas bolsas para dentro, minha mãe desceu as

escadas e se juntou a nós.

- Um de seus amigos deixou isso aqui. – Ela disse, me entregando um

envelope de papel. – Disse que seu nome era Dante. Deveria conhecer ele? –

Insistiu.

Tratei de não ficar ansiosa quando peguei o envelope.

- É um amigo de Scott. – Expliquei.

Minha mãe e Marcie, mantiveram seus olhos sobre o envelope, olhando

cheias de expectativa.

- Provavelmente é algo que quer que eu entregue a Scott. – Menti, sem

querer gerar atenção extra para a situação.

- Parecia maior que seus amigos. Não estou totalmente a vontade sobre

o fato de você sair com meninos mais velhos que você. – Disse minha mãe.

- Como disse, é um amigo de Scott. – Respondi evasivamente.

No meu quarto, respirei fundo e tirei o selo do envelope. Tirei várias

fotografias ampliadas. Todas em preto e branco.

As primeiras foram tiradas a noite. Patch passeando por uma rua deserta.

Patch fazendo vigilância na sua moto. Patch falando em um telefone público.

Nada de novo, já que eu sabia que ele estava trabalhando para encontrar o

chantagista de Pepper.

A foto seguinte era de Patch e Dabria.

Estavam na nova caminhonete Ford F-150 preta do Patch. Uma pequena

garoa atravessava o farol acima deles. Dabria tinha seus braços ao redor do

pescoço dele, com um tímido sorriso dançando em seus lábios. Estavam presos

em um abraço e Patch não parecia estar oferecendo resistência.

Passei as últimas três imagens rapidamente. Meu estômago revirou e

sabia que eu ia vomitar. Beijos.

Dabria beijando Patch. Ali mesmo, nas fotos.

CAPÍTULO

25

EU ESTAVA SENTADA NO CHÃO DO BANHEIRO, MINHAS COSTAS CONTRA O BOX.

Meus joelhos estavam dobrados, e mesmo que o aquecedor estivesse ligado, eu me

sentia fria e úmida. Uma garrafa vazia de devilcraft estava posta do meu lado. Era a

última do meu suprimento. Eu mal me lembrava de tê-la bebido. Uma garrafa inteira

tinha ido, e nada tinha feito por mim. Mesmo isso não poderia me fazer imune ao

desespero desalentador.

Eu confiava em Patch. Eu o amava demais para acreditar que ele me magoaria

dessa maneira. Tinha que haver uma razão, uma explicação.

Uma explicação. A palavra ecoava na minha cabeça, vazia e provocando.

Uma batida soou da porta.

- “Nós temos que dividir o banheiro, lembra? Eu tenho a bexiga do tamanho de um

esquilo,” Marcie disse.

Eu era lenta para me levantar. De todas as coisas absurdas para me preocupar,

eu imaginei se Dabria beijava melhor. Se Patch quisesse eu seria mais como ela. Astuta,

fria, sofisticada. Imaginei o exato momento que ele tinha voltado pra ela. Eu imaginava

que se ele não tinha terminado comigo ainda era porque ele sabia como eu ficaria

devastada.

Ainda.

Um pesado sentimento de incerteza pesou sobre mim.

Eu abri a porta e passei por Marcie. Eu tinha dado cinco passos pelo corredor

quando senti seus olhos nas minhas costas.

- “Você está bem?” ela perguntou.

- “Eu não quero falar sobre isso.”

- “Ei, espera aí. Nora? Você está chorando?”

Eu passei meus dedos sob meus olhos, surpresa por descobrir que eu estava

chorando. Todo o momento parecia congelado e distante. Como se estivesse

acontecendo muito longe, em um sonho.

Sem me virar eu disse, “Eu vou sair. Você pode me acobertar? Posso não chegar

pro toque de recolher.”

Eu parei uma vez no meu caminho para a casa do Patch. Eu desviei o

Volkswagen bruscamente para o acostamento, saí de dentro dele, e andei de ombros.

Estava completamente escuro e frio o bastante que eu desejava ter trazido meu casaco.

Eu não sabia o que diria quando visse ele. Eu não queria lançar uma explosão delirante.

Eu não queria me reduzir chorando, também.

Eu tinha trazido as fotos comigo, e no fim, eu decidi que elas poderiam fazer a

conversa. Eu as seguraria para ele e limitaria minha pergunta em um sucinto, “Por

quê?”

O frio que se instalou dentro de mim como uma geada derreteu no momento

que eu vi o Bugatti de Dabria estacionado do lado de fora do condomínio de Patch.

Travei a meia quadra de distância, engolindo em seco. Um nó de raiva cresceu na

minha garganta, e saí do carro.

Eu prendi minha chave na fechadura da casa e entrei. A única luz vinha de uma

lâmpada ligada no fim da mesa da sala de estar. Dabria estava andando pela janela da

varanda, mas parou quando me viu.

- “O que você está fazendo aqui?” ela perguntou, visivelmente assustada.

Eu sacudi minha cabeça iradamente. “Não. Essa fala é minha. Essa é a casa do

meu namorado, o que dessa pergunta minha, exclusivamente. Onde ele está?” Eu

demandei. Já caminhando para o corredor que leva ao quarto principal.

- “Não se incomode. Ele não esta aqui.”

Eu me virei. Dei a Dabria um olhar de incredulidade, nojo e ameaça, todos em

um só. “Então. O. Que. Você. Está. Fazendo. Aqui?” Eu enunciei cada palavra, eu podia

sentir a raiva borbulhando dentro de mim e eu não tentei acalmá-la. Dabria tinha

previsto isso.

- “Estou encrencada, Nora.” Seu lábio estremeceu.

- “Eu mesma não poderia ter dito melhor.” Eu arremessei o envelope de fotos para ela.

Caíram perto dos pés dela. “Como se sente sabendo que você é uma ladra de

namorados? É isso que faz você se sentir bem, Dabria? Pegar o que não pertence a

você? Ou é apenas o ato de destruir uma coisa boa que você gosta?”

Dabria curvou-se para recuperar o envelope, mas ela segurou meus olhos todo

o tempo. Suas sobrancelhas enrugaram-se com uma cautelosa dúvida. Eu não podia

acreditar que ela tinha a audácia de agir como se não soubesse.

- “Caminhonete no Patch.” Eu enfureci. “Você e ele, alguma noite dessa semana, juntos

na caminhonete dele. Você o beijou!”

Ela quebrou o contato visual apenas o bastante para espreitar dentro do

envelope. Ela sentou na almofada do sofá. “Você não...”

- “Oh, eu acho que sim. Você não é tão difícil de descobrir. Você não tem senso de

respeito ou dignidade. Você leva o que você quer, e esquece todos os outros. Você

queria Patch, e parece que você conseguiu tê-lo.” Agora minha voz travou e meus

olhos queimaram. Eu tentei piscar as lágrimas para longe, mas elas estavam vindo

muito rápido.

- “Eu estou encrencada porque cometi um erro enquanto fazia um favor para Patch.”

Dabria disse numa voz suave, preocupada, claramente esquecida das minhas

acusações. “Patch me disse que Blakely está desenvolvendo devilcraft para Dante, e

que o laboratório precisa ser destruído. Ele disse que se eu me deparasse com

informações que pudessem levar ele a Blakely, ou ao laboratório, eu deveria dizer a ele

imediatamente.”

“Duas noites atrás, bem tarde, um grupo de Nephilins veio até mim, querendo

que sua sorte fosse dita. Eu rapidamente soube que eles eram empregados como

guarda costas do exército do Mão Negra. Até aquela noite, eles tinham servido como

guardas de um Nephil muito poderoso e importante chamado Blakely. Eles prenderam

minha atenção. Eles continuaram me dizendo que o trabalho deles era entediante e

rotineiro, e as horas longas. Mais cedo naquela noite, eles tinham concordado em jogar

um jogo de pôquer para passar o tempo, embora jogos ou distrações de qualquer tipo

fossem proibidos.”

“Um dos homens deixou seu posto para comprar um baralho. Eles jogaram

apenas poucos minutos antes de serem descobertos pelo comandante deles. Ele

imediatamente os demitiu e expulsou com desonra do exército. O líder dos soldados

demitidos, Hanoth, estava desesperado para ter seu emprego de volta. Ele tem família

aqui e se preocupa em ajuda-los, e a segurança deles se eles forem punidos ou

expulsos pelos crimes dele. Ele veio para mim, esperando que eu dissesse a ele se

haveria alguma chance dele ter seu emprego de volta.”

“Eu disse a sorte dele primeiro. Senti um grande estimulo para dizer a Hanoth a

verdade: que seu ex-comandante procurou prender e torturar ele, e ele deveria deixar a

cidade imediatamente com sua família. Mas também que se eu dissesse isso a ele,

perderia toda a esperança de encontrar Blakely. Então eu menti. Menti por Patch.”

“Eu disse a Hanoth que ele deveria resolver suas preocupações diretamente

com Blakely. Eu disse que se ele implorasse por perdão, Blakely o perdoaria. Eu sabia

que se Hanoth acreditasse na minha profecia, ele me levaria até Blakely. Eu queria fazer

isso por Patch. Depois de tudo que ele tem feito por mim, me dando uma segunda

chance quando ninguém mais deu” – seus olhos marejados piscaram para os meus –

“era o mínimo que eu podia fazer. Eu o amo,” ela declarou simplesmente, encontrando

meu olhar duro, sem vacilar. “Sempre irei. Ele foi meu primeiro amor, e não vou

esquecê-lo. Mas ele ama você agora.” Ela deu um olhar desanimado. “Talvez chegue o

dia em que vocês não estejam tão sérios, e eu estarei esperando.”

- “Não conte com isso,” eu disse. “Continue falando. Chegue na parte em que você

explica essas fotos.” Eu olhei para o envelope no sofá. Ele parecia tomar muito espaço

na sala. Eu queria rasgar as fotos e arremessar o que restasse na lareira.

- “Hanoth pareceu acreditar na minha mentira. Ele partiu com seus homens, e eu os

segui. Tomei todo o cuidado pra não ser detectada. Eles me deixavam em

desvantagem, e se eles me pegassem, eu sabia que estaria em grande perigo.”

“Eles deixaram Coldwater, sentido Nordeste. Eu os segui por mais de uma hora.

Eu achei que devia estar chegando perto de Blakely. As cidades tinham ficado pra trás

e nós estávamos longe na zona rural. Os nephilins desceram uma estrada estreita, e eu

segui.

Aí então, que eu soube que tinha algo errado. Eles estacionaram no meio da

estrada. Quatro dos cinco saíram do carro. Eu os senti apressando-se para sair, aos

meus lados e atrás de mim, criando uma rede na escuridão para me cercar. Eu não sei

como eles descobriram que eu estava seguindo eles. Eu dirigi todo o caminho com os

faróis apagados e fiquei longe o bastante que eu quase perdi eles várias vezes.

Temendo que já fosse tarde demais, eu fiz a única coisa que eu podia. Corri a pé em

direção ao rio.

Eu chamei Patch, dizendo tudo para ele em uma mensagem. Então eu atravessei

a correnteza do rio, esperando que a turbulência da água diminuísse a habilidade deles

de me ouvirem ou me sentirem.

Eles chegaram perto de mim muitas vezes. Eu tive que deixar o rio e correr para

a floresta. Eu não podia dizer em qual direção eu estava correndo. Mas mesmo se eu

corresse até uma cidade, eu não estaria a salvo. Se alguém testemunhasse Hanoth e

seus homens me atacando, os nephilins apenas apagariam suas memórias. Então eu

corri o mais rápido e mais longe que eu pude.

“Quando Patch finalmente ligou de volta, eu estava escondida numa serraria

abandonada. Eu não sei quanto tempo mais eu teria continuado correndo. Não muito.”

Lágrimas brilharam nos olhos dela. “Ele veio para mim. Ele me tirou de lá. Mesmo

quando eu falhei em encontrar Blakely.” Ela alisou o cabelo atrás da orelhas e fungou.

“Ele me levou até Portland e garantiu que eu tivesse um lugar seguro para ficar. Antes

de eu sair da caminhonete dele, eu o beijei.” Os olhos dela encontraram os meus. Eu

não sabia dizer se eles brilhavam com um desafio ou um pedido de desculpas. “Eu

comecei, e ele imediatamente terminou. Eu sei o que parece nas fotos, mas era meu

modo de agradecer a ele. Tinha acabado antes de começar. Ele fez questão disso.”

Dabria estremeceu de repente, como se fosse puxada por uma mão invisível.

Seus olhos rolaram e ficaram brancos por um momento, e então voltaram ao habitual

azul ártico. “Se você não acredita em mim, pergunte para ele. Ele estará aqui em menos

de um minuto.”

CAPÍTULO

26

EU NUNCA ACREDITEI QUE DABRIA VERDADEIRAMENTE TINHA O DOM DA CLARIVIDÊNCIA

E PROFECIA – não depois que ela tinha caído, de qualquer maneira – mas ela estava

fazendo um bom trabalho recentemente de convencer-me a mudar a minha opinião.

Menos de um minuto depois, a porta da garagem do Patch abriu com um zumbido

baixo, e ele apareceu no topo da escada. Ele parecia um pouco pior para o desgaste -

linhas de cansaço gravaram seu rosto, e seus olhos tinham uma ponta de cansaço - e

ver Dabria e eu de pé em um confronto em sua sala de estar não parece melhorar seu

humor.

Ele considerava-nos com olhos escuros, avaliando. "Isso não pode ser bom."

- "Eu vou primeiro", Dabria começou, sugando a respiração tremendo.

- "Nem perto", eu respondi. Eu encarei Patch diretamente, cortando Dabria de fora da

conversa. "Ela beijou você! E Dante, que tem seguido você, por sinal, pegou a câmera.

Imagine minha surpresa quando é isso que eu tenho uma completa visão de hoje mais

cedo. Você ao menos pensou em me contar?"

- "Eu disse a ela que eu beijei você, e que você me afastou", Dabria protestou

estridentemente.

- "O que você ainda está fazendo aqui?" Eu explodi com Dabria. "Isso é entre mim e

Patch. Saia já!"

- "O que você está fazendo aqui?" Patch ecoou para Dabria, seu tom de nitidez.

- "Eu - despedacei," ela estalou. "Eu estava com medo. Eu não conseguia dormir. Eu

não consigo parar de pensar Hanoth e nos outros nephilins."

- "Você deve estar brincando comigo", eu disse. Eu olhei para Patch para aprovação,

esperando que ele não ia se cair na estratégia de donzela indefesa dela.

Dabria tinha vindo aqui esta noite à procura de uma determinado tipo de conforto, e

eu não aprovo. Nem um pouco.

- "Volte para o esconderijo," Patch ordenou Dabria. "Se você ficasse, você estaria

segura." Apesar de seu cansaço, as suas palavras adotaram uma nota dura. "Esta é a

última vez que eu vou dizer para você manter sua cabeça baixa e ficar fora de

problemas."

- "Por quanto tempo?" Dabria praticamente choramingou. "Estou sozinha lá. Todo

mundo na casa é humano. Eles olham para mim engraçado." Seus olhos insistiram com

ele. "Eu posso te ajudar. Desta vez eu não vou cometer erros. Se você me deixar ficar

aqui."

- "Vá," Patch ordenou-lhe bruscamente. "Você já despertou bastantes problemas. Com

Nora, e com os Nephilins que você seguiu. Não podemos ter certeza de que

conclusões eles tiraram, mas uma coisa é certa. Eles sabem que você está atrás Blakely.

Se eles têm um cérebro pelo menos, eles também descobriram que significa que você

sabe por que Blakely é vital para a operação deles, e o que ele está fazendo naquele

laboratório secreto dele, onde quer que seja. Eu não ficaria surpreso se eles mudaram

toda a operação. E estamos de volta ao estágio um, menos perto de encontrar Blakely

e incapacitar o devilcraft,"Patch adicionou com frustração.

- "Eu só estava tentando ajudar", Dabria sussurrou, os lábios tremendo. Com um último

olhar para Patch que se assemelhava ao de um cachorro repreendido, ela saiu.

O que deixou eu e Patch sozinhos. Ele atravessou a sala sem hesitar, mesmo que eu

tenha certeza de que a minha expressão estava longe de ser convidativa. Ele descansou

sua testa contra a minha e fechou os olhos. Ele exalou, longo e lento, como sob um

peso de uma força invisível.

- "Eu sinto muito", ele disse calmamente e com remorso genuíno.

As palavras amargas, ‘Sente sobre o beijo, ou simplesmente sente por eu vi?"

Estavam na ponta da língua, pronta para sair, mas eu as engoli de volta. Eu estava

cansado de arrastar meu próprio peso invisível – compreendido com ciúmes e dúvida.

O arrependimento de Patch era tão forte que era quase palpável. Por mais que

eu não gostasse e desconfiasse de Dabria, eu não podia culpá-lo por salvar seu

traseiro. Ele era um homem melhor do que ele se deu crédito. Eu suspeitava que anos

atrás, um Patch muito diferente teria respondido com a situação de outra maneira. Ele

estava dando uma segunda chance Dabria - algo que ele, também, lutava diariamente.

- "Eu também sinto muito," eu murmurei no peito de Patch. Seus braços fortes

dobraram-me para um abraço. "Eu vi as fotos, e eu nunca estive tão chateada ou com

medo. O pensamento de perder você foi - inimaginável. Eu estava tão zangada com

ela. Eu ainda sou. Ela beijou você quando ela não deveria. E pelo que eu sei, ela vai

tentar de novo."

- "Ela não vai, porque eu vou deixar muito claro como as coisas estão a ser entre nós a

partir de agora. Ela cruzou a linha, e eu vou fazê-la pensar duas vezes antes de fazer

isso de novo," Patch disse com determinação. Ele inclinou meu queixo para cima e me

beijou, deixando os lábios permanecem quando ele falava. "Eu não estava esperando

para voltar para casa com você, mas agora que você está aqui, eu não tenho nenhuma

intenção de deixá-la ir."

Quente, a culpa dolorida passou por mim. Eu não poderia estar perto de Patch

e não sentir minhas mentiras penduradas entre nós. Eu menti para ele sobre devilcraft.

Eu ainda estava mentindo. Como eu poderia ter feito isso? Desgosto ferveu em mim,

cheio de vergonha e repugnância. Eu queria confessar tudo, mas por onde começar? Eu

tinha sido tão negligente, deixando as mentiras arderem fora de controle.

Eu abri minha boca para lhe dizer a verdade, quando mãos geladas pareceram

deslizar pelo meu pescoço e apertá-lo. Eu não podia falar. Eu mal podia respirar. Minha

garganta cheia de matéria espessa, como quando eu tinha tomado devilcraft pela

primeira vez. Uma voz externa penetrou em minha mente e raciocinou comigo.

Se eu dissesse a Patch, ele nunca confiaria em mim novamente. Ele nunca me

perdoaria. Eu só iria lhe causar mais dor, se eu dissesse a ele. Eu só tinha que passar

pelo Cheshvan, e então eu pararia de tomar devilcraft. Apenas um pouco mais. Apenas

mais algumas mentiras.

As mãos frias relaxaram. Eu respirei duramente.

- "Noite ocupada?" Eu perguntei a Patch, querendo avançar em nossa conversa

qualquer coisa para esquecer minhas mentiras.

Ele suspirou. "E não mais perto de derrubar o chantagista de Pepper. Eu fico

pensando que tem que ser alguém que eu observei, mas talvez eu esteja errado. Talvez

outro alguém. Alguém fora do meu radar. Eu tenho perseguido cada pista, mesmo

aqueles que parecem uma ligação. Tanto quanto eu posso dizer, todo mundo está

limpo."

- "Existe uma chance de Pepper está inventando? Talvez ele não esteja realmente

sendo chantageado." Foi a primeira vez que eu considerava isso. O tempo todo eu

tinha confiado na história dele, quando ele tinha provado ser qualquer coisa, menos

digno de confiança.

Patch franziu a testa. "É possível, mas eu não acho. Por que ter o trabalho de

fazer uma história tão elaborada?"

- "Porque ele precisa de uma desculpa para prender você no inferno", sugeri

calmamente, apenas agora pensando nisso. "E se os arcanjos o colocaram nisso? Ele

disse que está aqui na Terra em uma atribuição deles. Eu não acreditei nele primeiro,

mas que se ele realmente está? E se os arcanjos o deram a tarefa de te trancar no

inferno? Não é nenhum segredo que eles querem isso."

- "Legalmente, eles precisam de um motivo para me trancar no inferno." Patch coçou o

queixo, pensativo. "A menos que tenham ido tão longe ao fundo do poço, eles não se

incomodam mais em ficar dentro da lei. Eu definitivamente acho que há alguns ovos

podres no grupo, mas eu não acho que a população arcanjos inteira foi corrompida."

- “Se Pepper está em uma missão para um pequeno grupo de arcanjos, e os outros

descobrirem ou suspeitarem do jogo sujo, os empregados de Pepper tem o disfarce

perfeito: Eles podem alegar que ele foi desonesto. Eles tirar suas asas fora antes que

ele pudesse testemunhar, e estariam fora de perigo. Isso não parece tão absurdo para

mim. Na verdade, parece que o crime perfeito. "

Patch olhou para mim. A plausibilidade da minha teoria parecia resolver sobre

nós um frio nó na garganta.

- "Você acha que é Pepper está a trabalho de um grupo de arcanjos desonestos para se

livrar de mim de vez", disse ele lentamente esse último.

- "Você conhecia Pepper antes de você cair? Como ele era?"

Patch balançou a cabeça. "Eu o conhecia, mas não bem. Mais como eu sabia

dele. Ele tinha uma reputação como um liberal, especialmente frouxo em questões

sociais. Eu não estou surpreso que ele caiu nos jogos de azar, mas se bem me lembro,

ele estava envolvido em meu julgamento. Ele deve ter votado para me banir; estranho,

uma vez que está em desacordo com a sua reputação ".

- "Você acha que podemos fazer Pepper voltar-se contra os arcanjos? Sua vida dupla

pode ser parte de seu disfarce. . . em seguida, novamente, ele poderia estar

desfrutando de seu tempo aqui só um pouco demais. Se aplicarmos o tipo certo de

pressão, ele pode falar. Se ele nos diz que uma facção secreta dos arcanjos o enviou

aqui te prender no inferno, pelo menos, nós sabemos o que estamos enfrentando. "

Um sorriso pouco perigoso apertou a boca do Patch. "Eu acho que é hora de encontrar

Pepper."

Eu balancei a cabeça. "Tudo bem. Mas você vai jogar este jogo do lado de fora.

Eu não quero que você cheggue perto de Pepper. De agora em diante, temos de

assumir que ele faria qualquer coisa te prender no inferno. "

As sobrancelhas de Patch se juntaram. "O que você está propondo, Anjo?"

- "Vou me encontrar com Pepper. E eu vou levar Scott comigo. Nem pense em discutir

comigo," eu disse em advertência antes que ele pudesse vetar a ideia. "Você levou

Dabria como reserva em mais ocasiões do que eu quero pensar. Você jurou para mim

foi um movimento tático e nada mais. Bem, agora é a minha vez. Estou levando Scott, e

ponto final. Até onde eu sei, Pepper não está segurando todos os bilhetes de ida para

o inferno com o nome Scott neles.”

A boca de Patch se diluiu e seus olhos escureceram, eu praticamente podia

sentir a objeção irradiando dele. Patch não tinha cordialidade pelo Scott, mas ele não

poderia jogar aquela carta, isso faria dele um hipócrita.

- “Você vai precisar de um plano reserva,” ele disse por fim. “Eu não vou deixar você

fora da minha vista se há alguma chance das coisas irem ralo abaixo.”

Sempre havia uma chance das coisas darem errado. Se eu tinha aprendido

alguma coisa durante meu tempo com Patch, foi isso. Patch sabia disso também, e eu

me perguntava se isso era parte do plano dele para me impedir de ir. Eu de repente me

senti como Cinderella, impedida de ir ao baile por um pequeno detalhe.

- “Scott é mais forte do que você tem dado crédito a ele,” eu argumentei. “Ele não vai

deixar nada acontecer comigo. Eu terei certeza que ele entenda que ele não pode

conta a uma única alma que eu você ainda estamos muito juntos.”

Os olhos negros de Patch ferviam. “E eu terei certeza que ele entenda que se

um único cabelo da sua cabeça for perdido, ele terá que lidar comigo. Se ele tiver

alguma noção, é uma ameaça que ele vai levar a sério.”

Eu sorri tensamente. “Então está decidido. Tudo que precisamos agora é de um plano.”

A noite seguinte era sábado. Depois de contar pra minha mãe que eu ia ficar

todo o fim de semana na casa da Vee e nós iriamos juntas para a escola na segunda,

Scott e eu fizemos uma viagem para o Devil’s Handbag. Nós não estávamos

interessados em músicas ou bebidas, e sim no porão. Eu tinha ouvido rumores sobre o

porão, um emergente paraíso de jogos de azar, mas nunca tinha realmente entrado.

Coisa que Pepper não poderia dizer o mesmo. Patch tinha nos suprido com uma lista

dos refúgios favoritos de Pepper, e eu esperava que Scott e eu tivéssemos sorte na

nossa primeira tentativa.

Ambos tentamos parecer sofisticados e sinceros, eu segui Scott pelo bar. Ele

estava mascando chiclete, parecendo tão relaxado e confiante como sempre. Eu, por

outro lado, estava suando tanto que sentia como se precisasse se outro banho.

Eu sacudi meu cabelo para um visual elegante e maduro. Atirada em algum

delineador líquido, batom, saltos de 10 centímetros e uma bolsa de ponta emprestada

por Marcie, eu tinha magicamente envelhecido 5 anos. Dado o físico totalmente

desenvolvido e intimidador de Scott, eu não acho que ele tenha que se preocupar em

mostrar a identidade. Ele usava aros de prata minúsculos em suas orelhas, enquanto

seu cabelo estava estreitamente cortado, ele conseguiu parecer ao mesmo tempo

resistente e bonito. Scott e eu éramos apenas amigos, mas eu podia facilmente

apreciar o que Vee viu nele. Liguei meu braço através do dele, um sinal de ser sua

namorada, enquanto ele sinalizou para falar com o barman.

- “Nós estamos procurando o Storky,” Scott disse para o barman, inclinando-se para

manter sua voz baixa.

O barman, que eu nunca tinha visto antes, nos olhos astutamente. Eu encontrei

seu olhar, tentando manter meus olhos frios. Não pareça nervosa, eu disse para mim

mesma. E o que quer que você faça, não aparente como se tivesse algo a esconder.

- “Quem está procurando?” ele perguntou rispidamente por fim.

- “Nós soubéssemos que tem jogos de apostas altas essa noite,” Scott disse, pegando

uma pilha de centenas alinhadas perfeitamente dentro da sua carteira.

O barman elevou seus ombros e voltou para limpar o bar. “Não sei do que você

está falando.”

Scott colocou uma das notas no bar, cobrindo-a com a mão. Ele a deslizou em

direção ao barman. “Que pena. Tem certeza que não podemos convencer você a

repensar?”

O barman olhou a nota de cem dólares. “Eu já vi você por aí?”

- “Eu toco baixo no Serpentine. Eu também tenho jogava pôquer de Portland a

Concord, para Boston, e todo o resto.”

Um nó de reconhecimento. “É isso. Eu trabalhava de noite no Z Pool Hall no

Springvale.”

- “Boas lembranças do lugar,” Scott disse sem perder o ritmo. “Ganhei muito dinheiro.

Perdi ainda mais.” Ele sorriu como se partilhasse uma piada particular com o barman.

Deslizando sua mão com a de Scott, e olhando ao redor para ter certeza de que não

estava sob vigilância, o barman embolsou a nota. “Tenho que revistar vocês primeiro,”

ele nos disse. “Armas não são permitidas lá embaixo.”

- “Sem problemas.” Scott respondeu facilmente.

Eu comecei a suar ainda mais. Patch nos avisou que eles estariam à procura de

armas, facas, e qualquer outro objeto pontiagudo que pudesse ser usado como arma.

Então tivemos que ser criativos. O cinto segurando a calça de Scott, e escondido

embaixo de sua camisa, era da verdade um chicote encantado com devilcraft. Scott

tinha jurado de pés juntos que ele não estava ingerindo devilcraft, e que nunca tinha

ouvido falar da super bebida, mas eu percebi que poderia muito bem fazer uso do

chicote encantado que ele tinha tirado do carro de Dante por um capricho. O chicote

brilhava na sombra reveladora de um azul iridescente, mas desde que o barman não

levantasse a camisa de Scott, ele estaria seguro.

À convite do barman, Scott e eu caminhamos pelo bar, fomos para trás de uma

tela de privacidade e levantamos nossos braços. Eu fui primeiro, passando por um

breve, superficial tapinha para baixo. O barman se moveu para Scott, escovando a

parte de dentro de suas pernas e dando batidas nos braços e costas. Estava escuro

atrás do bar, e mesmo se Scott estivesse usando uma espessa camisa de algodão, eu

pensei ter visto o brilho do chicote vagamente através dela. O barman pareceu ter visto

também. Suas sobrancelhas se juntaram, e ele alcançou a camisa de Scott.

Eu deixei minha bolsa cair nos pés dele. Várias notas de cem dólares foram

derramadas. Só assim, a atenção do barman foi puxada para o dinheiro. “Oops,” eu

disse, fingindo um sorriso sedutor enquanto eu colocava as notas para dentro. “Esse

dinheiro está ardendo no buraco. Pronto para jogar, coisa gostosa?”

Coisa gostosa? Scott ecoou nos meus pensamentos. Ótimo. Ele sorriu e

inclinou-se para me beijar, forte, na boca. Eu estava tão surpresa com isso, que eu

congelei com o toque dele.

Relaxa. Ele falou na minha mente. Estamos quase dentro.

Dei um aceno com a cabeça quase imperceptível. “Você vai ganha muito essa

noite, baby, eu posso sentir isso,” eu sussurrei,

O barman destrancou a grande porta de metal, e agarrando a mão de Scott, o

segui por uma escura e não convidativa escadaria que cheirava a mofo e água parada.

Ao fundo, nós seguimos o corredor em volta de várias curvas, até sairmos num lugar

aberto pouco decorado com mesas de pôquer. Uma única lâmapda pendurado em

cima de cada mesa, derramando a a mínima luz. Sem música, sem bebida, sem calor,

uma recepção acolhedora.

Uma mesa estava em uso – quatro jogadores – e eu instantaneamente achei

Pepper. Ele estava de costas para nós, e ele não se virou com a nossa aproximação.

Não é incomum. Nenhum dos outros jogadores olhos para nós também. Eles estavam

todos sintonizados com atenção para as cartas em suas mãos. Fichas de pôquer

ficaram em torres arrumadas no centro da mesa. Eu não tinha ideia de quanto dinheiro

estava envolvido, mas eu apostava que aquele que perdesse iria sentir, e

profundamente.

- “Estamos procurando por Pepper Friberg.” Scott anunciou. Ele manteve seu tom leve,

mas o modo que seus músculos incharam quando ele cruzou os braços enviaram uma

mensagem diferente.

- “Desculpe, querido, meu cartão de dança está completo para a noite,” Pepper atirou

de volta cinicamente, remoendo a mão que ele tinha sido abordado. Eu o estudei mais

de perto, achando que ele estava muito envolvido no jogo para este ser um disfarce.

De fato, ele parecia tão sugado que ele aparentemente não tinha percebido que eu

estava de pé do lado de Scott.

Scott pegou uma cadeira da mesa ao lado e abriu espaço para a direita ao lado

de Pepper. “Eu tenho dois pés esquerdos de qualquer modo. Seria melhor você dançar

com... Nora Grey.”

Agora Pepper reagiu. Ele colocou suas cartas viradas para baixo, virou o corpo,

cheio de si para me ver por si mesmo.

- “Olá, Pepper. Já faz um tempo.” Eu disse. “Da última vez que nos encontramos, você

tentou me sequestrar, não estou certa?”

- “Sequestro é um crime federal para nós moradores da Terra,” Scott entrou na

conversa. “Alguma coisa me diz que é visto com maus olhos no Céu, também.”

- “Mantenha sua voz baixa,” Pepper rosnou, nervosamente olhando os outros

jogadores.

Eu levantei minhas sobrancelhas, falando diretamente com os pensamentos de

Pepper. ‘Você não contou para seus amigos humanos o que você realmente é? Embora

eu ache que eles ficariam felizes em descobrir que suas habilidades no pôquer têm

muito mais a ver com controle mental do que sorte ou habilidade.’

- “Vamos lá pra fora,” Pepper me disse, dobrando o jogo.

- “Assim que você for,” Scott disse, levantando-o pelo cotovelo.

No beco atrás do Devil’s Handbag, eu falei primeiro. “Nós vamos simplificar

para você Pepper. Tão divertido quanto foi você ter me usado para chegar ao Patch, eu

estou pronta para seguir em frente. O modo que eu entendo, isso só vai acontecer

quando eu realmente descobrir quem está chantageando você,” eu disse, testando ele.

Eu queria contar a ele minha teoria: que ele estava bancando o garoto de recados para

um grupo secreto de arcanjos e precisava de uma desculpa meio decente para enviar

Patch para o inferno. Mas em nome de jogar seguramente, eu decidi adiar e ver como

isso o balançou.

Pepper olhou para mim, suas características tanto insatisfeitas quanto céticas.

“Que história é essa?”

- “Oque é onde nós entramos,” Scott entrou na conversa. “Estamos motivamos a

encontrar seu chantagista.”

Pepper estreitou os olhos ainda mais em Scott. “Quem é você?”

- “Pense em mim como a bomba relógio embaixo do seu assento. Se você não tomar a

decisão de concordar com os termos da Nora, Eu farei isso por você.” Scott começou a

arregaçar as mangas.

- “Você está me ameaçando?” Pepper perguntou incrédulo.

- “Aqui estão minhas condições,” eu disse, “encontraremos seu chantagista, e o

entregaremos à você. O que queremos em troca é simples. Faça um juramento para

deixar Patch em paz.” Bati um palito de dentes pontudo na palma carnuda de Pepper.

Desde que o barman tinha me revistado, era o melhor que eu podia fazer. “Um pouco

de sangue e algumas palavras sinceras devem fazer o truque.” Se eu o fizesse fazer um

juramento, ele teria que se esgueirar de volta para os arcanjos com o rabo entre as

pernas e confessar o fracasso. Se ele se recusasse, apenas daria mais validade a minha

teoria.

- “Arcanjos não juram votos de sangue,” Pepper zombou.

Aquecendo, eu pensei.

“Será que eles enviam aos anjos caídos que estão no inferno um carninha?” Scott

perguntou.

Pepper olhou para nós como se estivéssemos loucos. “Sobre o que vocês estão

delirando?”

- “Como é a sensação de ser peão dos arcanjos?” eu perguntei.

- “O que eles te oferecem em retorno?” Scott demandou?

- “Os arcanjos não estão aqui embaixo,” eu disse. “Você está sozinho. Você realmente

quer ir contra Patch sozinho?” ‘Qual é, Pepper,’ eu pensei. ‘Me diga o que eu quero

ouvir. Que essa história inventada de chantagem é uma desculpa para cumprir sua

missão para um grupo de arcanjos desonestos para se livrar de Patch.’

A expressão de Pepper de descrença se aprofundou, e eu aproveitei o seu

silêncio. “Você vai fazer o juramento agora, Pepper.”

Scott e eu nos aproximamos dele.

- “Sem juramento!” Pepper gritou. “Mas eu vou deixar Patch em paz – eu prometo!”

- “Se eu apenas pudesse confiar em você para manter sua palavra,” eu retornei. “O

problema é, que eu não acho que você é um cara muito honesto. De fato, eu acho que

toda essa coisa de chantagem é uma estratégia.”

Os olhos de Pepper se alargaram com o entendimento. Ele gaguejou em

descrença, seu rosto ficando rosa. “Deixa eu ver se eu entendi. Você acha que eu estou

atrás de Patch por me chantagear?” ele guinchou por fim.

- “É,” Scott forneceu. “Sim, nós achamos.”

- “É por isso que ele tem se recusado a me encontrar? Por que ele acha que eu quero

trancafia-lo no inferno? Eu não estava ameaçando ele!” Pepper gritou, seu rosto

redondo ficando mais corado pelo momento. “Eu queria oferecer um emprego a ele.

Estive tentando conseguir o tempo todo!”

Scott e eu falamos ao mesmo tempo. “Um trabalho?” Nós compartilhamos um

olhar cético e apressado.

- “Você está falando a verdade?” eu perguntei a Pepper. “Você realmente tem um

emprego para Patch – só isso?”

- “Sim, sim, um trabalho,” Pepper rosnou. “O que você achou? Caramba, que bagunça.

Nada saiu como deveria.”

- “Qual o trabalho?” eu o interroguei.

- “Como se eu fosse te contar! Se você tivesse me ajudado a alcançar Patch em tempo,

eu não estaria em uma confusão. Essa coisa toda é sua culpa. Minha oferta de trabalho

é para Patch, e Patch sozinho!”

- “Deixe-me ver se entendi,” eu disse. “Você não acha que Patch está te

chantageando?”

- “Por que eu imaginaria quando eu já sei quem está me chantageando?” ele disparou

de volta, irritado.

- “Você sabe quem é o chantagista?” Scott repetiu.

Pepper me lançou um olhar de repulsa. “Tire essa nephil da minha frente. Se eu sei

quem está me chantageando?” ele bufou impacientemente. “Sim! Eu deveria encontra-

lo hoje a noite. E vocês nunca vão adivinhar quem é.”

- “Quem?” eu perguntei.

- “Ha! Seria muito amável se eu pudesse te dizer, não seria? O problema é, que o

chantagista me fez jurar não revelar sua identidade. Não se incomodem em sondar.

Meus lábios estão selados, literalmente. Eles disseram que ligaram com o local do

encontro vinte minutos antes de eu ter que estar lá. Se eu não acobertar essa bagunça

logo, os arcanjos vão estar no meu rastro.” Ele adicionou, torcendo suas mãos. Eu notei

que seu comportamento rapidamente mudou para medo na menção de outros

arcanjos.

Eu tentei permanecer estável. Não esse o movimento que eu esperava que ele

fizesse. Eu me perguntei se essa era uma tática para nos tirar do seu rastro – ou nos

levando para uma armadilha. Mas o suor brilhando em sua sobrancelha e o olhar

desesperado de seus olhos parecia genuíno. Ele queria que isso acabasse tanto quanto

nós queríamos.

- “Meu chantagista quer que eu encante objetos usando todos os poderes do Céu que

todos os arcanjos possuem.” Pepper limpou a testa cor de rosa com um lenço. “É por

isso que eles estão me ameaçando.”

- “Que objetos?” eu perguntei.

Pepper sacudiu a cabeça. “Eles vão trazê-los no encontro. Eles disseram que se eu os

encantasse de acordo com as suas especificações, eles me deixarão em paz. Eles não

entendem. Mesmo se eu encantasse os objetos, os poderes do Céu só podem ser

usados para o bem. Quaisquer que sejam as ideias do mal que eles estejam tramando,

não irão funcionar.”

- “Entretanto, você realmente está considerando fazer isso?” eu perguntei em

reprovação.

- “Eu preciso tirar eles das minhas costas! Os arcanjos não podem saber o que eu tenho

estado fazendo. Eu serei banido. Eles arrancarão minhas asas e tudo estará terminado.

Eu ficarei preso aqui embaixo para sempre.”

- “Nós precisamos de um plano,” Scott disse. “Vinte minutos entre a ligação e o

encontro não nos dão muito espaço de manobra.”

- “Quando seu chantagista ligar, concorde com o encontro,” eu instruí Pepper. “Se eles

disserem para você ir sozinho, diga que você irá. Soe tão complacente e cooperativo o

quanto você poder sem exagerar.”

- “E então o que?” Pepper perguntou, agitando os ombros como se para arejar suas

axilas. Eu tentei não encarar. Nunca poderia imaginar que o primeiro arcanjo que eu

encontraria seria um rato tão chorão e covarde. Muito para os arcanjos dos meus

sonhos – poderosos, inevitáveis, oniscientes, e talvez mais importante, exemplares.

Eu fixei meus olhos nos de Pepper. “E então eu e Scott iremos no seu lugar, derrubar o

chantagista, e os entregar para você.”

CAPÍTULO

27

-“OQUÊ! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!” Pepper cuspiu as palavras

veementemente. “Eles não vão ficar felizes, e irão se recusar a trabalhar comigo. Pior,

eles podem ir diretamente aos arcanjos!”

- “Seu chantagista não trabalha mais com você. De agora em diante, ele ou ela lida

diretamente conosco,” eu disse. “Scott e eu vamos recuperar os objetos que eles

querem que sejam encantados, e nós precisaremos da sua cooperação para avalia-los.

Se você puder nos dizer o que eles pretendem utilizando-os, a informação pode ser

valiosa.”

- “Como eu mesmo posso saber se posso confiar em você?” Pepper disse em um

estridente protesto.

- “Há sempre um juramento de sangue...” eu deixei a ideia balançar. “Eu vou jurar

minhas intenções, e você vai jurar ficar longe de Patch. A menos, é claro, que você

ainda seja bom demais para fazer um juramento.”

- “Isso é horrível,” Pepper disse, puxando a gola como se estivesse apertando-o. “Que

confusão.”

- “Scott e eu teremos uma equipe no local. Nada vai dar errado,” eu reassegurei a

Pepper, e então adicionei uma rápida instrução particularmente falando em sua mente:

‘Mantenha ele calmo enquanto eu ligo para Patch, você pode?’

Eu caminhei para o fim do beco antes de fazer a ligação. Folhas secas passaram

pelos meus pés, e eu me aconcheguei mais fundo no meu casaco para me aquecer. De

todas as noites para sair, eu tinha escolhido a mais fria. Geava um pouco na minha pele

e fez meu nariz escorrer. “Sou eu. Pegamos o Pepper.”

Eu ouvi o suspiro de alívio de Patch.

- “Eu não acho que sua vida dupla é uma farsa,” eu continuei. “Ele tem um verdadeiro

problema com jogos de azar. Também não acho que ele está em uma missão dos

arcanjos para prender você no inferno. Ele deve ter descido aqui como uma atribuição

originalmente, mas ele desistiu em prol de se entregar ao estilo de vida humano. Agora

a grande notícia. Ele sabe que você não o está chantageando – todo esse tempo ele

tem tentado te oferecer um trabalho.”

- “Que trabalho?”

- “Ele não disse. Eu acho que ele largou isso. Ele tem problemas maiores para se

preocupar. Ele marcou de encontrar com o verdadeiro chantagista hoje a noite.” Eu não

disse o resto, mas eu não parava de pensar naquilo. Eu estava tão confiante de que

Dabria estava por detrás disto, que eu podia apostar minha vida. “Nós não sabemos a

hora ou o local do encontro ainda. Quando o chantagista ligar para Pepper, nós

teremos um espaço de vinte minutos. Precisaremos agir depressa.”

- “Você acha que é uma armadilha?”

- “Eu acho que Pepper é um covarde, e ele está contente que nós estamos indo e ele

não precisa.”

- “Estou pronto.” Patch disse sombriamente. “Assim que eu souber para onde estamos

indo, eu vou te encontrar lá. Faça uma última coisa por mim, Anjo.”

- “Diga.”

- “Eu quero te encontrar sã e salva quando isso acabar.”

A ligação veio dez minutos antes da meia noite. Pepper não poderia ter dado

respostas melhores se ele as tivesse ensaiado. “Sim, eu irei sozinho.” “Sim eu vou

encantar os objetos.” “Sim, eu posso estar no cemitério em vinte minutos.”

No instante em que ele desligou, eu disse, “Qual cemitério? O de Coldwater?”

Um aceno. “Dentro do mausoléu. Eu devo esperar lá para mais instruções.”

Me voltei para Scott. “Só há um mausoléu no cemitério da cidade. Bem do lado do

túmulo do meu pai. Nós mesmos não poderíamos ter escolhido um lugar melhor. Há

árvores e lápides por todo lugar, e vai estar escuro. O chantagista não será capaz de

dizer que é você no mausoléu, e não Pepper, até que seja tarde demais.”

Scott puxou o capuz preto que ele estava carregando a noite inteira sobre sua

cabeça, deixando-o cobrir parte de seu rosto. “Eu sou muito mais alto do que Pepper.”

Ele disse duvidosamente.

- “Ande curvado. Seu moletom é folgado o suficiente que eles não serão capazes de

notar a diferença à distância.” Eu encarei Pepper. “Dê-me seu número. Mantenha a

linha disponível. Eu vou te ligar no minuto que tivermos seu chantagista.”

- “Eu tenho um mau pressentimento,” Pepper disse, enxugando as mãos em suas

calças.

Scott levantou seu capuz, revelando a Pepper seu cinto incomum, que estava

brilhando em um azul celeste. “Não estamos indo despreparados.”

Os lábios de Pepper se apertaram, mas não antes de um gemido de

desaprovação escapar. “Devilcraft. Os arcanjos nunca podem saber que eu estava

envolvido nisso.”

- “Assim que Scott imobilizar seu chantagista, Patch e eu vamos nos apressar. Isso é tão

simples quanto parece,” eu expliquei para Pepper.

- “Como você sabe que eles não terão seu próprio plano B?” ele desafiou.

Uma imagem de Dabria atravessou minha mente. Ela só tinha um único amigo,

e mesmo assim estava colocando gentilmente. Pena que o único amigo seria

necessário para fazê-la cair hoje a noite. Mal podia esperar para olhar na cara dela

quando Patch espetasse um agudo, e esperançosamente áspero, objeto nas cicatrizes

de suas asas.

- “Se vamos fazer isso, temos que detonar,” Scott me disse, olhando para seu relógio.

“Temos menos de quinze minutos.”

Eu agarrei a manga de Pepper antes que ele pudesse fugir. “Não esqueça sua

parte do acordo, Pepper. Uma vez que tivermos seu chantagista, Você e ele terminam

por aí.”

Ele acenou com a cabeça seriamente. “Eu vou deixar Patch em paz. Você tem

minha palavra.” Eu não gostei da faísca de malícia que parecia incendiam

momentaneamente o fundo dos seus olhos. “Mas eu não posso fazer nada se ele vier

me procurar,” ele adicionou enigmaticamente.

CAPÍTULO

28

SCOTT DIRIGIU SEU CARRO POR TODA A CIDADE, ENQUANTO EU CARREGAVA A

ESPINGARDA. Tinha abaixado o volume do rádio, com Radiohead tocando. Suas

feições duras, apareciam e desapareciam, enquanto passávamos por baixo dos postes

de luzes das ruas. Ele dirigia com as duas mãos no volante, em uma posição de 'dez

para as duas'.

- Nervoso? - Perguntei a ele.

- Não me insulte, Grey. - Ele sorriu, mas não relaxou.

- Então, o que está acontecendo entre você e Vee? - Perguntei, tratando de

manter nossas mentes longe do que nos esperava. Não tinha necessidade de pensar

muito nas coisas, ou começar a imaginar os piores cenários. Éramos Scott, Patch e eu

contra Dabria. A derrota dela, não iria durar mais do que alguns segundos.

- Não fique toda amigável comigo.

- É uma pergunta válida.

Scott mexeu um pouco no rádio.

- Não sou o tipo de cara que beija e sai por aí contando.

- Então vocês já se beijaram. - Movi as sobrancelhas. - Algo mais que eu deva saber?

Estava a ponto de sorrir.

- Absolutamente não. - O cemitério apareceu na curva seguinte. E ele inclinou a cabeça

na direção do lugar. - Onde você quer que eu estacione?

- Aqui mesmo. Vamos caminhando pelo resto do caminho.

Scott concordou.

- Um monte de árvores. Bom para se esconder. Você vai ficar no estacionamento de

cima?

- Com vista do alto. Patch vai estar estacionado na porta sul. Não vamos te deixar fora

de nossas vistas.

- Você não vai.

Não fiz nenhum comentário sobre a rivalidade entre Patch e Scott. Patch

poderia pegar Scott com a mesma consideração que uma serpente debaixo dos seus

pés, mas se disse que estaria ali, ele faria.

Saimos do carro. Scott puxou seu capuz para poder esconder o rosto, e deixou

cair seus ombros.

- Como estou?

- Como o gemeo de Pepper, perdido a muito tempo. Lembre, no momento que o

chantagista entrar no mausoléu, você algema ele com o chicote. Vou ficar esperando

sua ligação.

Scott me deu um pequeno soco, de boa sorte, suponho, e então correu em um

ritmo constante pelas portas do cemitério. Vi ele pular sobre elas como muita

facilidade e desaparecer na escuridão.

Liguei para Patch. Depois de várias tentivas, caiu no correio de voz. Impaciente,

deixei uma gravação: - Scott entrou. Vou para o meu posto. Me ligue no momento em

que receber isso. Preciso saber se você está na sua posição.

Desliguei, tremendo contra as rajadas do vento gelado. Os galho s

que

o

outono tinha deixado sem folhas se sacudia se sacudia com um som oco, repiqueante.

Coloquei minhas mãos por baixo dos meus braços para entrar calor. Algo não estava

bem. Não era normal Patch ignorar uma ligação, sobre tudo, uma ligação minha,

durante uma situação de emergencia. Queria falar sobre essa mudança inoportuna de

acontecimentos com Scott, mas ele já estava fora de vista. Se o perseguisse agora, me

arriscaria a colocar toda a operação por água abaixo. Ao invés disso, caminhei costa

acima pelo estacionamento que estava localizado em uma colina com vista para o

cemitério.

Uma vez em posição, olhei as fileiras de lápides torcidas abaixo, com a grama

escura crescendo tão alto que parecia preta. Anjos de pedra com as asas lascadas,

pareciam voar no ar por cima do solo. As nuvens escureciam a lua e duas das cinco

luzes no estacionamento não funcionavam. De um lado, o mausoléu branco irradiava

uma tênue luminescencia fantasmagórica.

<< Scott! >>. Gritei, falando mentalmente para ele, colocando toda a minha energia

mental atrás dele. Apenas o vento assobiando, que pairava sobre a colina, me

respondeu, supus que estava fora do alcance. Eu não sabia até que ponto podia chegar

minha linguagem mental, mas parecia que scott estava muito longe.

Uma parede de pedra rodeava o estacionamento, me abaixei atrás dela,

mantendo meus olhos fixos no mausoléu. Um cachorro preto, esgio, de repente pulou

por cima do muro, quase me fazendo cair pra trás. Um par de olhos selvagens me

olhavam do estreito rosto do animal. O cão selvagem caminhava ao longo da parede,

parando para rosnar territorialmente para mim. Graças a Deus.

Minha visão era melhor do que quando eu era humana, mas estava o suficientemente

longe do mausoléu para não conseguir distinguir tantos detalhes como eu gostaria. A

porta parecia fechada, mas isso fazia sentido, Scott tinha fechado ela quando ele

passou.

Contive a respiração, esperando que Scott saisse arrastando Dabria, atada e

indefesa. Os minutos passaram. Me mexia abaixada, tratando de conseguir que o

sangue fluisse em minhas pernas. Olhei meu celular. Não tinha chamadas perdidas. Só

pudia pensar que Patch estava aderndo ao plano e estava pratulhando a porta baixa do

cemitério.

Um pensamento horrível veio de repente. E se Dabria tivesse visto através do

disfarce de Scott? E se ela suspeitava que ele tinha trazido esforços? Meu estômago

caiu até os joelhos. E se ela tinha chamado Pepper para um novo lugar de encontro

depois que o Scott e eu tínhamos deixado o Devil's Handbag? De qualquer forma,

Pepper tinha como me contactar, trocamos números.

Estava ocupada com esses pensamentos inquietantes quando o cachorro preto

voltou, emitindo um rosnado ameaçador para mim, perto das sombras da parede.

Achatou seus ouvidos contra a cabeça e arqueou suas costas ameaçadoramente.

<< Fora! >>. Sussurrei para ele de novo, fazendo um gesto com as minhas mãos.

Dessa vez, ele me mostrou os pontiagudos dentes brancos arreganhados,

rasgando o solo ferozmente. Estava quase mudando para uma distância segura pela

parede, quando...

Um arame quente se agarrou a minha garganta por trás, bloqueando a minha

respiração. Cravei a unha no arame, sentindo ele se contrair mais e mais forte. Tinha

caído sentada, minhas pernas se sacudindo. Pela minha visão periférica, notei que uma

estranha luz azul emanava do arame. Parecia queimar minha pele como se tivesse sido

submergida em ácido. Meus dedos formavam bolhas onde roçavam no arame, fazendo

impossível de agarrar.

Meu agressor puxou o fio do arame de volta pra trás, mais forte. Luzes

explodiram através da minha visão. Uma armadilha!

O cachorro preto continuou latindo e e pulando freneticamente em círculos,

mas a imagem estava se dissolvendo rapidamente. Estava perdendo a consciencia.

Invocando a pouca energia que ainda tinha, me concentrei no cachorro, falando na

mente dele. << Morde! Morde o meu agressor! >>

Estava muito fraca para tentar um truque mental na mente do meu agressor,

sabendo que ele iria sentir quando eu tentasse invadir a mente dele. Ainda que nunca

tivesse tentado invadir a mente de um animal, o cachorro era mais pequeno que um

nephil ou um anjo caído, e se fosse possível obriga-lo, faria sentido que um animal um

pouco menor requerisse menos esforço...

<< Ataca! >>. Pensei na mente do cachorro outra vez, sentindo minha mente percorrer

um sonolento e escuro túnel.

Para meu assombro e incredualidade, o cachorro correu adiante e fundiu suas

garras na perna do meu agressor. Escutei alguns dentes cortarem os ossos, e a

maldição gutural de um homem. A familiaridade da voz me surpreendeu. Eu conhecia

essa voz. Confiava nessa voz.

Impulsionada pela traição e pela ira, comecei a agir. A mordida do cachorro era

distração suficiente para que meu agressor afrouxasse o controle sobre o arame. Fechei

minhas mãos por completo em volta do arame, ignorando a queimadura grande o

suficiente para puxar meu pescoço e girar para o lado. O cabo serpenteante caiu sobre

o chão e eu o reconheci imediatamente.

Era o chicote de Scott.

CAPÍTULO

29

MAS NÃO ERA SCOTT QUE ME ATACAVA.

Lutando por ar enquanto inspirava de novo, vi Dante se mover para atacar,

imediatamente dei a volta e enfiei o pé no estômago dele. Ele voou para trás, batendo

no chão, parecendo desconcertado.

Os olhos dele endureceram instantaneamente. A mesma coisa fizeram os meus.

Ataquei ele, montando sobre seu peito e sem piedade, golpeando sua cabeça

repetidamente sobre o solo. Não o suficiente para deixar ele inconsciente; queria ele

atordoado, capaz de falar. Tinha um monte de perguntas que eu queria que ele

respondesse imediatamente.

<< Me traga o chicote! >>. Ordenei ao cachorro e coloquei a imagem na mente dele,

para que ele entendesse a direção.

O cachorro trotou obedientemente, arrastando o chicote entre os dentes,

aparentemente imune aos efeitos do devilcraft. Era possível que esse protótipo não

pudesse causar nenhum dano a ele? De qualquer maneira, não podia acreditar. Podia

falar com a mente dos animais. Ou pelo menos, com esse.

Virei Dante de barriga para cima e utilizei o chicote para amarrar seus pulsos.

Queimou os meus dedos, mas eu estava muito zangada para prestar atenção. Ele fez

um gemido de protesto.

De pé, dei um chute nas costelas dele, para que ele despertasse

completamente.

- É melhor que as primeiras palavras que saiam da sua boca sejam uma explicação. -

Disse a ele.

Com o rosto pressionado contra o chão, seus lábios se curvaram em um sorriso

intimidador.

- Não sabia que era você. - Disse inocentemente, zombando de mim.

Abaixei, prendendo os olhos dele nos meus.

- Se não quer falar comigo, vou te entregar ao Patch. Você e eu sabemos que dessa

forma vai ser muito mais desagradável.

- Patch. - Ele riu entre os dentes. - Chama ele. Vai em frente. Veja se ele te responde.

Um medo gelado vibrou em meu peito.

- O que você quer dizer?

- Solte as minhas mãos e talvez eu te diga, com riqueza de detalhes, o que fiz com ele.

Dei um tapa no rosto dele tão forte, que a minha própria mão doeu.

- Onde está Patch? - Perguntei outra vez, tratando de manter o panico fora da minha

voz, sabendo que isso só divertiria ainda mais a Dante.

- Você quer saber o que eu fiz ao Patch... ou ao Patch e ao Scott?

O chão pareceu se inclinar. Tínhamos caído em uma armadilha. Dante tinha

tirado Scott e Patch do caminho e logo tinha vindo por mim. Mas, por que?

Montei o quebra-cabeças por mim mesma.

- Você está chantageando Pepper Friberg. Isso é o que você está fazendo aqui no

cemitério, não? Não se incomode em responder. É a única explicação que faz sentido. -

Eu tinha pensado que era Dabria. Se não tivesse ficado tão obcecada com ela, talvez eu

poderia ter visto a imagem completa, talvez eu poderia ter estado aberta a outras

possibilidades, talvez poderia ter recorrido aos sinais de alerta...

Dante deu um longo suspiro, indescritível.

- Vou falar quando você desatar as minhas mãos. Não ao contrario.

Estava tão consumida pela raiva, que me surpreendi ao encontrar lágrimas ardendo por

trás dos meus olhos. Eu tinha confiado em Dante. Tinha deixado ele me treinar e me

acessorar. Tinha construído uma relação com ele. Tinha chegado a considerar ele como

um dos meus aliados no mundo nephilin. Sem a orientação dele, eu não teria feito nem

a metade do que eu tinha conseguido.

- Por que fez isso? Por que chantagear Pepper? Por que? - Gritei quando Dante

simplesmente piscou sobre o meu silencio, com um ar satisfeito.

Não conseguia chutar ele de novo. Mal conseguia ficar de pé, estando tão

chocada com a escandalosa e recente traição. Me apoiei na parede de pedra,

respirando fundo para manter a mente centrada. Meus joelhos tremiam.

A parte posterior da minha garganta estava escorregadia e estreita.

- Desamarra as minhas mãos, Nora. Não vou te machucar. Preciso que você se acalme,

isso é tudo. Queria falar e te explicar o que estou fazendo e por que. - Ele falava com

uma segurança tranquila, mas eu não ia cair nisso.

- Patch ou Scott estão machucados? - Perguntei a ele. Patch não podia sentir dor físic,

mas isso não significava que Dante não estava usando algum tipo de protótipo novo

de devilcraft para fazer mal a ele.

- Não. Os amarraram da mesma maneira que você me amarrou. Estão irritados pelo

pouco que vi, mas ninguém está em perigo imediato. O devilcraft não é bom para eles,

mas pode durar um tempo mais sem efeitos negativos.

- Então vou te dar exatamente 3 minutos para responder a minhas perguntas antes de

ir atrás deles. Se não responder minhas perguntas satisfatóriamente nesse período,

chamarei os coiotes. Eles têm sido um estorvo por esses lugares, comendo gatos e

cachorros domésticos pequenos, sobre tudo com o inverno se aproximando e os

alimentos ficando escassos. Mas tenho certeza de que você assitiu os noticiários.

Dante bufou.

- Do que você está falando?

- Posso falar com a mente dos animais, Dante. O que explica o cachorro que te atacou

exatamente no momento que eu precisei. Tenho certeza de que os coiotes não se

importariam com um lanche fácil. Não posso te matar, mas isso não quer dizer que não

possa fazer que você se arrependa de ter cruzado o meu caminho. Primeira pergunta,

por que está chatageando Pepper Friberg? Os nephilins não brincam com os arcanjos.

Dante fez uma careta quando ele tentou, sem sucesso, rodar sobre suas costas.

- Não pode desamarrar o chicote para que possamos ter uma conversa civilizada?

- Você jogou a civilização pela janela no momento em que tratou de me estrangular.

- Vou precisar muito mais do que 3 minutos para te explicar o que está acontecendo. -

Respondeu Dante, sem parecer no mínimo preocupado, pela minha ameaça. Decidi

mostrar a ele que eu realmente ia fazer o que estava falando.

<< Comida! >>. Disse ao cachorro preto, que tinha ficado por perto para observar o

processo com interesse. Com sua pele extra deitado pelo chão, eu percebi que o cão

era magro e um pouco desnutrido, e se precisava de mais provas da sua fome, o ritimo

e maneira ansiosa de lamber seus lábios tinham sifo suficientes. Para esclarecer minha

ordem, enviei a mente dele uma imagem da carne de Dante, logo dei um passo para

trás, renunciando ao meu direito sobre ele. O cachorro logo se reincorporou e afundou

seus dentes na parte posterior do braço de Dante.

Dante amaldiçoou e se contorceu para tentar se livrar do aperto.

- Não podia ter Pepper bisbilhotando em meus planos! - Cuspiu finalmente. - Chama o

cachorro!

- Que planos?

Dante se retorceu, subindo o ombro para se esquivar do cachorro.

- Pepper foi enviado a terra pelos arcanjos para poder executar uma investigação sobre

Blakely e eu.

Criei o cenário na minha cabeça, depois assenti.

- Porque os arcanjos suspeitavam que o devilcraft não desapareceu com o Hanke que

você estava usando ele, mas eles queriam ter certeza antes de agir, certo? Faz sentido.

Continue falando.

- Assim que eu precisava de uma maneira de distrair Pepper, de acordo? Tira seu

cachorro de mim!

- Ainda não me disse por que estava chantageando ele.

Dante se retorceu de novo para evadir as ferozes mandíbulas do meu cachorro

preferido.

- Me dá um tempo aqui.

- Quanto mais rápido falar, mais em breve darei ao meu novo melhor amigo alguma

coisa para mastigar.

- Os anjos caídos precisam que Pepper encante vários objetos usando o poder do céu.

Sabem sobre o devilcraft, e sabem que Blakely e eu o controlamos, assim querem

aproveitar o poder do céu. Querem se assegurar que os nephilins não tenham

oportunidade de ganhar a guerra. Estão chantageando a Pepper.

De acordo, isso também parecia plausivel. Tinha só uma coisa que não fazia

sentido.

- Como é que você está nessa confusão?

- Estou trabalhando para os anjos caídos. - Ele disse tão baixo que tinha certeza que

tinha ouvido mal.

Me inclinei para mais perto.

- Você se importaria de repetir isso?

- Estou vendido, tá certo? Os nephilins não vão ganhar essa guerra. - Ele agregou na

defensiva. - De qualquer forma que veja, quando tudo estiver dito e feito, os anjos

caídos vão sair disso com a cabeça em pé. E não só porque planejam aproveitar os

poderes do céu. Os arcanjos simpatizam com os anjos caídos. Os antigos laços são

profundos. Não é assim para nós. Os arcanjos consideram a nossa raça uma

abominação, sempre fizeram isso. Nos querem fora, e se isso significa aliarse

temporariamente com os anjos caídos para conseguir, eles farão. Só aqueles de nós

que formarem uma aliança logo com os anjos caídos terão oportunidade de sobreviver.

Olhei fixamente para Dante, incapaz de digerir suas palavras. Dante Matterazzi,

confabulando com o inimigo. O mesmo Dante que esteve de pé ao lado do Mão

Negra.O mesmo Dante que me treinou fervorosamente. Não podia acreditar.

- E o nosso exército nephilin? - Disse, minha ira ressurgindo.

- Estão condenados. Muito profundamente, você sabe. Não falta muito para que os

anjos caídos realizem seus movimentos e nos empurrem para a guerra. Fiz um acordo

de dar a eles o devilcraft. Eles terão os poderes do céu e do inferno e estarão

respaldados pelos arcanjos. Todo o assunto vai estar acabado em menos de um dia. Se

me ajudar que Pepper encante os objetos, responderei por você. Me assegurarei de

que alguns dos anjos caídos de mais influencia saibam que você ajudou e que é leal a

causa.

Dei um passo para trás, vendo Dante através de novos olhos. Nem sequer sabia

quem ele era. Ele não podia ser mais estranho para mim do que estava sendo nesse

momento.

- Eu não... toda essa revolução, foi mentira? - Finalmente eu consegui cuspir as

palavras.

- Instinto de sobrevivencia. - Disse. - Fiz isso para salvar a mim mesmo.

- E o resto da raça nephilin? - Balbuciei.

Seu silencio disse exatamente quanto estava preocupado pela sua segurança.

Um encolhimento de ombrs desinteressado não poderia ter sido mais revelador. Dante

estava nisso, por si mesmo. E fim da história.

- Eles acreditam em você. - Disse, com um sentimento de mal estar crescendo no

profundo do meu coração. - Eles contam com você.

- Eles contam com você.

Estremeci. O impacto completo da responsabilidade que pesava sobre os meus

ombros parecia estar me esmagando nesse momento. Eu era a líder deles. Eu era o

rosto deles nessa campanha. E agora o meu mais confiavel conselheiro estava

desertando. Se o exército tinha estado de pé antes com os pés fracos, um desses

joelhos tinha sido chutado para o lado.

- Não pode fazer isso comigo. - Disse ameaçadoramente. - Vou te expor. Vou dizer a

todos o que você realmente planeja. Não conheço tudo sobre a lei nephilin, mas tenho

bastante certeza que eles têm um sistema para se ocupar dos traidores e de alguma

maneira duvido que seja judicial.

- E quem vai acreditar em você? - Disse Dante casualmente. Se discutir que você é a

verdadeira triadora, em quem você acha que eles vão acreditar?

Ele estava certo. Em quem acreditariam os nephilins? Na jovem inesperiente

impostora colocada no poder por seu pai morto? Ou no forte, capaz e carismático

homem que tinha a aparencia e as habilidades de um deus romano?

- Tenho fotos. - Disse Dante. - De você com o Patch. De você com o Pepper. Incluindo

algumas suas sendo amigável com a Dabria. Vou te acusar,Nora. É simpatizante com a

causa dos anjos caídos. É assim que eu vou te apresentar. Eles vão te destruir.

- Não pode fazer isso. - Diss, com a fúria crepitando em meu peito.

- Está caminhando por um beco sem saída. Essa é a sua última oportunidade de dar a

volta. Vem comigo. É mais forte do que você pensa. Formariamos uma equipe

indestrutível. Você poderia me ser útil.

Soltei uma risada áspera.

- Oh, acabei totalmente com você me usando! - Peguei uma grande rocha da parede

de ladrilhos, planejando esmagar ela sobre o cranio de Dante, deixar ele inconscinete e

recrutar a ajuda de Patch para decidir o que fazer com ele depois, quando uma cruel e

retorcida expressão transformou as obscuras feições de Dante, fazendo ele parecer

decididamente mais um demonio do que um legendário deus romano.

- Que disperdício de talento. - murmurou em um tom de repressão. Sua expressão era

muito petulante, dado que eu tinha capturado ele, e aí foi quando um terrível suspeita

começou a se formar na minha mente. O chicote que prendia seus pulsos, não estavam

causando bolhas a pele dele como tinha feito a minha. Além de ter o rosto colado ao

chão, ele não parecia estar incomodado.

O chicote estalou liberando os punhos de Dante, e em um instante ele ficou de

pé em um salto.

- Você realmente achou que eu permitiria que Blakely criasse uma arma que poderia

ser usada contra mim? - Ele zombou, seu lábio superior curvando sobre os dentes.

Dando uma ordem ao chicote, ele estalou para mim. Um calor abrazador cortou

através do meu corpo. Me lançando sobre os meus pés. Aterricei fortemente e sem ar.

Tonta pelo impacto, eu escorreguei para trás, tentando me concentrar em Dante.

- Acho que gostaria de saber que tenho toda a intenção de tomar seu lugar como

comandante do exército nephilin. - Dante sorriu sarcasticamente. - Tenho o apoio de

toda a raça de anjos caídos. E planejo liderar os nephilins justo dentro das mãos dos

anjos caídos. Eles não saberão o que fiz até que seja tarde.

A única razão pela qual Dante estava me dizendo qualquer coisa sobre isso, era

que ele acreditava siceramente que eu não tinha nenhuma chance de deter ele. Mas

não ia jogar a toalha, agora nem nunca.

- Você fez um juramento diante de Hank para ajudar a liderar o exército dele para a

liberdade, seu idiota arrogante. Se você roubar meu título, ambos veremos as

consequencias de romper nossos votos. A morte, Dante. Não exatamente uma

complicação menor. - Lembrei a ele cinicamente.

Dante riu entre os dentes com zombaria.

- Sobre esse juramento, uma completa e total mentira. Quando disse isso a você,

pensei que convenceria você a confiar em mim. Não que precisasse fazer algum

esforço. Os protótipos de devilcraft que te dei, tinham feito um bom trabalho, fazendo

com que você confiasse em mim.

Não tinha tempo para que a decepção sobre ele se afundasse completamente. O

chicote enviou um segundo açoite através das minhas roupas. Impulsionada a agir

unicamente por meu instinto de sobrevivência, risquei sobre a parede, ouvindo o

cachorro latir e atacar atrás de mim e eu caí no lado oposto. A ladeira íngrime e

escorregadia pelo orvalho me enviou rodando e derrapando até as lápides costa

abaixo.

CAPÍTULO

30

NO FINAL DA COLINA, OLHEI PARA CIMA, MAS NÃO VI DANTE. O cachorro preto

brincava atrás de mim, girando com o que parecia ser ansiedade. Me sentei. Nuvens

densas ocultavam a lua, tremia violentamente enquanto o frio beliscava a minha pele.

De repente fiquei consciente do que estava ao meu redor, me coloquei de pé e corri

pela multidão de tumbas até o mausoleu. Para minha surpresa, o cachorro se apressou

mais, olhando para trás a cada pequeno passo para se assegurar de que eu estava

seguindo ele.

- Scott! - Gritei, me lançando pela porta aberta do mausoléu, me apressando para

entrar.

Não tinha janelas. Não pudia ver. Impacientemente, tateei com minhas mãos o

lugar, tratando de sentir o que me rodeava. Tateei um pequeno objeto e escutei ele se

afastar. Tocando o chão de pedra fria, agarrei a lanterna que Scott tinha levado com ele

e que obviamente tinha caído e liguei ela.

Lá. No canto. Scott estava sobre as suas costas, seus olhos estavam abertos, mas

aturdidos. Me apressei na direção dele, tirando o chicote azul brilhante que apertava

seus pulsos até que ele estava livre. A pele dele estava cheia de bolhas e molhada. Ele

deu um gemido de dor.

- Acho que Dante já foi, mas fique alerta. - Disse a ele. - Tem um cachorro guardando a

entrada... está do nosso lado. Fique aqui até que eu volte. Preciso encontrar Patch.

Scott gemeu de novo, mas dessa vez ele amaldiçoava Dante.

- Não vi ele vindo. - Murmurou.

Isso nos fazia dois.

Me apressei para sair, correndo a toda velocidade pelo cemitério, que tinha

ficado em uma perfeita escuridão. Fiz meu caminho por uma cerca de arbustos,

pegando meu atalho para o estacionamento. Saltei através da grelha de ferro e corri

até a caminhonete preta parada no estacionamento.

Vi o assustador azul brilhante atrás das janelas quando estava a alguns metros

de distância. Abrindo a porta, tirei Patch, e o encostei na calçada, e comecei o

trabalhoso pocesso de desamarrar o chicote, que serpenteava ao longo do peito dele,

mantendo seus braços ao longo do corpo, como um espartilho tortuoso. Seus olhos

estavam apagados, sua pele emanava um azul pálido. Finalmente soltei o chicote e

coloquei-o de lado, sem ter a consciencia dos meus dedos queimados.

- Patch. - Eu disse, sacudindo ele. As lágrimas saíram dos meus olhos, e minha

garganta estava seca por causa das emoções. - Acorda Patch. - Sacudi ele mais forte. -

Você vai ficar bem. Dante já foie já desamarrei o chicote. Por favor, acorda. - Aumentei

a minha voz. - Você vai ficar bem. Agora estamos juntos. Preciso que abra os olhos.

Preciso saber que está me escutando.

Seu corpo estava ardendo, o calor emanava de sua roupa, e tirei sua camisa.

Engoli em seco ao ver sua pele cheia de bolhas, com marcas onde o chicote tinha

estado. As piores feridas ondulavam como papel queimado e enegrecido. Só um

maçarico poderia produzir um dano igual.

Sabia que ele não podia sentir, mas eu sim. Minha mandívula se apertou com

um ódio venenoso de Dante, incluindo quando as lágrimas caiam pelo meu rosto.

Dante tinha cometido um erro enorme e imperdoável. Patch era tudo para mim, e se o

devilcraft deixasse algum dano, faria com que Dante se arrependesse disso pelo resto

da sua vida, e posso dizer, que ela não seria longa o bastante. Mas miha raiva a ponto

de explodir foi posta de lado pelo sofrimento que me consumia ao olhar para Patch.

Dor, culpa e agitação como gelo frio caiam em pedaços dentro de mim.

- Por favor. - Murmurei, minha voz se quebrava. - Por favor Patch, acorda. - Roguei,

beijando sua boca e desejando milagrosamente que ele acordasse. Dei uma sacodida

forte na minha cabeça, para tirar os pensamentos ruins. Não iria permitir que eles se

formassem. Patch era uma anjo caído. Não podia ser machucado. Não dessa maneira.

Não importava quão potente fosse o devilcraft... não podia causar um dano

permanente ao Patch.

Senti os dedos dele agarrarem os meus, um momento antes que sua voz baixa

vibrasse fracamente na minha cabeça.

<< Anjo. >>

Somente com essa palavra, meu coração se encheu de alegria.

<< Estou aqui! Estou somente aqui! Eu te amo, Patch. Eu te amo muito! >> Solucei em

resposta. Antes que pudesse me conter, minha boca voou na dele. Estava montada

sobre seus lábios, meus cotovelos estavam plantados em cada lado de sua cabeça, sem

querer causar mais dano a ele, mas incapaz de me conter em abraça-lo. Então, ele me

abraçou forte, e caí sobre ele.

- Vou te machucar mais. - Gritei, me levantando de perto dele. - O devilcraft... sua

pele...

- Você é o que me faz sentir melhor, anjo. - Ele murmurou, se encontrando com a

minha boca e cortando efetivamente o meu protesto. Seus olhos se fecharam, as linhas

do cansaço e o estresse pressionavam seus traços, e ainda assim o modo como ele me

beijava, derretia qualquer outra preocupação. Relaxei na minha postura, me afundando

em cima da sua forma larga e inclinada. Sua mão se moveu para a parte de trás da

minha camisa, sentindo ela mais quente e sólida equanto chegava mais perto.

- Eu estava apavorada com o que puderia acontecer com você. - Cuspi.

- Estava apavorado pensando a mesma coisa sobre você.

- O devilcraft... - Comecei.

Patch exalou debaixo de mim, e o meu corpo se fundiu com o dele. Sua respiração

levava alívio e emoções cruas. Seus olhos cheios de tudo e sinceridade, se encontraram

com os meus.

- Minha pele pode ser substituída. Mas você não, anjo. Quando Dante se foi, pensei que

tivesse terminado. Pensei que tivesse falhado com você. Nunca tinha rezado tanto na

minha vida.

Pisquei para tirar as lágrimas que estavam sobre os meus cílios.

- Se ele tivesse te tirado de mim... - Estava muito atordoada para terminar meu

pensamento.

- Ele tentou me tirar de você, e isso é razão suficiente para mim, para marcar ele como

um homem morto. Ele não vai se sair bem dessa. Já perdoei ele várias vezes por

pequenos tropeços em nome de ser civilizado e entender o seu papel como líder do

seu exército, mas essa noite ele deixou de lado as regras antigas. Usou devilcraft contra

mim. Não devo a ele nenhum gesto de cortesia. Na próxima vez que nos encontrarmos,

ele vai jogar com as minhas regras. - Apesar do evidente cansaso em cada músculo do

seu corpo, a decisão de sua voz não continha Vacilação ou compaixão.

- Ele trabalha para os anjos caídos Patch, eles o têm na palma da mão.

Nunca tinha visto Patch tão surpreso como nesse momento. Seus olhos se

ampliaram, digerindo essa nova notícia.

- Ele te disse isso?

Assenti seriamente.

- Ele disse que não há uma maneira de os nephilins sairem vitoriosos dessa guerra que

se aproxima. Apesar de cada palavra convincente, contraditória e cheia de esperança,

ele tem estado traindo os nephilins. - Adicionei amargamente.

- Ele disse o nome de algum anjo caído específico?

- Não. Ele tá nisso pra poder salvar a pele dele, Patch. Ele disse que quando a guerra

começar, os arcanjos ficarão do lado dos anjos caídos. Depois de tudo, a histéria deles

vem de muito tempo. É difícil dar as costas ao seu sangue, mesmo se for mal. E ainda

mais. - Dei uma profunda respiração. - O seguinte movimento de Dante é roubar meu

título como líder do exército da mão negra, e marchar com os nephilins direto para as

mãos dos anjos caídos.

Patch estava em um silencio aturdido, mas vi seus pensamentos correrem tão

rapidos como o fogo por trás dos seus olhos negros, o que o faziam ver como a ponta

da navalha. Ele sabia, como eu, que se Dante conseguisse com êxito me tirar o título,

meu juramento ao Hank estaria rompido. Falhar só significava uma coisa: a morte.

- Dante também é o chantagista de Pepper. - Eu disse.

Patch deu um breve aceno com a cabeço.

- Imaginei isso quando ele me atacou. Como pagou sua dívida com Scott?

- Ele está no mausoléu, com um incrivelmente inteligente cachorro de rua que está

vigiando ele.

Patch levantou suas sobrancelhas.

- Devo perguntar?

Acho que o cachorro está competindo intesamente por seu trabalho como meu

anjo da guarda. Ele foi pra cima do Dante e essa é a razão por eu ter conseguido me

livrar.

Patch traçou a curva do meu rosto.

- Terei que agradecer a ele por salvar a minha garota.

Apesar das circunstâncias, sorri.

- Vai amar ele. Vocês dois compartilham o mesmo senso de moda.

Duas horas depois, estacionei a caminhonete de Patch na garagem dele. Patch

estava jogado no banco do passageiro, sua testa estava suada e sua pele continuava

irradiando o mesmo tom azul. Ele sorriu com um sorriso frouxo enquanto falava, mas

podia dizer que ele estava fazendo esforço; era um complo para me tranquilizar. O

devilcraft tinha deixado ele debilitado, mas a pergunta era por quanto tempo. Eu

estava agradecida que dante tinha explodido. Imaginei que tinha que agradecer ao

meu novo amigo cachorro por isso. Se Dante tivesse terminado o que começou,

estariamos em mais perigo do que sofremos e teria sido dificil escapar. Uma vez mais,

direcioni minha gratidão ao cachorro de rua preto. Desleixado e assustadoramente

inteligente. E leal apesar de seu próprio detrimento.

Patch e eu tínhamos ficado no cemitério com Scott até ele se recuperar o

suficiente para dirigir para casa sozinho. E o cachorro preto, apesar de várias tentativas

para deixar ele, incluindo forçar para tirar ele do banco da caminhonete de Patch,

persistentemente ele pulava de novo para o interior. Nos rendendo, deixamos que ele

ficasse.

Levaria ele para um abrigo de animais depois que tivesse dormido o suficiente

para pensar claramente.

Mas tanto quanto queria pular na cama de Patch, no momento em que coloquei

meus pés dentro da casa dele, tinha muito trabalho para fazer. Dante estava 2 passos a

frente. Se descansássemos antes de tomar as medidas de contra ataque, talvez

teríamos que começar a levantar uma bandeira branca de rendição.

Entrei na cozinha de Patch, passando minhas mãos por trás do meu pescoço

como se o gesto me desse um novo e brilhante movimento. Em que Dante estaria

pensando agora? Qual seria seu próximo movimento? Ele tinha ameaçado me destruir

se eu o acusasse de traição, assim que ao menos ele tinha considerado que eu faria

isso. O que provavelmente significava que ele estava ocupado com uma das duas

coisas. Primeiro, elaborando um álibi irrefutável. E segundo, e o mais longe de

problemas, me desafiando a lutar para espalhar a notícia de que eu era uma traidora. O

pensamento congelou meus circuitos.

- Começa do início. - Disse Patch do sofá. Sua voz estava baixa, fatigada, mas seus

olhos queimavam com fúria. Ele colocou uma almofada embaixo da cabeça, e dirigiu

toda a sua atenção para mim. - Me diz exatamente o que aconteceu.

- Quando Dante me disse que estava trabalhando com os anjos caídos, ameacei

deçatar ele, mas ele só riu, dizendo que ninguém acreditaria em mim.

- Não acreditariam. - Patch concordou.

Coloquei minha cabeça contra a perede, suspirando por causa da frustração.

- Ele me disse depois seus planos de ser o líder. Os nephilins amam ele. Eles desejam

que ele seja o líder. Posso ver nos olhos deles. Não importa o quanto eu trate de

adivertir eles. Vão dar as boas vindas a ele como o novo líder de braços abertos. Não

vejo uma solução.Ele nos ganhou.

Patch não respondeu rapidamente, e quando falou sua voz era baixa.

- Se você atacar publicamente Dante, vai dar aos nephilins uma desculpa para

realmente ir contra você, isso é certo. As tensões estão ao máximo e eles estão

procurando um dreno para as incertezas. Então denunciar Dante publicamente não é o

movimento que vamos fazer.

- Então, qual é? - Perguntei, girando para olhar diretamente para ele. Ele tinha

claramente alguma coisa em mente, mas eu nao conseguia imaginar o que era.

- Vamos deixar que Pepper se encarregue de Dante por nós.

Cuidadosamente examinei a lógica de Patch.

- E Pepper fará isso porque não pode se arriscar que Dante o delate para os arcanjos?

Mas então, Pepper não tem que fazer com que Dante desapareça?

- Pepper não vai sujar suas próprias mãos. Ele não quer deixar um rastro que conduza

de volta para ele,para que os arcanjos o encontrem. - A boca de Patch endureceu. -

Estou começando a ter uma idéia do que o Pepper queria de mim.

- Você acha que o Pepper espera que você faça com que o Dante desapareça para ele?

É essa a tal oferta de trabalho?

Os olhos negros de Patch me deixaram.

- Só tem uma maneira de averiguar.

- Eu tenho número de Pepper. Vou marcar um encontro agora mesmo. - Disse com

desgosto. E quando eu pensava que Pepper não podia ir mais baixo. Ao invés de ser

um homem que encara os seus próprios problemas, o covarde tratava de jogar todo o

risco para cima de Patch.

- Sabe, anjo, ele tem algo que poderia ser útil para nós. - Acrescentou Patch

pensativamente. - Poderíamos convencer ele a roubar do céu, se jogarmos bem. Tenho

tentado evitar a guerra, mas talvez seja hora de lutar. Vamos acabar com isso. Se você

derrotar os anjos caídos, seu juramento vai estar cumprido. - Os olhos dele fixaram os

meus. - E seremos livres. Juntos. Sem guerra. Sem Cheshvan.

Comecei a pensar em que ele estava pensando, quando a óbvia resposta me

pegou. Não podeia acreditar que não tinha pensado nisso antes. Sim, Pepper tinha

acesso a algo que podia nos dar um poder de negociação sobre os anjos caídos, e

proteger a fé em mim. Então realmente queriamos atravessar esse caminho? Era nosso

direito colocar toda a população de anjos caídos em perigo?

- Não sei, Patch...

Patch se levantou e pegou sua jaqueta de couro.

- Ligue para Pepper. Nos reuniremos com ele agora.

A parte de trás do posto de gasolina estava vazio. O céu estava escuro, e as

vitrines da loja estavam engorduradas. Patch estacionou sua moto e nós dois fomos.

Uma rápida e bochechuda forma se contornou fora das sombras, e depois de olhar

com receio em volta, correu com rapidez na nossa direção.

Os olhos de Pepper viajaram hipocritamente para o olhar de Patch.

- Você parece um pouco pior vestido, velho amigo. Creio que seja razoavel dizer que a

vida na terra não tem sido amável.

Patch ignorou o insulto.

- Sabemos que Dante é o seu chantagista.

- Sim, é o Dante. o porco sujo. Me diga algo que eu não sei.

- Quero saber sobre o seu trabalho. - Pepper bateu seus dedos um no outro, seus

olhos penetrantes nunca deixando os de Patch.

- Sei que você e a sua namorada aqui mataram Hank Millar. Preciso de algém

assim,sem piedade.

- Tivemos ajuda. Os arcanjos. - Relembrou Patch.

- Sou um arcanjo. - Pepper disse com mal humor. - Quero que Dante morra, e te darei

os instrumentos para fazer isso.

Patch assentiu com a cabeça.

- Faremos. A um preço justo.

Pepper piscou, surpreso. Não pensou que pudesse chegar a um acordo tão facilmente.

Ele limpou a garganta.

- O que você tem em mente?

Patch me olhou, e inclinei a cabeça. Era hora de arregassar as mangas. Com um

pouco de tempo para pensar, Patch e eu decidimos que essa era uma carta que não

podiamos não ter em mãos.

- Queremos ter acesso a todas as penas de anjos caídos que tem no céu. - Anunciei.

O sorriso peculiar drenou os olhos de Pepper, e eu dei uma risada fria.

- Está louca? Não posso te dar isso. Precisa de todo o comité para liberar essas penas. E

o que você está planejando fazer? Queimar todas? Vai mandar todos os anjos caídos

para o inferno!

- Está realmente decepcionado com isso? - Perguntei com toda seriedade.

- A quem importa o que eu penso? - Ele gruniu. - Existem regras. Existem

procedimentos. Só os anjos caídos que cometeram algum crime sério são enviados

para o inferno.

- Essas são suas opções. - Disse Patch friamente. - Ambos conhecemos os

procedimentos para liberá-las. Você tem tudo o que precisa. Elabore um plano e leve

aos superiores. Ou é isso, ou perde o direito sobre Dante.

- Uma pena possivelmente! Mas milhares? Nunca escaparia deles! - Protestou Pepper

estridentemente.

Patch deu um passo na direção dele, e Pepper foi pra trás com medo, seus

braços voando para proteger seu rosto.

- Olhe em volta. - Disse Patch, com uma voz rápida e letal. - Esse não é um lugar para

chamar de lar. Você vai ser o mais novo anjo caído, e eles vão fazer com que você se

lembre. Não vai durar nem uma semana na iniciação.

- I...i...iniciação? - O olhar obscuro de Patch enviou um calafrio pela minha espinha. -

Q...q...que tenho que fazer? - Pepper gemeu suavemente. - Não posso passar pela

iniciação. Não posso viver eternamente na terra. Preciso voltar ao céu quando eu

quiser.

- Consiga as penas.

- Não posso f...f...fazer isso. - Gaguejou Pepper.

- Não tem uma oportunidade. Vai conseguir essas penas, Pepper. E eu vou matar

Dante. Já pensou nesse plano?

Ele assentiu miseravelmente.

- Vou te trazer um punhal especial. Vai matar Dante. Se os arcanjos forem atrás de

você, e você tentar dar o meu nome, ela vai cortar a sua propria lingua. O punhal está

encantado. Ele não vai deixar você me trair.

- Me parece bom.

- Se você quer continuar com isso, pode me contactar. Não enquanto estiver no céu.

Toda a comunicação vai ficar obscura até que termine. Se puder terminar. - Gemeu

desdenhosamente. - Vou te deixar saber quando eu tiver as penas.

- Precisamos delas para amanhã. - Ele disse a Pepper.

- Amanha? - Disse preocupado. - Você se dá conta do que está me pedindo?

- Na segunda a meia noite no mais tardar. - Disse Patch sem tempo para mais

protestos.

Pepper deu um piscar de olhos nada tranquilo.

- Vou trazer quantas eu puder.

- Vai precisar fazer um inventário. - Disse a ele.

- Temos um trato.

Pepper engoliu em seco.

- Todas e cada uma delas?

Essa era a ideia. Se Pepper conseguise as penas, os nephilins teriam uma

maneira de ganhar a guerra com só um golde de inicio. Sendo que não poderiamos

aprisionar os anjos caídos em nosso proprio inferno, tinhamos que deixar seu calcanhar

de Aquiles, a forma angelical de suas penas, para nós. A cada anjo caído daria uma

opção: Liberar seu nephilin do juramento ou fazer um novo juramento de paz, ou criar

um novo lar para eles em um lugar muito mais quente do que Coldwater.

Se nosso plano funcionasse, não iria importar se Dante me acusasse de traição, eu

ganharia a guerra, nada mais teria importancia para os nephilins. E apesar da falta de fé

deles em mim, queria ganhar isso por eles. Era o certo. Encontrei o olhar de Pepper.

- Todas elas.

CAPÍTULO

31

SCOTT ME LIGOU ASSIM QUE PATCH E EU ESTÁVAMOS DE VOLTA AO CONDOMÍNIO.

Agora era domingo, apenas um pouco mais de três da manhã. Patch fechou a porta da

frente atrás de nós, e eu coloquei o telefone no viva voz.

- “Nós temos um problema,” Scott disse. “Eu tenho recebido uma porção de textos de

amigos dizendo que Dante vai fazer um anúncio público hoje a noite mais tarde no

Delphic, depois de fechar. Depois do que aconteceu essa noite, mais alguém acha isso

curioso?”

Patch praguejou.

Eu tentei me manter calma, mas as extremidades da minha visão foram tingidas

de preto.

- “Todos estão especulando, e teorias estão por todo lado,” Scott continuou. “Alguma

ideia do que se trata? O idiota fingia ser seu namorado e então wham. Mais cedo essa

noite. E agora isso.”

Eu coloquei minha mão na parede para apoio. Minha cabeça girava e meus

joelhos cederam. Patch pegou o telefone de mim.

- “Ela vai te ligar de volta, Scott. Nos avise se você ouvir mais alguma coisa.”

Eu afundei no sofá de Patch. Eu prendi minha cabeça entre os joelhos e dei

várias respirações rápidas. “Ele vai me acusar publicamente de traição. Hoje mais

tarde.”

- “Sim,” Patch concordou quietamente.

- “Eles vão me trancar na prisão. Eles vão me torturar e tentar uma confissão de mim.”

Patch se ajoelhou na minha frente e colocou suas mãos protetoramente nos

meus quadris. “Olhe para mim, Anjo.”

Meu cérebro automaticamente ligou-se em ação. “Nós temos que contatar

Pepper. Nós precisamos do punhal antes do que pensávamos. Nós precisamos matar

Dante antes dele fazer esse anúncio.” Um soluço escapou aturdido do meu peito. “E se

não conseguirmos o punhal a tempo?”

Patch puxou minha cabeça contra seu peito, gentilmente massageando os

músculos da parte de trás do pescoço que estavam tão rígidos que eu pensei que eles

iriam trincar. “Você acha que eu vou deixá-los colocarem a mão em você?” ele disse na

mesma voz macia.

- “Oh, Patch!” Eu joguei meus braços em volta do pescoço dele, lágrimas aquecendo

meu rosto. “O que nós vamos fazer?”

Ele inclinou meu rosto para olhar o dele. Ele roçou os polegares sob meus

olhos, para secar minhas lágrimas. “Pepper há de vir. Ele vai me trazer o punhal, e eu

vou matar Dante. Você vai ter as penas e ganhar a guerra. E então eu vou te levar pra

longe. Algum lugar onde nós nunca ouviremos as palavras ‘Cheshvan’ ou ‘guerra’ de

novo.” Ele parecia que queria acreditar nisso, mas sua voz vacilou o suficiente.

- “Pepper nos prometeu as penas e o punhal na segunda à meia noite. Mas e o anúncio

de Dante essa noite? Nós não podemos detê-lo. Pepper tem que trazer o punhal antes.

Nós temos que achar uma maneira de contatá-lo. Nós temos que arriscar.”

Patch ficou em silêncio, esfregando a mão na boca em pensamento. Por fim ele

disse, “Pepper não pode resolver o problema de hoje a noite – nós temos que fazer

isso nós mesmos.” Seus olhos, inabalados e determinados, uniram-se aos meus. “Você

vai solicitar um encontro urgente e obrigatório com o Nephilim mais importante,

marcar para hoje a noite, e roubar o estrondo de Dante. Todos estão esperando você

lançar uma ofensiva, para catapultar nossas raças numa guerra, e eles pensarão que é

isso – seu primeiro movimento militar. Seu anúncio vai superar o de Dante. Os

Nephilins virão, e por curiosidade, Dante também.

Na frente de todos, você deixará bem claro que está ciente de que há facções em favor

de colocar Dante no poder. Então você vai dizer a eles que vai colocar suas dúvidas

para descansar de uma vez por todas. Convença-os de que você quer ser a governante

deles, e que você acredita que você pode fazer um trabalho melhor do que Dante.

Então o desafie para um duelo de poder.”

Eu encarei Patch, confusa e duvidosa. “Um duelo? Com Dante? Não posso lutar

com ele – ele vai ganhar.”

- “Se nós conseguirmos atrasar o duelo até Pepper voltar, o duelo não será nada mais

do que um truque armado para Dante e nos dar tempo.”

- “E se nós não conseguirmos atrasar o duelo?”

Os olhos de Patch cortaram drasticamente os meus, mas ele não respondeu

minha pergunta. “Nós temos que agir agora. Ele não tem nada a perder. Ele sabe que

se você o denunciar publicamente, ele apenas tem que acusar você. Confie em mim,

quando ele descobrir que você está desafiando ele para um duelo, ele vai estourar o

champagne. Ele é convencido, Nora. E egoísta. Nunca vai passar pela cabeça dele que

você possa ganhar. Ele vai concordar com o duelo, achando que você apenas caiu com

um bolo no colo dele. Um pronunciamento público confuso de sua traição e um

julgamento arrastado... ou roubar seu poder com apenas um disparo de pistola? Ele vai

se chutar por não ter pensado nisso primeiro.”

Minhas articulações sentiam como se estivessem sendo substituídas por

borracha. “Se houver um duelo, nós lutaremos com armas?”

- “Ou espadas. Sua preferência. Mas eu fortemente sugeriria pistolas. Será mais fácil

para você aprender a atirar do que lutar com espada,” Patch disse calmamente,

claramente não ouvindo a angústia na minha voz.

Senti como se fosse vomitar. “Dante vai concordar com o duelo porque ele sabe

que pode me vencer. Ele é mais forte do que eu, Patch. Quem sabe quanto devilcraft

ele tem consumido? Não vai ser uma luta.”

Patch pegou minhas mãos trêmulas e deu um beijo suave em meus dedos.

“Duelar saiu de moda centenas de anos atrás na cultura humana, mas ainda é

socialmente aceitável para Nephilins. Aos olhos deles, é a maneira mais rápida e óbvia

de resolver um desentendimento. Dante quer ser líder do exército nephilim, e você vai

fazer ele e qualquer outro nephil acreditar que você deseja isso tanto assim.”

- “Por que nós apenas não contamos aos nephilins mais importantes sobre as penas no

encontro?” meu coração cresceu com esperança. “Eles não vão se importar com mais

nada, quando eles souberem que eu tenho um modo infalível de ganhar a guerra e

reestabelecer a paz.”

- “Se Pepper falhar, eles verão isso como uma falha sua. Se aproximar não vai contar.

Ou eles vão aclamar você por obter as penas, ou vão crucificar você por cair. Até nós

termos certeza de que Pepper conseguiu, nós não podemos mencionar as penas.”

Eu passei minhas mãos pelo meu cabelo. “Não posso fazer isso.”

Patch disse, “Se Dante está trabalhando para os anjos caídos, e se ele ganhar poder, a

raça Nephilim está mais profundamente na escravidão do que jamais esteve antes. Eu

me preocupe que os anjos caídos usem devilcraft para fazer escravos Nephilins muito

depois que o Cheshvan acabar.”

Eu balancei minha cabeça miseravelmente. “Há muito na mesa. E se eu falhar?” e

inegavelmente eu iria.

- “Tem mais, Nora. Seu juramento a Hank.”

O medo se formou como pedaços de gelo na boca do meu estômago. Mais

uma vez, eu lembrei de cada palavra que eu tinha dito a Hank Millar na noite que ele

tinha me pressionado para tomar as rédeas da sua insurreição condenada. ‘Eu vou

liderar seu exército. Se eu quebrar essa promessa, minha mãe e eu estaremos tão boas

quanto mortas.’ O que não me deixava muita escolha, deixava? Se eu quisesse ficar na

Terra com Patch, e preservar a vida da minha mãe, eu tinha que manter meu título

como líder do exército nephilim. Não podia deixar Dante roubá-lo de mim.

- “Um duelo é um espetáculo raro, e jogado por dois nephilins de alto perfil, tais como

você e Dante, e esse será um evento que não deve ser perdido,” Patch disse. “Estou

pesrando pelo melhor, que nós sejamos capazes de impedir o duelo, e que Pepper não

vá falhar, mas acho que nós devemos nos preparar para o pior. O duelo pode ser nossa

única saída.”

- “Quão grande é a plateia de que estamos falando?”

O olhar de Patch uma vez que encontrou o meu foi fresco e confiante. Mas por

um momento, eu vi compaixão tremer em seus olhos. “Centenas.”

Eu engoli em seco. “Eu não posso fazer isso.”

- “Eu vou treinar você, Anjo. Eu estarei do seu cada em cada passo do caminho. Você é

muito mais forte do que há duas semanas atrás, e tudo isso depois de algumas horas

de trabalho com um treinador que só estava fazendo o suficiente para fazer você achar

que ele estava investido. Ele queria que você pensasse que ele estava treinando você,

mas eu duvido muito que ele estava fazendo muito mais do que colocar seus músculos

a passar por um mínimo de resistência. Eu não acho que você percebeu o quão

poderosa você é. Com um treinamento de verdade, você pode vencer ele.” Patch

apertou minha nuca, puxando nossos rostos juntos. Ele olhou para mim com tanta

segurança e confiança que quase partiu meu coração. ‘Você pode fazer isso. É uma

tarefa que ninguém inveja, e eu a admiro ainda mais por considerar fazer isso,’ ele

falou na minha mente.

- “Não há outra maneira?” Mas eu tinha passado os últimos vários momentos

freneticamente analisando as circunstâncias de cada ângulo possível. Com a chance

questionável de sucesso do Pepper, combinada com o juramento que eu fiz para o

Hank, e a situação precária de toda a raça Nephilim, não havia outro jeito. Eu tinha que

passar por isso.

- “Patch, eu estou com medo,” eu sussurrei.

Ele me puxou para seus braços. Ele beijou o topo da minha cabeça e acariciou

meu cabelo. Ele não precisava dizer as palavras para mim para saber que ele estava

apavorado também. “Eu não vou deixar você perder esse duelo, Anjo. Não vou deixar

você encarar Dante sem saber que eu controlo o resultado. O duelo vai parecer justo,

mas não será. Dante selou seu destino no momento em que ele se voltou contra você.

Eu não vou deixa-lo fora de perigo.” Ele murmurou suas palavras endurecidas. “Ele não

vai sair dessa com vida.”

- “Você pode fraudar o duelo?”

A vingança latente em seu olhar me disse tudo o que eu precisava saber.

- “Se alguém descobrir – “ eu comecei.

Patch me beijou, forte, mas com um brilho divertido em seus olhos. “Se eu for

pego, isso vai significar o fim sobre beijar você. Você realmente acha que eu arriscaria

isso?” Seu rosto ficou sério. “Eu sei que eu não posso sentir o seu toque, mas eu sinto

seu amor, Nora. Dentro de mim. Isso significa tudo pra mim. Eu queria poder sentir

você do mesmo modo que você me sente, mas eu tenho seu amor. Nada vai ter mais

importância do que isso. Algumas pessoas vivem suas vidas inteiras sem sentir as

emoções que você tem me dado. Não há arrependimento nisso.”

Meu queixo estremeceu. “Eu estou com medo de perder você. Estou com medo de

falhar ou do que vai acontecer conosco. Eu não quero fazer isso,” eu protestei, mesmo

eu sabendo que não havia alçapão mágico para escapar por ele. Eu não poderia correr;

eu não poderia me esconder. O juramento que eu tinha feito para Hank iria me

encontrar, não importa o quanto eu tentasse desaparecer. Eu tinha que permanecer no

poder. Enquanto o exército existisse, eu tinha que ver isso. Eu apertei as mãos de Patch.

“Prometa que você vai estar comigo o tempo todo. Prometa que você não vai me fazer

passar por isso sozinha.”

Patch inclinou meu queixo para cima. “Se eu pudesse fazer isso passar, eu faria. Se eu

pudesse ficar no seu lugar, eu não hesitaria. Mas sou deixado com uma escolha, e ela é

ficar do seu lado até o fim. Eu não vou vacilar, Anjo, posso te prometer isso.” Ele correu

suas mãos pelos meus braços, inconsciente de que sua promessa fez mais para me

aquecer do que seu gesto. Isso quase me trouxe às lágrimas. “Eu vou começar a

espalhar notícias de que você chamou um encontro urgente para hoje a noite. Eu vou

ligar para Scott primeiro, e dizer-lhe para passar a palavra adiante. Não vai demorar

muito para as notícias se espalharem. Dante vai ter ouvido seu anúncio antes do fim de

uma hora.”

Meu estômago deu um solavanco nauseado. Eu mordi o interior da minha

bochecha, então me forcei a acenar com a cabeça. Eu poderia muito bem aceitar o

inevitável. Quanto mais cedo eu confrontasse o que estava por vir, mais cedo eu

poderia formular um plano para vencer o meu medo.

- “O que eu posso fazer para ajudar?” eu perguntei.

Patch me estudou, franzindo a testa. Ele acariciou o polegar sobre o meu lábio,

e depois sobre toda a minha bochecha. “Você é fria como gelo, Anjo.” Ele inclinou sua

cabeça para o corredor mais fundo na casa. “Vamos colocar você na cama. Eu vou

acender a lareira. O que você precisa agora é de calor e descanso. Eu vou preparar um

banho quente, também.”

Com certeza, calafrios enormes acumularam meu corpo. Era como se, em um

instante, todo o calor tivesse sido sugado de mim. Eu acho que eu estava entrando em

choque. Meus dentes batiam, as pontas dos meus dedos vibraram com um tremor

estranho e involuntário.

Patch me pegou e me levou de volta para o seu quarto. Ele empurrou a porta

com o ombro, desforrou o edredom, e colocou-me suavemente em sua cama. “Uma

bebida?” ele perguntou. “Chá de ervas? Caldo?”

Olhando para o rosto dele, tão zeloso e ansioso, a culpa rodou dentro de mim.

Eu sabia bem então que Patch faria qualquer coisa por mim. Sua promessa de ficar do

meu lado era tão boa para ele como um juramento. Ele parte de mim, e eu era parte

dele. Ele faria o que quer que fosse – o que quer que fosse – qu precisasse para me

manter aqui com ele.

Eu me forcei a abrir minha boca antes que eu me acovardasse. “Tem algo que

eu preciso te contar,” eu disse, minha voz soando fina e frágil. Eu não tinha planejado

chorar, mas as lágrimas brotaram nos meus olhos. Eu fui tomada de vergonha.

- “Anjo?” Patch disse, seu tom questionando.

Eu tinha dado o primeiro passo, mas agora eu congelei. Uma voz de justificativa

percorreu minha mente, dizendo que eu não tinha direito de descarregar isso em

Patch. Não em seu atual estado enfraquecido. Se eu me importava com ele, eu devia

manter minha boca fechada. Sua recuperação era mais importante do que tirar umas

mentirinhas do meu peito. Já senti aquelas mesmas mãos geladas deslizarem até

minha garganta.

- “É – Não é nada.” Eu corrigi. “Eu só preciso dormir. E você precisa ligar para Scott.” Eu

me virei para o travesseiro, então ele não poderia me ver chorar. As mãos geladas

pareciam muito reais, prontas para fecharem em meu pescoço se eu dissesse demais,

se eu contasse meu segredo.

- “Eu preciso ligar pra ele, é verdade. Mas mais importante do que isso, eu preciso que

você me diga o que está acontecendo,” Patch disse, apenas preocupação suficiente

entrando em seu tom de voz para me dizer que eu tinha passado do ponto onde eu

poderia usar uma simples distração para sair dessa.

As mãos frias se enrolaram em volta da minha garganta. Eu estava muito

assustada para falar. Com muito medo das mãos, de como elas me machucariam.

Patch clicou no abajur de cabeceira, puxando delicadamente meu ombro,

tentando ver meu rosto, mas eu só me torci mais longe. “Eu te amo,” eu sufoquei. A

vergonha me inchou. Como eu podia dizer essas palavras e mentir para ele?

- “Eu sei. Assim como eu sei que você está escondendo alguma coisa. Não é hora para

segredos. Nós chegamos longe demais para voltar por esse caminho,” Patch me

lembrou.

Eu assenti, sentindo as lágrimas rolarem pela fronha. Ele estava certo. Eu sabia

disso, mas isso não fazia mais fácil confessar tudo. Eu não sabia se eu poderia. Aquelas

mãos invernais, fechando minha garganta, minha voz...

Patch escorregou na cama ao meu lado, me arrastando contra ele. Eu sentia sua

respiração atrás do meu pescoço, o calor da sua pele tocando a minha. O joelho dele

se encaixou perfeitamente na curva do meu. Ele beijou meu ombro, seu cabelo preto

caindo na minha orelha.

Eu – menti – para – você, eu confessei em seus pensamentos, sentindo como se eu

tivesse que empurrar as palavras para fora através de uma parede de tijolos. Eu fiquei

tensa, para as mãos frias que iam se apoderar de mim, mas para minha surpresa, seu

aperto pareceu enfraquecer com a minha confissão. Seu toque frio escorregou e

vacilou. Estimulada por este pequeno avanço, eu pressionei. ‘Eu menti para a única

pessoa cuja confiança significa mais para mim do que qualquer coisa. Eu menti para

você, Patch, e eu não sei se eu posso me perdoar’.

Ao invés de exigir uma explicação, Patch continuou um rastro de beijos lentos,

constantes no meu braço. Não estava, até que ele deu um beijo no inteiro do meu

pulso e falou. “Obrigado por me contar.” Ele disse quietamente.

Rolei, piscando em surpresa. “Você não quer saber sobre o que eu menti?”

- “Eu quero saber o que eu posso fazer para você se sentir melhor.” Ele esfregou os

ombros em círculos, dando-me certa tranquilidade.

Eu não me sentiria melhor até que eu desabafasse. Não era responsabilidade de

Patch aliviar o meu fardo – era minha, e sentia cada última angústia de culpa como se

me espetasse com uma lâmina de ferro.

- “Eu tenho tomado – devilcraft.” Eu não podia imaginar que minha vergonha poderia

crescer, mas parecia inchar dentro de mim o triplo do tamanho. “Todo esse tempo eu

tenho tomado. Eu nunca tomei o antídoto que você pegou do Blakely. Eu fiquei com

ele, me dizendo que eu tomaria mais tarde, depois do Cheshvan, quando eu não

precisasse mais ser sobre-humana, mas isso era uma desculpa. Eu nunca tive a intenção

de tomar. Todo esse tempo eu tenho estado dependendo do devilcraft. Estou

apavorada de não ser forte o suficiente sem ele. Eu sei que eu tenho que para, e eu sei

que é errado. Mas ele me dá habilidades que eu não posso obter sozinha. Eu enganei

sua mente fazendo você pensar que eu bebi o antídoto, e - eu nunca estive mais

arrependida na minha vida!”

Eu baixei meus olhos, incapaz de suportar a decepção e desgosto que com

certeza iriam ascender no rosto de Patch. Era horrível o bastante saber a verdade, mas

me ouvir dizer em voz alta cortou o núcleo. Quem eu era afinal? Eu não me reconhecia

e esse era o pior sentimento que eu tinha experimentado. Em algum lugar no caminho,

eu tinha me perdido. E tão fácil quanto era culpar o devilcraft, eu tinha feito a escolha

de roubar a primeira garrafa de Dante.

Por fim Patch falou. Sua voz estava tão firme, tão cheia de uma quieta

admiração, que me fez imaginar se ele podia ter sabido do meu segredo todo o tempo.

“Você sabia, a primeira vez que eu te vi, eu pensei: eu nunca tinha visto nada mais

cativante e bonita?”

- “Por que você está me contando isso?” eu disse miseravelmente.

- “Eu vi você, e queria estar perto de você. Eu queria que você me deixasse entrar. Eu

queria conhecer você de um modo que ninguém mais podia. Eu queria você, toda

você. Esse desejo quase me deixou louco.” Patch pausou, inalando suavemente,

enquanto expirava em mim. “E agora que eu tenho você, a única coisa que me apavora

é ter que voltar para aquele lugar. Ter que desejar você de novo, sem esperança do

meu desejo ser suprido. Você é minha, Anjo. Cada parte de você. Eu não vou deixar

nada mudar isso.”

Eu apoiei meu peso no meu cotovelo, encarando ele. “Eu não mereço você,

Patch. Não importa o que você diga. É a verdade.”

- “Você não me merece,” ele concordou. “Você merece alguém melhor. Mas você está

presa comigo, e assim como você pode superar isso.” Me escorregando para baixo dele

em um ágil movimento, e rolou por cima de mim, seu olhar negro todo pirata. “Eu não

tenho a intenção de te deixar ir facilmente, é algo para se ter em mente. Eu não me

importo se é outro homem, sua mãe, ou as forças do inferno tentando nos separar, eu

não estou facilitando e eu não estou dizendo adeus.”

Eu pisquei minhas pálpebras molhadas. “Eu não vou deixar nada ficar entre nós

também. Especialmente o devilcraft. Eu tenho o antídoto na minha bolsa. Eu vou toma-

lo agora. E, Patch?” eu adicionei com uma emoção sincera. “Obrigada... por tudo. Eu

não sei o que eu faria sem você.”

- “Ainda bem,” ele murmurou. “Porque eu não vou deixar você sair!”

Eu afundei de volta na cama dele, feliz por ser obrigada.

CAPÍTULO

32

COM CERTZA, A INFORMAÇÃO DA MINHA SOLICITAÇÃO DE ENCONTRAR OS

NEPHILINS SUPERIORES SE ESPALHOU. No domingo a tarde, os canais Nephilins

zumbiam com expectativa e especulação. Eu estava recebendo toda a pressão, e as

notícias do anúncio de Dante tinham sido um fiasco. Eu tinha roubado o show, e Dante

não podia colocar qualquer protesto. Eu não tinha dúvida de que Patch estava certo –

Dante iria colocar seus planos em espera até que ele pudesse ver meu próximo

movimento.

Scott ligava a cada hora com uma atualização, que normalmente era pra me

dizer as mais recentes teorias que os Nephilins estavam produzindo em relação ao meu

primeiro ataque combativo contra os anjos caídos. Emboscadas, destruição das vias de

comunicação, envio de espiões e sequestrar os comandantes dos anjos caídos todos

tinham entrado na lista glorificada. Como Patch tinha previsto, os Nephilins tinham

rapidamente concluído a guerra era a única razão de eu ter convocado a reunião. Eu

me perguntava se Dante tinha chegado na mesma conclusão. Eu desejava poder dizer

sim, eu o havia enganado, mas a experiência me disse que ele era astuto o bastante

para saber melhor – ele sabia que eu tramava alguma coisa.

- “Boas novas,” Scott disse animadamente pelo telefone. “Os figurões – os Nehiplins

mais importantes – aceitaram sua solicitação para uma reunião. Eles determinaram a

localização, e não é no Delphic. Além disso, eles estão mantendo as coisas cômodas.

Como esperado, é uma festa somente para convidados. Vinte Nephilins no máximo.

Sem furos, muitos guardas. Cada Nephil convidado será examinado antes de entrar. A

boa notícia é, eu estou na lista de convidados. Demorou algumas trocas de ideias, mas

eu estarei lá com você.”

- “Apenas me diga o local,” eu disse, tentando não soar enjoada.

- “Eles querem se encontrar na antiga casa de Hank Millar.”

Minha espinha se arrepiou. Eu nunca seria capaz de apagar aqueles olhos azuis

árticos quando o nome dele viesse à mente.

Eu deixei seu fantasma de lado e me foquei. Uma sofisticada casa colonial

georgiana numa área humana respeitada. Não parecia sombrio o suficiente para um

encontro secreto Nephilim. “Por que lá?”

- “Os superiores pensaram que isso mostrava um gesto de respeito ao Mão Negra. Boa

ideia, eu digo. Ele começou toda essa bagunça,” Scott adicionou maliciosamente.

- “Continue falando assim, que eles irão te tirar da lista de convidados.”

- “A reunião foi marcada para às dez da noite. Mantenha seu telefone próximo, no caso

de eu saber mais alguma coisa. Não esqueça de agir surpresa quando eles ligarem com

os detalhes. Não pode tê-los pensando que já tem um problema com um espião. Mais

uma coisa. Me desculpe sobre Dante. Eu me sinto responsável. Eu apresentei você. Se

eu pudesse, eu desmembraria ele. E em seguida, amarraria um tijoo em cada um dos

seus membros, os levaria ao mar, e os jogaria lá. Cabeça erguida. Eu estou nas suas

costas.”

Eu desliguei e me voltei na direção de Patch, que estava encostado na parede

me observando atentamente durante toda a conversa.

- “A reunião é hoje a noite,” eu disse a ele. “Na antiga casa dos Millar.” Eu não teria

coragem de terminar o pensamento que estava rolando na minha mente. Uma casa

particular? Rastreamentos? Guardas? Como diabos Patch entraria? Para meu grande

desânimo, parecia que eu estava indo sem ele hoje à noite.

- “Funciona,” Patch disse calmamente. “Eu estarei lá.”

Eu admirava sua confiança fria, mas eu não via como ele possivelmente iria se

esgueirar despercebido. “A casa vai estar altamente guardada. No minuto que você por

o pé no quarteirão, eles saberão. Talvez se eles tivessem selecionado um museu ou um

tribunal, mas não isso. A casa dos Millar é grande, mas não tão grande. Eles vão ter

cada centímetro quadrado coberto.”

- “Que é exatamente o que eu planejei. Eu já resolvi os detalhes. Scott vai me deixar

entrar.”

- “Não vai funcionar. Eles estarão esperando anjos caídos espiões, e mesmo se Scott

destrancar a janela para você, eles vão ter pensado nisso. Não apenas vão capturar

você, como vão saber que Scott é um traídor – “

- “Eu vou possuir o corpo de Scott.”

Eu vacilei. Vagarosamente, sua solução se formou na minha mente. Claro. Era

Cheshvan. Patch não teria problema em tomar o controle do corpo de Scott. E a partir

de uma perspectiva externa, não haveria como dizer a diferença entre os dois. Patch

seria bem vindo na reunião, sem olharem para ele. Era o disfarce perfeito. Com apenas

um pequeno probleminha. “Scott nunca vai concordar com isso.”

- “Ele já concordou.”

Olhei de volta em descrença. “Concordou?”

- “Ele vai fazer isso por você.”

Minha garganta de repente se fechou. Não havia nada no mundo que Scott

tinha lutado mais do que manter anjos caídos longe de possuí-lo. Eu percebi naquele

momento apenas o quanto minha amizade significava para ele. Para ele fazer isso – a

única coisa que ele abominava – não haviam palavras. Só uma profunda, dolorida

gratidão por Scott e a determinação de não falhar com ele.

- “Hoje a noite, eu preciso que você seja cuidadoso,” eu disse.

- “Eu serei cuidadoso. E eu não vou ultrapassar minhas boas vindas. No minuto que

você estiver fora da reunião segura, e eu tiver ficado tempo suficiente pra saber tudo o

que eu puder, Scott terá seu corpo de volta. Eu terei certeza de que nada aconteça com

ele.”

Eu apertei Patch em um abraço feroz. “Obrigada,” eu sussurrei.

Mais tarde naquela noite, às nove horas, eu parti da casa de Patch. Eu saí

sozinha, dirigindo um carro alugado como solicitação dos meus nephlins. Eles

pontilharam cada caminho que eu cruzei o que não dava qualquer chance de algum

nephilim intrometido ter me seguido, ou pior, qualquer anjo caído que possa ter

apanhado ao vento a reunião de hoje a noite super secreta.

As ruas estavam escuras e escorregadias como a neblina de um filme. Meus

faróis varreram a parte negra do pavimento que rolava por cima das colinas e nas

curvas. Eu tinha o aquecedor acionado, mas nunca expulsava completamente os

calafrios dos meus ossos. Eu não sabia o que esperar dessa noite, e isso fazia desse um

plano difícil. Eu teria que reproduzir as coisas de ouvido, minha maneira menos favorita

de agir. Eu queria entrar na casa dos Millar com algo para segurar além dos meus

próprios instintos, mas isso era tudo o que eu tinha. Finalmente eu estacionei em

frente à antiga casa de Marcie.

Eu sentei no carro um momento, olhando para as colunas brancas e as

pequenas portas pretas. A relva estava perdida sob folhas secas. Ramos marrons, os

restos de hortênsias, sobressaíam duplos de vasos de terracota acompanhando a

varanda. Jornais em vários estados de decomposição enchiam a passagem. A casa tinha

sido desocupada depois da morte de Hank e não parecia tão atraente e elegante como

eu me lembrava. A mãe de Marcie havia se mudado para um apartamento no rio, e

Marcie, bem, Marcie tinha levado a frase ‘mi casa es su casa’ de coração.

Luzes fracas brilhavam atrás de janelas drapeadas, e enquanto eles não

revelavam as silhuetas, eu sabia que os mais poderosos e influentes líderes Nephilim

do mundo estavam sentados logo atrás da porta da frente. Esperando para formar

julgamentos das notícias que eu estava prestes a entregar. Eu também sabia que Patch

estaria lá, se certificando que nenhum perigo sobreviesse a mim.

Apegada a esse pensamento, respirei irregularmente e marchei até a porta da

frente.

Eu bati.

A porta da frente se abriu, e eu fui conduzida para dentro por uma mulher alta

cujos olhos permaneceram em mim tempo suficiente para confirmar minha identidade.

Seu cabelo tinha sido penteado para trás numa trança apertada, e não havia nada

mesmo notável ou memorável em seu rosto.

Ela murmurou um educado mas reservado, “Olá,” e então, com um gesto rígido

de sua mão, me direcionou para mais fundo na casa.

A batida dos meus sapatos ecoou pelo corredor mal iluminado. Passei por

retratos da família Millar, sorrindo através do vidro empoeirado. Um vaso de lírios

mortos estava na mesa de entrada. A casa inteira tinha cheiro de guardado*. Eu segui

o rastro de luzes para a sala de jantar.

(*Cheiro de guardado: o termo em inglês é bottled up, que seria engarrafado. Mas

achei cheiro de guardado mais apropriado. Pra quem não sabe o que é, significa o

mesmo que cheiro de mofo.)

Assim que eu passei pelas portas francesas, a conversa abafada morreu. Haviam

seis homens e cinco mulheres em cada lado sentados em uma longa, mesa de mogno

polido. Mais alguns Nephilins ficaram em torno da mesa, parecendo agitados e

apreensivos. Eu quase dei uma segunda olhada quando eu vi a mãe de Marcie. Eu sabia

que Susanna Millar era Nephilim, mas sempre senti como um pensamento intangível à

deriva nos fundos da minha mente. Vê-la aqui essa noite, convocada numa reunião

secreta de imortais, fez ela se sentir de repente... ameaçada. Marcie não estava com ela.

Talvez Marcie não tinha querido vir, mas uma explicação mais plausível era que ela não

tinha sido convidada. Susanna parecia o tipo de mãe que se inclinava para trás, para

manter sua filha fora do menor tipo de complicação.

Encontrei o rosto de Scott no grupo. Sabendo que Patch estava possuindo ele,

o barulho do meu estômago deu um alívio momentâneo. Ele chamou minha atenção e

inclinou sua cabeça, um aceno secreto de encorajamento. Um profundo sentimento de

certeza e segurança me inundou. Eu não estava nessa sozinha. Patch estava na

retaguarda. Eu devia ter sabido que ele encontraria um jeito de estar aqui, não importa

o risco.

E então lá estava Dante. Ele sentou na ponta da mesa, usando uma camiseta de

caxemira preta e uma carranca pesada. Seus dedos se juntaram ao longo de sua boca,

e quando os olhos dele prenderam os meus, seus lábios se contraíram com um sorriso

de desdém. Suas sobrancelhas se levantaram num discreto mas evidente desafio. Eu

desviei o olhar.

Voltei minha atenção para a mulher idosa num vestido de coquetel roxo e

diamantes sentada na outra ponta da longa mesa. Lisa Martin. Segundo Hank, ela era a

nephil mais influente e respeitada que eu tinha encontrado. Eu não gostava ou

confiava nela. Sentimentos que eu teria que reprimir pelos próximos vários minutos, se

eu quisesse passar por isso.

- “Estamos tão alegre que você instigou essa reunião, Nora.” Sua voz quente, real e de

aceitação escorria como mel em meus ouvidos. Meu coração acelerado diminuiu. Se eu

poderia ter ela do meu lado, eu já estava a meio caminho.

- “Obrigada,” eu consegui por fim.

Ela gesticulou para o assento vazio ao seu lado, acenando para sentar-me.

Eu fui para a cadeira, mas eu não sentei. Eu estava com medo de que perderia

meus nervos se fizesse. Inclinando minhas mãos na mesa para apoio, eu ignorei as

gentilezas e me lancei para o verdadeiro significado da minha visita.

- “Eu estou ciente de que nem todos nessa sala pensam que eu sou a melhor pessoa

para liderar o exército do meu pai,” eu disse sem rodeios. A palavra “pai” tinha um

gosto amargo na minha boca, mas me lembrei da advertência de Patch para conectar-

me a Hank de qualquer maneira que eu pudesse essa noite. Nephilins adoravam ele, e

se eu pudesse usar essa aprovação, mesmo uma aprovação clandestina, eu deveria.

Eu fiz contato visual com todos sentados na mesa, e alguns atrás dela. Eu tinha

que mostrar a eles que eu tinha força moral e coragem, e acima de tudo, que eu estava

descontente com sua falta de apoio. “Sei que alguns de você já vieram com uma lista

de homens e mulheres mais adequados para essa tarefa.” Eu pausei de novo, voltando

todo o peso do meu olhar em Dante. Ele segurou meu olhar, mas eu vi ódio crepitar

por trás de seus olhos castanhos. “E eu sei que Dante Matterazzi está no topo da lista.”

Um murmurinho circundou a sala. Mas ninguém contestou minha afirmação.

- “Eu não chamei vocês aqui essa noite para discutir meu primeiro ataque ofensivo na

guerra contra os anjos caídos. Eu chamei vocês aqui pois sem um líder forte e sua

aprovação daquele indivíduo, não haverá uma guerra. Os anjos caídos vão nos separar.

Nós precisamos de unidade e solidariedade,” eu incitei para eles com convicção. “Eu

acredito que eu sou a melhor líder, e meu pai pensava do mesmo modo. Claramente,

eu não tenho convencido vocês. E é por isso que, essa noite, eu estou desafiando

Dante Matterazzi para um duelo. O vencedor lidera esse exército de uma vez por

todas.”

Dante disparou de pé. “Mas nós estamos namorando!” Sua expressão pintou um

retrato perfeito de choque misturado com orgulho ferido. “Como você pode sugerir

duelar comigo?” ele disse, sua voz flácida com a humilhação.

Eu não esperava que ele alegasse nosso completamente falso relacionamento,

construído sob a base fraca de um acordo falado e nunca realizado – um

relacionamento que eu tinha esquecido imediatamente, e que agora azedou meus

ossos, mas isso não iria me surpreender no silêncio. Eu disse friamente, “Eu estou

disposta a derrubar qualquer um – é isso que liderar os Nephilins significa pra mim. Eu

tenho a honra de desafiar você para um duelo, Dante.”

Nenhum Nephil falou. A surpresa registrada em suas expressões, rapidamente

foi seguida de satisfação. Um duelo. O vencedor leva tudo. Patch estava certo –

Nephlins ainda estavam totalmente enraizados num mundo arcaico, regrados por

princípios darwinistas. Eles ficaram satisfeitos com o rumo dos acontecimentos, e

estava bem claro pelos olhos de adoração que eles lançaram na direção de Dante que

nenhum Nephil na sala duvidava quem seria o vencedor.

Dante tentou manter seu rosto impassível, mas eu vi ele sorrir suavemente da

minha insensatez e da sua boa sorte. Ele pensou que eu tinha errado, tudo bem. Mas

seus olhos imediatamente se estreitaram com desconfiança. Aparentemente ele não ia

pegar a isca precipitadamente.

- “Não posso fazer isso,” ele anunciou. “Isso seria traição.” Seus olhos varreram a sala,

como se para determinar se suas palavras galantes lhe deram mais alguma aprovação.

“Eu tenho dado minha fidelidade para Nora, e eu não poderia pensar em fazer

qualquer ato que contradiria isso.”

- “Como sua comandante, eu estou ordenando que você duele,” eu retorqui

secamente. Eu ainda era líder desse exército, droga, e eu não iria deixar ele me

enfraquecer com palavras suaves e bajulação. “Se você realmente é o melhor líder, eu

vou me afastar. Eu quero o que é melhor para o meu povo.” Eu tinha ensaiado as falas